quarta-feira, 4 de setembro de 2013
CRÍTICA, CONDENAÇÃO, REPROVAÇÃO OU JULGAMENTO
CRITICA, CONDENAÇÃO, REPROVAÇÃO OU JULGAMENTO
Um recife de coral é um lugar cheio de vida e cores vibrantes, onde centenas de diferentes espécies de peixes e plantas vivem livres da necessidade de criticar uns aos outros. Apesar de uma imensa variedade de vida que lá existe, cada planta sabe o seu lugar e cada peixe sabe exatamente onde ele pertence.
De vez em quando um mergulhador humano aparece com uma máscara e um tanque de oxigênio, e como todo mundo lá embaixo, ele também não faz críticas. O mergulhador aprecia ser um visitante no mundo subaquático, observando a riqueza e a beleza da natureza sem julgamento algum.
As coisas mudam no momento em que o mergulhador sai da água de volta para a terra seca. A Terra firme acomoda uma variedade infinita de seres humanos, e os seres humanos no entanto parecem ter inúmeras opiniões uns sobre os outros, por isso o jogo de criticar uns aos outros, é um dos seus passatempos mais favoritos.
No recife humano nós nos sentamos em pequenas varandas, observamos os nossos vizinhos e reclamamos: o polvo é um desastre, o caranguejo é um idiota, a água-viva é covarde, o peixe prateado está obcecado com glamour, a enguia é muito escorregadia, e todos os peixes de águas rasas são limitados e sem profundidade. Isto ocorre, em cada casa, em cada cidade, em todo o mundo.
A crítica é tão amplamente difundida que alguns a consideram a habilidade social mais importante, e estão constantemente polindo seus conhecimentos. Eles não sabem que quanto mais forte for o fluxo de críticas, mais a felicidade se distancia ....
A dois mil e quinhentos anos atrás, Gautama Buda deu um pequeno discurso sobre críticas. Ele disse que, embora seja fácil de se observar e apontar os erros dos outros, é extremamente difícil ver os próprios erros.
Ele também disse que a maioria das pessoas, escondem os seus defeitos como um jogador desonesto esconde suas cartas de azar. Os beduínos do deserto tem um ditado semelhante: “Um camelo não pode ver sua própria corcunda!”
Então, como podemos ver nossas próprias corcundas? Para resolver esse enigma temos de perceber que não somos capazes de criticar as nossas próprias corcundas, porque a corcunda é o lugar de onde a crítica vem (o eu inferior...).
Quando descobrimos "o que está errado" com as outras pessoas, nós os criticamos, mas esta crítica é inteiramente de fabricação nossa e não tem muito a ver com as pessoas. Nossas imperfeições, falhas e negatividade são um reflexo ou projeção de nós mesmos nos outros. Nossa corcunda (o nosso ego humano...) é que critica outras pessoas por terem uma corcunda maior.
Esta voz interior, residente em nossa corcunda transparente, garante sua sobrevivência, graças ao sentimento de satisfação que recebe por apadrinhar outros. Ela é especializada em encontrar os seus defeitos e se alimenta da euforia do sentimento de superioridade.
Se nos falta um senso de autoestima, a crítica se torna a nossa forma de evitar o autoexame.
Tornar-se consciente disso, é um passo importante na direção certa. O próximo passo é ter a coragem e a força para remover a corcunda e conscientemente livrar nossas vidas da crítica obsessiva. Não só é preciso decidir fazer isso, o que é um enorme passo em si, como é imperativo que constantemente nos lembremos de não vacilar sobre esta decisão.
Tente escrever pequenas notas e colá-las sobre todos os espelhos em sua casa, faça um esforço consciente, porque é muito fácil voltar a criticar tudo novamente.
Sua corcunda tem um jeito de brincar pregando peças em você, dizendo-lhe que você tem um bom senso de autocrítica, mas não se deixe enganar com isso. É um engano muito comum. Todas as formas de críticas vêm da mesma corcunda...
Quando o foco positivo está ligado para dentro si mesmo, não tem nada a ver com condenação, reprovação ou julgamento. Quando você olha para dentro de si mesmo, isto é chamado estado de vigília, atenção e consciência, e não há críticas.
A percepção de que você não é superior nem inferior a ninguém, é uma conquista espiritual muito elevada. Quando esse entendimento não é mais meramente intelectual, mas vai para o nível mais profundo de seu coração, ele lhe dará a liberdade que você procura, e também permitirá a liberdade de deixar que todos os outros sejam exatamente quem eles são e o que eles escolhem ser.
A pessoa que sabe que não é superior aos outros se comporta sem pretensão e também sabe que não é inferior a ninguém, assim, não sente medo.
NISSIM AMON
MESTRE ZEN
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