sábado, 6 de abril de 2013
MARIA MADALENA, APÓSTOLA DE JESUS: JOÃO BATISTA E A ÚLTIMA CEIA (PARTE II)
Maria Madalena, Apóstola de Jesus: João Batista e a Última Ceia (parte II)
Ver a primeira parte AQUI
Vejamos a questão de Maria Madalena ou Maria de Magdala. Antes de mais nada, devemos recordar os evangelhos apócrifos descobertos em Nag Hamadi, que relatam uma historia um pouco diferente da narrada pelos primeiros cristãos: ao invés de mulheres submissas, vemos mulheres guerreiras ajudando com grande força os apóstolos nos primeiros e difíceis anos do cristianismo.
Segundo o Frei Jacir de Freitas:
“Quem não "aprendeu" que Maria Madalena era prostituta? E como seria bom "desaprender" isso. Tente! E você verá como é bonito descobrir o novo. É isso que está acontecendo com as comunidades e pessoas que já estudaram o Evangelho de Maria Madalena. Elas estão descobrindo a Maria Madalena mulher, discípula de Jesus, líder entre os primeiros cristãos. E porque não "apóstola" e mulher que Jesus tanto amou? É verdade que muitos também se escandalizam com testemunho dado pelo Evangelho de Filipe o sobre o relacionamento entre Jesus e Maria Madalena:
"A companheira de Cristo é Maria Madalena. O Senhor amava Maria mais do que todos os discípulos e a beijava freqüentemente na boca. Os discípulos viram-no amando Maria e lhe disseram: Por que a amas mais que a todos nós? O Salvador respondeu dizendo: Como é possível que eu não vos ame tanto quanto a ela? (Filipe 63, 34-64,5). E em outra parte diz: "Eram três que acompanhavam o Senhor: sua mãe Maria, a irmã dela, e Madalena, que é chamada de sua companheira. Com efeito, era 'Maria' sua irmã, sua mãe e a sua esposa" (Filipe 63:32)
Jesus inclusive mostrou claramente aos judeus que era contra a carta de divórcio permitida por Moisés e falou nos seguintes termos no evangelho de Marcos, cap 10:
“E eles disseram: Moisés permitiu escrever carta de divórcio e repudiar. E Jesus, respondendo, disse-lhes: Pela dureza dos vossos corações vos deixou ele escrito esse mandamento; Porém, desde o princípio da criação, Deus os fez macho e fêmea. Por isso deixará o homem a seu pai e a sua mãe, e unir-se-á a sua mulher” (Marcos 10:4-7)
Ora, Jesus exemplificou tudo aquilo que ensinou, não faria sentido ensinar que o homem deveria deixar seu pai e sua mãe para se unir a uma mulher, se ele próprio não exercesse esse ensinamento.
Outra passagem importante que atesta o matrimônio de Jesus é o episódio na casa do fariseu em Cafarnaum:
Em Lucas 7:37-50 Jesus vai a casa de um fariseu em Cafarnaum. Cafarnaum ficava a apenas 7km da cidade de Magdala. A Galiléia era composta das cidades e vilarejos de Cafarnaum, Magdala, Caná, Nazaré, Tiberíade (com o mesmo nome do lago Tiberíades, próximo ao mar da Galiléia).
Lá, na casa desse fariseu, Jesus é um convidado. Aí, eis que do nada entra uma mulher que a Bíblia chama de “pecadora” com um vaso cheio de perfume para ungir os pés do Rabi. Na narrativa que se segue, o fariseu chama a mulher de pecadora, dentro da própria casa. Ora, como uma mulher pecadora entraria do nada na casa de um fariseu, para ungir os pés de um ilustre convidado? Isso tudo seria somente possível se essa mulher fosse alguém muito próxima de Jesus, exatamente sua esposa. Além disso, na época de Jesus os cabelos de uma mulher eram considerados objeto erótico, sendo assim cobertos e escondidos pelos véus e amostra somente aos parentes dentro de casa e ao seu marido. Sendo assim, Maria ao enxugar os pés de Jesus com seus cabelos, nos dá mais um indício de que ela seria sua esposa.
Maria, nascida em Betânia, irmã de Lázaro, que casou com Jesus em Caná (as bodas onde a mãe de Jesus dava ordens aos serviçais), mas que ficou conhecida como Maria de Magdala pelos convidados do casamento e depois por toda Jerusalém, visto que Caná era um mero vilarejo próximo a Magdala, que era cidade muito mais conhecida dentro da Galiléia.
Aliás existe uma grande confusão nesse ponto, pois as bodas que muitos chamam “de Canaã” são na verdade as bodas de Caná, nome desse pequeno vilarejo que muitos chamam de Canaã, pois Canaã designa usualmente a Terra prometida de Abraão que hoje é a Palestina. Ou seja, apesar de muitas vezes aparecer nos textos “bodas de Canaã” , o nome correto desse pequeno vilarejo é Caná (nome que inclusive é o que esta no evangelho de João, bodas de Caná)
Vemos um dado interessante que corrobora a profunda união entre Jesus e Maria de Magdala:
"Depois os levou para BETÂNIA e, levantando as mãos, os abençoou. Enquanto os abençoava, separou -se deles e foi arrebatado ao céu."(Lucas 24:50)
Jesus ascendeu aos céus exatamente na cidade de BETÂNIA!!! Por “coincidência” a cidade natal de Maria de Betânia. E a primeira pessoa que Jesus apareceu após ressuscitar foi para Maria Madalena (João 20:11-18).... coincidências?
Maria era vista como uma pecadora pelos fariseus e pela narrativa bíblica, pois ela era uma das apóstolas, não somente a esposa do Rabi, ou seja, ela se comportava como uma Rabi, ensinando a população assim como os demais apóstolos, é por isso que a narrativa bíblica e o fariseu na casa onde Jesus estava em Cafarnaum, a considerava como pecadora. Somente o fato de Maria Madalena ser casada com Jesus explicaria uma mulher “pecadora” entrar na casa de um fariseu (conhecidos como os doutores da lei) para ungir os pés de Jesus. Aliás, Maria Magdala era considerada pecadora pelos fariseus justamente por se portar como uma rabi, função na época (rabinato) exclusiva aos homens.
Maria, a esposa de Jesus, entra justamente pra dar uma lição de humildade , a lição que a maioria dos fariseus mais precisava aprender, esse foi o motivo de toda a exortação na casa do fariseu envolvendo Jesus e sua esposa, uma apóstola.
Algumas pinturas de famosos artistas também atestam que Maria Madalena era esposa e apóstola de Jesus:
Na pintura de Juan de Juanes (1500-1579) acima, fica evidente que temos uma mulher presente na última ceia. Esse pintor inclusive fez um outro quadro da última ceia onde só aparecem os apóstolos homens.
Outra pintura famosa onde Maria Madalena também aparece é na Última Ceia de Leonardo Da Vinci:
Na pintura de Da Vinci vemos algumas coisas interessantes: Pedro, com uma faca na mão, sussurra no ouvido de Maria (que muitos juram de pé junto que é João Evangelista nessa pintura). Interessante que se colocarmos Maria do lado direito de Jesus nessa pintura o encaixe é perfeito.
A ordem dos apóstolos na pintura da última ceia está assim: Bartolomeu, Tiago Menor, André, Pedro, Judas Iscariotes e Maria de Magdala, depois vem Tomé (com o dedo apontando pra cima), Tiago Maior, Felipe (que na verdade é João Evangelista na pintura), Mateus, Judas Tadeu e Simão o Zelote (que na verdade não é Simão na pintura, mas sim João Batista).
O posicionamento dos apóstolos nessa pintura é muito interessante: Mateus e Judas Tadeu se reportam a João Batista (ele estava materializado na última ceia, já que nessa época ele já tinha sido decapitado por Herodes). Somente 3 pessoas aparecem sendo consultadas na mesa: João Batista, Jesus e Maria de Magdala.
Tomé aparece apontando o dedo pra cima, o que lembra a pintura de Rafael chamada de “A escola de Atenas” onde aparecem Platão e Aristóteles no centro da pintura, onde Platão também aparece apontando o dedo pra cima e pintado por Rafael com o rosto de Da Vinci.
Tomé tornou-se missionário na Índia após a morte de Jesus. Era apurador de fatos, humanista, perfeccionista , prudente, meticuloso e observador. Seria Tomé o mesmo espírito de Platão e Da Vinci?
Uma outra questão interessante é que Tomé não é um nome, mas sim uma palavra derivada do aramaico “tauma” que significa gêmeo. No livro de Tomé encontrado em Nag Hammadi é dito que Tomé seria um irmão gêmeo de Jesus: “Agora, haja vista que foi dito ser tu meu gêmeo e verdadeiro companheiro, examina-te a ti mesmo” Isso explica porque muitos acreditam que Jesus não morreu na cruz e ao sobreviver tivesse ido para a Índia.
Na verdade, após a morte de Jesus na cruz, quem foi pra Índia foi seu irmão gêmeo ou alguém que Jesus assim considerava, pois em algumas passagens bíblicas vemos a palavra “gêmeo”(didymo em grego) junto do nome Judas, inclusive no próprio Evangelho de Tomé em Nag Hamadi, o que poderia indicar também que Tomé seria gêmeo de Judas Tadeu, ambos irmãos de Tiago Menor e Jesus.
Na pintura de Da Vinci, o apóstolo Tiago Maior aparece com a mão em direção ao ombro de Jesus denotando como mensagem a liderança do movimento cristão primitivo que ele exerceria após a morte do mestre, e seguiria até o ano de 44, data em que morre.
Já Tiago Menor aparece fazendo gesto semelhante, só que contendo Pedro, que na figura de Da Vinci aparece com uma faca , demonstrando querer atacar Maria de Magdala.
A mensagem também é emblemática: Pedro ficaria conhecido pela Igreja Romana como o líder do cristianismo enquanto que a faca simboliza a tentativa da Igreja Romana de apagar a existência de Maria de Magdala dos relatos bíblicos.
A mão de Tiago Menor contendo Pedro nessa representação denota o poder de Tiago Menor como o verdadeiro líder da eklesia, fato que realmente aconteceu após a morte de Tiago Maior, quando então do ano 44 ao ano 62 Tiago Menor comandou o Cristianismo Primitivo, bem como liderou o primeiro concílio da Igreja descrito em Atos dos Apóstolos.
Outra simbologia interessante é que a faca é posta exatamente atrás de Judas Iscariotes, que aparece junto com Maria de Magdala e ficam separados pela cabeça de Pedro entre os dois, mostrando que a Igreja Romana também atacaria Judas Iscariotes, que foi um dos que se juntou aos apóstolos nos primeiros dias (Mt 4:18-22) e era o tesoureiro do grupo, o que demonstra que era certamente alguém de muita confiança tanto de Jesus como dos apóstolos, e junto com Maria Madalena um dos que mais compreendia a real natureza da missão de Jesus.
No quadro da última ceia temos 3 pessoas ali que canalizam os olhares dos demais apóstolos . Vários olham pra Maria Madalena, outros olham pra Jesus e dois deles olham pra João Batista, justamente por serem as figuras mais importantes do movimento cristão. João Batista era tido por muitos como o messias, foi ele que apresentou Jesus como o “Crestus”. Maria nem preciso dizer, esposa e companheira frequente de Jesus nas pregações e o próprio Jesus.
Aliás, João Batista aparece na transfiguração do Tabor como Elias e Moisés, nada mais natural que aparecesse na última ceia.
Outro dado interessante é comparar esse homem pintado no quadro de Da Vinci (que dizem ser Simão Zelote, mas na verdade é João Batista) com o João Batista pintado por Francesco Ubertini Bacchiacca II (1494-1557), pintura abaixo que esta no museu de Finas Artes em Budapeste, Romênia, onde João aparece ruivo e com uma pequena entrada na testa, exatamente como o homem pintado na tela de Da Vinci. Pouco se sabe sobre Simão Zelote. Afinal, se ele tinha essa importância reduzida ao ponto de mal ser citado nos textos bíblicos, porque justamente ele, junto com Jesus e Maria Madalena, canalizaria a atenção de todos os outros apóstolos no quadro de Da Vinci?
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