Atenção amigos: O que vou colocar neste e-mail é algo que será considerado bombástico para muita gente. Vai ter até espírita querendo me excomungar (no index de muitos eu já estou), porque a visão dogmática e os paradigmas adotados não vão admitir que abra a sua cabeça para pensar, para raciocinar e muito menos para rever conceitos e idéias.
Ao final eu coloco um escrito, de autoria do próprio Allan Kardec que, certamente, vai fazer muito espírita, pelo menos os que raciocinam, perceber o quanto uma grande parte do movimento anda na contramão do Codificador, fazendo "espiritismo" totalmente diferente daquilo que ele ensinou e praticou.
"Prefiro ser essa metamorfose ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo" - Raul Seixas.
Alguns amigos, muitas vezes até bem intencionados, costumam dizer que certas coisas não devem ser divulgadas, apesar de verdadeiras. Alguns outros chegam a dizer o tal de “tem certas coisas que não constroem” e que podem até trazer efeitos negativos.
Entendo a boa intenção desses amigos, mas acho que quem se dispõe a viver com dignidade, um dos princípios que deve adotar é o da transparência.
A recomendação do “tem certas coisas que não constroem” é algo que precisa ser questionado e analisado com mais profundidade, porque em nome dessa colocação poderemos praticar a omissão, e, por conta disto, causar problemas, prejuízos e até sofrimentos a muita gente.
Se eu sei, por exemplo, que tem um indivíduo que é ladrão, próximo a gente que eu estimo, em nome do “certas coisas não constroem”, eu vou deixar a pessoa amiga ser roubada, só porque não vale a pena comentar “certas coisas”?
Ora, amigos, tenham a santa paciência, mas o mundo precisa de mais transparência e chega de tanta máscaras e de tanto fingimento de bondade de mentirinha.
Muita gente, em nome da humildade, prefere ficar igual a esses macaquinhos aí da figura ao lado, com medo de falar, na base do eu não ouvi nada, não vi nada e não falo nada.
Isto é absurdo, porque é omissão, um dos maiores pecados que o homem pode cometer.
Estou vendo aí muito espírita escrever besteiras, bobagens enormes, em milhares de emails que tenho recebido. Me desculpem, pelo que possa parecer exagero, gente, quando eu falo em milhares e não em dezenas ou centenas, mas, eu não permito fingir de humilde dizendo que só recebo uma meia dúzia de e-mails, de uma meia dúzia de gatos pingados, porque eu estaria sendo ridículo para comigo mesmo. Não tenho culpa de ter tanta gente que gosta e que pede, cada vez mais, para receber os meus escritos.
Na ânsia de se aproveitarem do momento, para lançarem os seus venenos contra a dona Zíbia Gasparetto, pela matéria da ISTO É, estou vendo muita gente afirmar, com uma veemência impressionante, que o Chico Xavier nunca se disse arrependido de ter transferido os direitos sobre as obras psicografadas por seu intermédio, obviamente se aproveitando do momento para chamar a dona Zíbia de mentirosa e leviana, ao afirmar coisa que talvez o fato não teria existido.
É impressionante o nível de moralidade que alguns espíritas se acham, a tomarem iniciativa de julgar, opinar e condenar uma pessoa que ao menos conhece. Todo mundo tem o direito de opinião, mas de colocar o seu achismo como verdade e de julgar não, muito menos condenar.
Na verdade, gente, Chico disse mesmo, e como disse, não apenas uma vez, mas várias, que se arrependeu de ter passado os direitos de todas as suas obras e eu vou contar a história, que é impressionante e que, até, deixa muita gente indignada, como deixou a mim e ao próprio Chico. É algo que ocorreu lá pelos idos de 1979.
Federação Espírita do Estado de São Paulo, 1991
Em 16 de dezembro de 1990 eu, Alamar, lancei a partir de Belém do Pará, o primeiro programa de televisão via satélite, do Brasil, de iniciativa fora das emissoras tradicionais de televisão, como Globo, Bandeirantes, SBT, etc... Portanto, quando vocês verem aí a Rede Vida, Canal do Boi, Canal do Joquei e vários outros que estão na parabólica, fiquem sabendo que quem foi o pioneiro nisto, no Brasil, foi o Alamar.
No caso do meu programa, tratava-se de um programa espírita, chamado “Espiritismo via Satélite”, transmitido ao vivo, diretamente do auditório da EMBRATEL, numa manhã de domingo, das dez ao meio dia, para todo o país, como um piloto, sugestão para que o movimento espírita brasileiro passasse a usar aquele instrumento como divulgação da doutrina. Quem não o conheceu, entre no Google e pesquise pelo meu nome, que vai ver muitos programas que estão lá.
Não é preciso dizer que a maioria dos dirigentes espíritas e federações não deram a menor bola e até consideraram o autor do projeto como obsediado, perturbado, alucinado, afoito, fascinado e toda adjetivação pejorativa que você possa imaginar. Eu passei a ser visto como um irresponsável.
Todavia encontrei, também, vários espíritas lúcidos que, pelo contrário, no exercício prático da verdadeira humildade e não daquela “humirdade” que muitos apenas pregam em teoria nas suas tribunas espíritas, tiveram RESPEITO pela idéia, foram ao auditório da EMBRATEL das suas cidades assistirem a transmissão, enviaram-me correspondências comentando ou pedindo esclarecimentos de dúvidas e maiores informações.
Dentre essas pessoas, quero homenagear algumas aqui, que me lembro muito bem:
Dr. Hernani Guimarães Andrade e Richard Simonetti, em Baurú, SP; Dr. Ildefonso do Espírito Santo, Dr. Joseval Carneiro, Francisco Bispo dos Santos, Carlos Bernardo Loureiro e outros, em Salvador, Bahia. Marcus Vinícius Ferraz Pacheco, Heleno Vidal e outros em Recife; Benvindo Melo e outros em Fortaleza; o engenheiro Hélio Burmeister, da FERGS, no Rio Grande do Sul; Professor Octávio Ulysséa, de Curitiba; Wilson Longobucco, no Rio de Janeiro e vários outros companheiros em várias partes do Brasil.
Mas um deles eu quero destacar aqui, porque faz parte da história que vou contar agora, que é Teodoro Lausi Sacco, (foto ao lado) então Presidente da Federação Espírita do Estado de São Paulo, que, na época, funcionava na Rua Santo Amaro, na Bela Vista, no centro de São Paulo.
Eu sempre viajei muito para São Paulo, como empresário de informática, profissional de televisão e, como espírita, eram habituais as visitas à FEESP. Nessas visitas havia, também, algo que me atraía muito, entre várias coisas, que era um restaurante vegetariano, COM SABOR, que existia lá, simplesmente fantástico, não consigo entender porque acabaram com ele.
Depois que lancei a idéia do “Espiritismo via Satélite”, fiquei conhecido por muita gente no Brasil, e, em 1991, tendo ido a São Paulo e visitado a Federação, fui recebido carinhosamente pelo Altamirando Carneiro e João Gianini Pascale, jornalistas que faziam o “Jornal Espírita” e o “Semeador”, (naquele tempo o Jornal Espírita tinha mesmo porte, cara, tiragem e circulação de um grande jornal).
Os amigos me apresentaram a Caio Salama, Júlia Nezu e Durval Ciamponi, então diretores, que também me receberam com carinho, e, também, ao seu então presidente Teodoro Lausi Sacco, que me dedicou atenção especial, manifestando o respeito que ele tinha pelo meu projeto, que o considerava audacioso, corajoso e oportuno.
Vejam o que aconteceu
Eu, que sempre me hospedava em hotel ali perto, porque gostava de ir sempre à Federação, depois que resolvia os meus problemas de ordem profissional, um dia estava na redação dos jornais, com Altamirando (foto ao lado) e Pascale, quando de repente entra o Teodoro e me diz:
- “Alamar, antes de você ir embora, eu gostaria muito de conversar contigo, na minha sala. Alta, depois você leve ele até lá”. (disse para o Altamirando).
Obviamente paramos o bate papo descontraído que estávamos tendo e eu fui logo à sala da presidência, que era uma sala muito grande, que tinha uma mesa enorme, de madeira, redonda, que eu nunca tinha visto outra igual naquele tamanho, ainda mais redonda, e um cofre antigo também enorme.
Chegando lá, não sei porquê, o Teodoro trancou a porta, mandou que eu sentasse, em torno da mesa, e disse:
- “Não costumo nunca fechar esta porta, mas hoje eu vou fechá-la, para a nossa conversa ser bem tranqüila”.
E continuou...
- “Alamar, não sei porque, mas eu tenho que mostrar isto aqui para um espírita dinâmico, corajoso e destemido que pode, talvez, um dia reverter este quadro e recuperar algo de muito precioso que o Espiritismo perdeu. Anteontem, quando você estava aqui nesta sala, trazido pelo Altamirando, alguma coisa me disse que esta pessoa seria você. Preste bem atenção na história que vou lhe contar”.
Eu achei muito estranho aquilo. Afinal, o que o presidente da Federação Espírita do Estado de São Paulo teria de tão importante assim, para confiar logo a mim, apenas um espírita comum lá de Belém do Pará, sem falsa humildade?
E disse mais ele:
- “Eu estarei retornando já à Pátria Espiritual e quero ir tranqüilo, certo de que esta história não será destruída e que alguém vai dar conhecimento dela ao movimento espírita.”
E começou a contar-me uma história, mostrando-me os papéis e fotografias correspondentes a cada ponto que ele abordava. Tudo documentado. Não sei onde está aquela pasta, hoje, se está com a esposa dele, dona Ombreta Sacco, também uma grande mulher e espírita dedicada, se ainda está na FEESP ou onde está.
Teodoro desencarnou pouco tempo depois.
A história é a seguinte:
Consta que no início de abril do ano de 1969, veio ao Brasil um grupo de empresários americanos, de uma mega editora dos Estados Unidos, entusiasmados com o Chico Xavier, para ter um encontro com ele, em Uberaba, a fim de fazerem uma proposta a ele, que era a de traduzir todos os seus livros para o Inglês, além de todos os outros livros espíritas que ele, o Chico, recomendasse, editá-los nos Estados Unidos e lançar as obras no mundo inteiro. Queriam saber se ele concordaria com a ideia e se autorizaria.
Os americanos não queriam nem direitos exclusivos.
Ao fazerem a proposta, em Uberaba, o Chico emocionou-se tanto e deu mil graças a Deus por aquilo que ele chamou de “uma bênção”. Só faltou dar pulos de alegria, se é que não os deu.
- “Claro, meus irmãos, que eu concordo! Quanta alegria vocês me trazem, como um verdadeiro presente de aniversário! Isto é uma benção. Acontece que os direitos das obras foram todos doados à Federação Espírita Brasileira, mas eu creio que certamente ela autorizará.”
Consta que o velho mineiro ficou tão feliz, os convidou para almoçar, eles ficaram três dias em Uberaba, conheceram os trabalhos e um deles até recebeu uma mensagem psicografada, em inglês, de um parente desencarnado, o que os encantou ainda mais.
De lá os homens partiram para Belo Horizonte e em seguida para Brasília, para um encontro com a diretoria da FEB.
Na FEB, em princípio, eles levaram um bom “chá de cadeira”.
Mas a reunião aconteceu, a proposta foi feita a então diretoria e, pasmem senhoras e senhores, vejam a resposta:
- “Nós não autorizamos. O problema de tradução é muito sério, vocês vão adulterar as obras e o prejuízo para o Espiritismo vai ser muito grande. Lamentamos, mas não autorizamos”.
De fato, não restam dúvidas de que traduções de obras literárias de um idioma para outro geralmente causam problemas sérios de interpretação de orações, porque os tradutores não podem se limitar apenas a traduzirem as frases como elas aparecem, ou seja, ao pé da letra, mesmo com as colocações verbais e gramaticais corretas, porque existe um fator indispensável a considerar que é “como as pessoas do País de origem da língua da obra entendem determinada frase ou determinada colocação”.
Este é um problema muito sério e, por incrível que pareça, até mesmo em traduções das obras básicas, do Francês para o Português, existem contradições ao pensamento de Allan Kardec e aos pensamentos dos Espíritos, conforme está no original. As traduções da Bíblia, por exemplo, trazem absurdos terríveis, por causa disto. Mas não é esta a questão que estamos analisando agora.
Traduzamos a frase:
“Não posso comprar este celular agora, eu estou duro”.
Inglês - I can not buy this cellular now, I'm hard.
Francês - Je ne peux pas acheter ce cellulaire maintenant, je suis dure.
Alemão - Ich kann es nicht kaufen Sie dieses Handy jetzt, ich bin zäh.
Italiano - Non riesco a comprare questo cellulare ora, sono duri.
Espanhol - No puedo comprar este teléfono ahora, soy duro.
Qualquer brasileiro, de Norte a Sul do país, entenderia que eu não poderia comprar um telefone móvel, porque eu estou sem dinheiro. O americano, o inglês, o francês, o alemão, o italiano, o espanhol e povo nenhum entenderia o que eu queria dizer na frase.
Por incrível que pareça, se você escrever essa mesma frase em Portugal, que também fala Português, são os donos da língua, eles também não entenderão. Lá ninguém chama telefone móvel de celular, e sim telemóvel, e nem dizem que uma pessoa sem dinheiro está dura.
Por estas razões que eu expus, concordando obviamente com a preocupação da FEB, pertinente com certeza, os editores americanos propuseram o seguinte:
- “Então os senhores indiquem uma equipe de tradutores juramentados para acompanharem todo o trabalho de tradução, que nós bancamos todas as despesas e honorários. Só publicaremos cada obra, após o de acordo da FEB, para manter a integridade da mesma”.
Os tradutores juramentados assim como os que falam o idioma fluentemente têm cuidado na hora de traduzir gírias e expressões adaptadas, para que as frase sejam traduzidas dentro daquilo que o povo do país de origem entende.
Mesmo assim a FEB não autorizou.
Foi absurda, a recusa. A FEB não teria despesa nenhuma, não teria trabalho nenhum, era apenas pedir para alguém da sua confiança que procurasse tradutores juramentados, de preferência, que fossem também da sua confiança. Não é possível que no Brasil inteiro não tenha ninguém, no meio espírita, que não fale inglês fluentemente a ponto de trabalhar em projeto tão gigante, que teria colocado o Espiritismo no Mundo.
Mas o comodismo lamentável falou mais alto, simplesmente NÃO AUTORIZOU, e pronto. NÃO SE DISCUTE MAIS!
O meio espírita tem dessas coisas de não valorizar as ideias e os projetos que os outros lhe apresentam, com a velha conversa do “temos que ter muita cautela”, “temos que ter muito cuidado com o que se fala sobre a doutrina”, “esse assunto precisa ser levado à reunião de diretoria”, “precisamos olhar nos estatutos”, etc... sempre com muita frieza e indiferença para com as pessoas.
Lamentavelmente, esta é uma realidade que todo mundo pode comprovar em qualquer parte do Brasil. O pior é que muitas coisas são levadas a apreciação de diretorias, onde constam membros que não têm a menor competência para dar qualquer opinião acerca do assunto levantado em questão, quanto mais decisão para dizer sim ou não.
Não vamos muito longe: Agora mesmo, que tenho falado sobre o magnífico trabalho do médium Zé Araújo, em Blumenau, SC, tenho ouvido de alguns expressões do tipo: “Alamar, você precisa ter muito cuidado, vá devagar, vá com cautela”, “Veja bem se não é mistificação, temos que estar atentos pra isto”, “Alamar, olha a vigilância”... e todas essas “prudências” que nada tem a ver com prudência.
O Alamar é um imbecil, o Ney Prieto Peres é um imbecil, Oceano Vieira de Melo também, Richard Simonetti que também já viu é e até a Suzuko Hashizume, que conviveu quase mais de 40 anos ao lado do Dr. Hernani Guimarães Andrade também é, porque somos todos idiotas e não temos capacidade nenhuma de observação e discernimento.
Pois bem.
Consta que os homens ficaram uma semana em Brasília, voltando lá diversas vezes, solicitando serem atendidos. Foram atendidos apenas uma vez, mesmo assim do lado de fora, com todos em pé, e não mais foram recebidos, quando ouviram um funcionário lhes transmitir um recado da diretoria que dizia que o assunto estava encerrado.
Consta que o Chico estava num clima parecido de “lua de mel”, tamanha a sua felicidade, com aquela nova ideia, com aquela maravilhosa probabilidade, que só poderia ser trabalho da espiritualidade maior, até que lhe veio a notícia:
A FEB NÃO AUTORIZOU!
Quase o Chico desencarna quando soube daquilo. Custou a acreditar no que estava ouvindo. Ele tentou falar com alguém da diretoria da FEB, mas consta que não encontrou ninguém que pudesse atendê-lo para falar sobre o assunto.
O notável e bondoso médium entrou num processo de ira tão grande, chegando a passar mal e até ser levado a um hospital.
Contou-me um velho amigo, cabeça branca, de Uberaba, que vivenciou tudo isto ao lado dele, que Chico chegava a se irritar, o que não era comum nele e todo mundo sabe disto.
Foi quando disse, pela primeira vez, que havia se arrependido de ter transferido os direitos das obras para a FEB.
A partir daí decidiu a nunca mais doar os direitos e muito menos autorizar que a FEB publicasse qualquer livro escrito sob a sua psicografia.
Certamente poderá aparecer um desses donos da verdade espírita a querer dizer que o Alamar está inventando estória, já que a má vontade de espíritas em relação a outros é uma realidade em nosso meio.
Um amigo, também muito querido e respeitável, me disse que a história não foi bem assim, mas procurei conversar com vários outros que vivenciaram a época e que me confirmaram que a coisa foi realmente assim mesmo, como o Teodoro havia me relatado.
Há uma forma facílima de todo mundo tirar a sua conclusão sobre este fato, se foi verdadeiro ou não: Quem quiser checar o assunto basta observar a relação de livros psicografados pelo Chico Xavier, notará que, de fato, a partir de uma determinada época não consta mais livro nenhum do Chico editado pela FEB.
Existem alguns livros editados, inclusive no ano de 1971, pela FEB, que são, se não me engano, o “Rumo Certo”, que é um livro de mensagens do Emmanuel, e o “Antologia da Espiritualidade”, um livro de poesias de Maria Dolores. É que ele havia doado esses direitos antes do acontecido, já que nem sempre os livros eram publicados no ano que o direito foi cedido.
Basta usar a inteligência e questionar: Por que motivos o Chico deixou de doar livros para a FEB, exatamente nessa época? Seria sem motivo algum?
A partir daí, podem observar, os livros começaram a ser editados apenas pelas editoras Clarim, CEC, Edicel, GEEM, FEESP, IDE, LAKE, CEU etc.
Podem olhar aí nesta tabela ao lado, que vocês vão ver a relação dos livros do Chico e suas editoras. Podem observar que até determinado momento ele doava tudo par a FEB, que aparece aí em letras vermelhas, depois está tudo em letra AZUL, que são as outras editoras e assim foi até o seu ultimo livro. Nunca mais deu nada para a FEB.
Será que alguém vai ter coragem de dizer que o Alamar está inventando história?
Me dizia o velho amigo de Uberaba que, diante de tão amarga experiência, quando o Chico dava as novas autorizações para as outras editoras, não as dava mais com exclusividade para ninguém, exatamente para evitar que acontecesse novamente o que aconteceu.
No ano seguinte, 1992, voltando a São Paulo, já amigo do Teodoro Lausi Sacco, voltei à FEESP para conversar sobre o assunto, indignado ainda com aquilo, e lhe pedi maiores detalhes e informações sobre o acontecido. Ele me disse que pouca gente do movimento espírita sabia daquilo e que a lembrança do fato fazia o Chico muito triste.
Tendo que retornar à Belém do Pará, pedi à VARIG que desdobrasse a minha passagem, parando por uns dois dias em Brasília, porque eu queria verificar o fato junto à própria FEB. Eu sempre procuro conversar com a pessoa, a qual está sendo acusada, por questão de honestidade, justiça e vergonha na cara, ao contrário de muita gente, que engole o que falam sobre os outros e não têm a dignidade de procurar se informar com a própria pessoa.
Eu já tinha uma certa amizade com o Nestor João Masotti, que até recentemente foi presidente da FEB mas na época (1992) era um dos seus vice-presidentes (a FEB tem mais de um vice-presidente). Ele sempre me tratou muito bem, com muita atenção... aliás, o Nestor, que está doente, atualmente, e que por causa da enfermidade teve que deixar a presidência, que agora está a cargo do Cesar Perri de Carvalho, sempre trata bem a todo mundo, é um “gentleman”, um espírita do mais alto nível, um homem digno. Não é um espírita de rótulo.
Do aeroporto fui direto à FEB e começamos a conversar a respeito do fato. Eu imaginava que o Nestor soubesse daquilo, por ser um espírita de velha guarda, muito influente no País e até no exterior, inclusive ex-presidente da USE (União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo). Chegou a ser Secretário Geral do Conselho Espírita Internacional.
Cheguei até a perguntar a mim mesmo:
“Puxa vida, como é que pode, o Nestor Masotti, um homem de São Paulo, atuante no movimento espírita paulista, não saber disto que me foi informado pelo presidente da FEESP, também grande nome do espiritismo paulista?”.
Mas são coisas da vida, ou melhor, coisas de movimento espírita.
Conversamos muito, relatei para ele tudo o que o Teodoro Lausi Sacco havia me dito, e até mostrado documentos, e ele manifestou-se surpreso com a notícia.
Saímos para almoçar, juntos, num restaurante de Brasília, a bordo de um Del Rey cinza ou azul que ele tinha e prosseguimos na conversa no restaurante. O assunto tem mais detalhes, mas tenho que resumir aqui, já que o pessoal reclama que eu escrevo demais. No país da cultura do “resumismo”, tem que escrever pouco, para que as pessoas saibam pouco.
De volta ao seu gabinete o Nestor (foto ao lado) me disse que iria procurar ver se existiam registros acerca do fato nos livros de atas da FEB, arquivados desde a sua fundação, e disse que entraria em contato comigo e me diria alguma coisa, caso existisse ou caso não existisse nada registrado.
Um mês depois, mais ou menos, ele me ligou para Belém e me disse o seguinte:
- “De fato, Alamar, o episódio aconteceu. Há registros, sim. Mas aconteceu em uma época em que a FEB atravessou um dos momentos mais difíceis da sua história, momento este em que quase há um rompimento até mesmo com as federativas estaduais...”.
Na oportunidade questionamos, eu e ele:
- “Que tal a ideia de tentarmos descobrir quem são essas editoras americanas hoje, quem são esses homens e vermos se eles ainda existem e estão dispostos a darem continuidade à ideia?”.
O Nestor me sugeriu isto. Eu fiquei doidinho pra pegar um avião e ir logo até os Estados Unidos a fim de tentar localizar os editores, mas não consegui me informar quem seriam eles. Tentei entrar em contato com o próprio Chico Xavier, mas não me deixaram falar com ele. Se fosse depois do “Espiritismo via Satélite”, quando eu já estava conhecido em nível nacional, creio que conseguiria, porque o Chico gostava do meu programa.
Pela cabeça do Nestor Masotti, tenho certeza de que uma ideia desta jamais seria reprovada. Mas será que todos os outros dirigentes espíritas, mesmo os atuais, pensariam como ele?
Vale lembrar que foi na gestão de Nestor Masotti que surgiu a TV CEI, uma televisão espírita funcionando via satélite, para todo Brasil, seguindo a ideia do Alamar, idealista repudiado por muitos espíritas. Infelizmente retiraram a TV CEI do satélite e hoje está só como WebTV e em parceria de programação com a TV Mundo Maior, mas ela esteve totalmente via satélite, num crescimento enorme, e eu mesmo fui responsável, juntamente com o Gilson Teles, para incentivá-los e colocá-la em operadoras de TVs a cabo de várias partes do Brasil, o que aconteceu, porque nós mesmos conseguimos várias cidades para tal. Muita gente, na FEB atual, foi e continua sendo contra a TV CEI.
Mas continuemos no tema em si.
Será que, pela coisa ser grande demais, não seria reprovada, mais uma vez, pelos espíritas donos da “pureza” doutrinária que, em nome da “humildade”, continuam a reprovar tudo o que é grande, na concepção equivocada de que pelo Espiritismo só se pode fazer coisas pequenas?
Será que, se houvesse o apontamento de uma pessoa espírita brasileira, indicada para acompanhar os americanos no processo das traduções, pessoa esta que certamente seria bem remunerada, obviamente pelas poderosas editoras, não seria acusada de ganhar dinheiro a custa do Espiritismo?
Será que não acusariam, também, os americanos de quererem enriquecer a custa da doutrina?
Quem conhece bem o nosso movimento sabe as respostas.
Por que não assumem o que fazem?
Quem não tem coragem de assumir o que faz, que pede segredo no que faz, que pede para que não divulguem o que faz; com certeza absoluta, intimamente tem consciência de que pratica atos imorais.
Não faço coro a ninguém que queira brigar com a FEB ou viver a fazer campanhas contra ela, como alguns fazem aí, inclusive com muito ódio. Pelo contrário, tenho consideração por ela e sei muito bem que os erros, as omissões, a preguiça de alguns, o comodismo, o sistema que anda a passos de tartaruga como ela anda não desmerecem a instituição, porque são características particulares de indivíduos que são colocados em sua diretoria, só Deus sabe quais critérios são adotados para as escolhas.
Mas isto não quer dizer que a gente tenha que omitir fatos lamentáveis, inclusive que trouxeram prejuízos para o desenvolvimento da doutrina no Brasil e até no mundo, como foi o caso em questão.
O sistema administrativo espírita, com raríssimas exceções, lamentavelmente é lento demais, é indiferente e não está nem aí para coisa nenhuma.
Aproveitaram um momento em que, numa mensagem do Dr. Bezerra de Menezes, ele havia dito que “o processo de unificação é urgente, mas não é apressado”. Pronto, pegaram esse negócio do “não é apressado” e aplicaram onde não deve ser aplicado.
[.....]A morosidade e a falta de criatividade, dinamismo, raça, determinação, garra e compromisso com o progresso é um dos maiores entraves para o desenvolvimento do Espiritismo no mundo.
A mania do deixar tudo para amanhã, do ter que levar tudo a apreciação da diretoria, do “temos que consultar os estatutos”, “essas coisas não são assim não”, “vamos com calma, meu irmão”, “precisamos ir devagar”, “a natureza não dá saltos”, “tudo tem seu tempo”, “quando a espiritualidade achar que é para fazer, ela nos dará o seu sinal”... e todas essas expressões de efeitos, utilizadas para justificar a preguiça, a indiferença, o descaso, a frieza e até a incompetência de alguns é algo que chega a ser irritante.
Vamos cruzar os braços e ficar esperando que a Espiritualidade venha nas mediúnicas, dizer pra gente, quando é que devemos fazer as coisas que são atribuições de nós, encarnados.
Mas... quando que a Espiritualidade vai dizer isto, se a maioria das casas espíritas só tem mediúnicas para atender sofredores? Não há espaço para espíritos amigos conversarem a vontade conosco.
Todo mundo que cria, está obsediado; quem resolve abraçar grandes desafios, está fascinado; todos os que botam a cara na frente dos eventos e dos órgãos de comunicação, estão querendo aparecer à custa da doutrina; quem realiza eventos, está querendo ficar rico à custa do espiritismo; se alguém sugere aprofundarmos nos assuntos e questionarmos tudo, simplesmente é polêmico... gente, onde é que vai parar isto?
Quando é que vamos ter condições de atender a Jesus, quanto ao colocar a luz no Velador?
Em dezembro mandei uma carta aberta ao Presidente da FEB, atual, pedindo pronunciamento sobre o problema dos boicotes, proibições e índex a expositores.
Ele não foi omisso, respondeu, sim, o que é coisa rara, mas simplesmente respondeu dizendo que nada disto existe, que o sistema federativo nunca proibiu, nunca fez índex ou boicotou ninguém e que tudo está maravilhosamente bem, como se estivéssemos no Ministério da União Divina.
Tenham a santa paciência, meus amigos, será que somos todos ingênuos e bobinhos?
Chico Xavier certa vez disse: “Eu posso até ser uma besta espírita, mas não sou um espírita besta”.
Fica aí então, esta matéria, e sugiro a muitos espíritas para que antes de começarem a redigir certas coisas, como fizeram milhares para protestarem contra Dona Zíbia Gasparetto, pelo fato dela dizer que Chico se arrependeu de transferir os direitos das obras, que pensem duas vezes, para não escreverem bobagens, pela precipitação.
Para encerrar, vou colocar aqui algumas palavras DO PRÓPRIO ALLAN KARDEC, mostrando a forma como ele respondia àqueles que o acusavam de ficar rico à custa do Espiritismo e se incomodavam com as vendas dos livros que ele fazia.
Não vou colocar o texto todo, porque é grande, coloco apenas alguns trechos. Sei que muitos espíritas vão ficar de cabelos arrepiados e outros até morrendo de vergonha, mas o que há de se fazer?
Quem quiser conhecer o texto total de Kardec, que procure na Revista Espírita, escrita por ele mesmo.
Muita gente se incomodava com o dinamismo de Kardec e com o sucesso que ele fazia nas suas viagens pela Europa, abraçado e aplaudido por milhares de pessoas, onde ia, venerado como uma verdadeira celebridade que era, mesmo como Allan Kardec, falando de Espiritismo e não como o professor Rivail, que já era famoso quando falava de educação escolar.
Religiosos católicos e protestantes o criticavam duramente, mas também espíritas se incomodavam demais com ele e o acusavam de ficar rico à custa da doutrina, de estar milionário à custa do Espiritismo, exatamente este lamentavelmente modelo que grande parte do movimento espírita atual copiou.
Vejam o que ele responde, quando era acusado de ser possuidor de MILHÕES DE FRANCOS, à custa do Espiritismo:
Prestem bem para o detalhe: Quem escreveu o relato a seguir foi o próprio Allan Kardec, não foi o Alamar não.
Resposta de Kardec a seus detratores;
OS MILHÕES DO SR. ALLAN KARDEC
“Fomos informados de que numa grande cidade comercial, onde o Espiritismo conta numerosos adeptos, e onde faz o maior bem entre a classe laboriosa, que almas caridosas se apressaram em espalhar pelas ruas e, certamente, amplificar. Conforme tal intriga, somos milionários; em nossa casa tudo brilha e só pisamos os mais belos tapetes de Aubusson. Conheceram-nos pobre em Lyon; hoje temos carruagem de quatro cavalos e levamos em Paris uma vida principesca. Dizem que toda essa fortuna nos vem da Inglaterra, desde que nos ocupamos do Espiritismo, e remuneramos generosamente os nossos agentes na província. Vendemos caro os manuscritos de nossas obras, sobre os quais ainda ganhamos uma comissão, o que não nos impede de os vender a preços exorbitantes, etc.
Eis a resposta que demos à pessoa que nos envia tais detalhes:
“Meu caro senhor, ri muito dos milhões com que me gratifica tão generosamente o abade V..., principalmente porque estava longe de suspeitar dessa boa sorte. O relatório feito à Sociedade de Paris, antes da recepção de vossa carta, aqui publicado, infelizmente vem reduzir essa ilusão a uma realidade muito menos dourada. Aliás, não é a única inexatidão desse relato fantástico; antes de tudo, jamais morei em Lyon(*) e, pois, não vejo como lá me tivessem conhecido pobre; quanto à minha carruagem de quatro cavalos, lamento dizer que se reduz aos sendeiros de um fiacre que tomo apenas cinco ou seis vezes ao ano, por economia.
É verdade que antes das estradas de ferro fiz algumas viagens em diligências; sem dúvida fizeram confusão. Mas convém não esquecer que nessa época ainda não se cogitava de Espiritismo e, segundo o abade, é ao Espiritismo que devo a minha imensa fortuna.
Onde, então, pescaram tudo isto, senão no arsenal da calúnia?
Seria tanto mais verossímil se se pensasse na natureza da população em cujo meio apregoam tais rumores. É de convir que faltam boas razões para se deixarem reduzir a tão ridículos expedientes a fim de desacreditar o Espiritismo. O Sr. abade não vê que vai diretamente contra o seu objetivo, porque, dizer que o Espiritismo me enriqueceu a tal ponto é confessar que está imensamente espalhado. Se, pois, se espalhou tanto, é que agrada.
Assim, aquilo que ele queria lançar contra o homem, volta-se em benefício da doutrina. Depois disto fazei alguém acreditar que uma doutrina, que em alguns anos dá milhões ao seu propagador, seja uma utopia, uma idéia oca! Tal resultado seria um verdadeiro milagre, pois não há exemplo de uma teoria filosófica que alguma vez tenha sido fonte de riqueza. Geralmente, como sucede com as invenções, come-se o pouco que se tem; seria este, mais ou menos, o meu caso, se se soubesse tudo quanto me custa a obra a que me dediquei e à qual sacrifico meu tempo, minhas vigílias, meu repouso e minha saúde. Contudo, tenho por princípio guardar para mim aquilo que faço e não gritar dos telhados. Para ser imparcial, o sr. abade deveria ter feito um paralelo das quantias que as comunidades e os conventos usurpam dos fiéis; quanto ao Espiritismo, mede sua influência pelo bem que faz, pelo número de aflitos que consola, e não pelo dinheiro que produz.
Se levamos uma vida principesca, deveríamos dispor, naturalmente, de uma mesa requintada. Que diria, pois, o sr. Abade se visse minhas mais suntuosas refeições, nas quais recebo os amigos?
... Se todos os homens fossem espíritas, não teriam inveja, nem ciúmes, nem se espoliariam uns aos outros; não maldiriam o próximo nem o caluniariam, porque ele ensina esta máxima do Cristo: Não façais a outrem o que não gostaríeis que vos fizessem.
É para pô-la em prática que não escrevo todas as letras do nome do sr. abade V... Ensina ainda o Espiritismo que a fortuna é um depósito de que devemos prestar contas e que o rico será julgado conforme o emprego que dela tiver feito. Se possuísse a que me atribuem e, sobretudo, se a devesse ao Espiritismo, eu seria perjuro aos meus princípios de a empregar na satisfação do orgulho e na posse de prazeres mundanos, em lugar de a fazer servir à causa cuja defesa abracei.
Mas – perguntarão – e as vossas obras? Não vendestes caro os manuscritos?
Um instante; isto é entrar no domínio privado, onde não reconheço a ninguém o direito de se imiscuir.
Sempre honrei os meus negócios, não importa a que preço de sacrifícios e de privações; nada devo a quem quer que seja, enquanto muitos me devem, sem o que teria mais do dobro do que me resta; assim, ao invés de subir, desci na escala da fortuna. Não tenho, pois, de dar satisfação de meus negócios a ninguém; que isso fique bastante claro.
Entretanto, para contentar um pouco os curiosos, que não se deveriam intrometer com o que não lhes diz respeito, direi que se tivesse vendido meus manuscritos apenas teria usado do direito que todo trabalhador tem de vender o produto de seu trabalho; mas não vendi nenhum; alguns até doei, pura e simplesmente, no interesse da causa, e que são vendidos à vontade, sem que me venha um centavo.
Manuscritos são vendidos caro quando se referem a obras conhecidas, de lucro previamente garantido, mas em parte alguma se encontram editores tão complacentes que paguem a peso de ouro obras cujo lucro é hipotético, quando nem mesmo querem correr o risco da impressão. Ora, a esse respeito, uma obra filosófica tem cem vezes menos valor do que certos romances vinculados a determinados nomes.
Para dar uma idéia de meus imensos lucros, direi que a primeira edição de O Livro dos Espíritos, que empreendi por minha conta e risco, mesmo não tendo editor que dela quisesse encarregar-se, rendeu-me cerca de quinhentos francos, já descontadas as despesas e depois de esgotados todos os exemplares, vendidos e doados, como posso provar documentalmente.
Não sei que tipo de carruagem se poderia comprar com isto. Na impossibilidade em que me encontrei, não tendo ainda os milhões em questão, para assumir pessoalmente os gastos de todas as minhas publicações e, sobretudo, de me ocupar com a sua comercialização, cedi por algum tempo o direito de publicação, mediante um direito do autor, calculado a tantos centavos por exemplar vendido; assim, desconheço inteiramente os detalhes da venda e das transações que os intermediários possam fazer com as remessas feitas pelos editores aos seus correspondentes, transações de cuja responsabilidade eu declino, estando obrigado, no que me concerne, a prestar contas aos editores, mediante um valor estipulado, de todos os livros retirados, vendidos ou considerados pe............"
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