A maioria dos humanos se alimenta de animais que têm tanto desejo de viver como nós, e para quem duvida, basta observar seu desespero ao lutar por sua vida. O vegetarianismo é a opção mais poderosa não só para proteger os animais, como também à saúde e ao meio ambiente.
“A pior prisão é um coração fechado”.
Juan Pablo II
O que melhor é que falar de vegetarianismo no mês em que publicamos o jainismo, a religião da não violência? Mas abster-se de comer animais não é exclusivo de um credo, e a prova disso é que há cada vez mais vegetarianos no mundo. “A comida não vegetariana não só afeta o corpo do homem, mas também tem efeitos nocivos sobre a mente. É cruel matar animais inocentes para encher nossos estômagos. Deus está em cada criatura, portanto, como podem causar semelhante dor? Os animais não vieram com o propósito de prover alimento aos seres humanos, mas para realizar suas próprias vidas no mundo. Ao consumir carne desenvolvemos doenças e mentalidades bestiais”, adverte Sathya Sai Baba.
TRÊS MOTIVOS, UMA MESMA PRÁTICA
Alguns se abstêm de comer carne por saúde. Inclusive muitos prêmios Nobel se tornaram difusores e praticantes de uma alimentação que não inclui cadáveres, pela lentidão nociva do processo digestivo que nos faz perder a maior parte da energia metabólica do dia, e pelo acúmulo de gorduras animais como principal causa de mortalidade, além do tema antes não reconhecido -e agora vox populi-, da geração dos diversos cânceres (ver “O veneno nosso de cada dia” desta seção).
Outros o fazem para proteger ao meio ambiente: a indústria da carne e derivados é uma das mais prejudiciais para o planeta. Segundo a ONU, “a maior geradora de gases de efeito estufa: dióxido de carbono, metano, óxido nitroso e amoníaco, é a indústria da carne”. Além disso, a FAO (Food and Agriculture Organization, dependente da ONU) assegura que também é “a principal causa de desmatamento para criar pasto e cultivos de plantas rasteiras, dado que o gado utiliza 30 por cento da superfície terrestre e ocupa 33 por cento de toda a superfície cultivável destinada a produzir forragens. Ao mesmo tempo, os frigoríficos, os curtimentos de couro e suas indústrias derivadas contaminam a água, o ar e a terra”.
Há outros cuja principal razão (nunca é uma só) é não querer participar do crime silencioso mas diário contra aqueles que, diferente de nós, não têm voz.
Nos três casos, a prática é a mesma: não violência. Não violência com o organismo corpo-mente, não violência com a Terra, não violência com os animais. Esta tripla concorrência tem sua lógica: se tudo é Um, o que é certo para a lei do coração o é também para as leis da natureza.
A TERCEIRA LEI
Há uma terceira lei, a lei do karma, sutil para os sentidos mas nem por isso menos eficaz. Este é o quarto tipo de violência que evitamos ao nos abster da carne e seus derivados: o mal karma que geramos a nós mesmos. De um ponto de vista físico, o animal sofre por estar sendo assassinado e a quantidade de adrenalina que desprende devido ao estresse faz com que a carne seja ainda mais venenosa para aquele que a consome. Por outro lado, quem o mata recebe uma perturbação energética que lhe produz por sua vez violência, agressividade, e um karma residual muito duro. Por último está quem a consome, que capta em menor grau mas de forma inevitável o karma negativo da matança do animal.
O QUE É O ESPECISMO?
“As crenças não são os únicos apoios éticos que temos. Também podemos apoiar-nos em nossos corações”.
J. M. Coetzee, prêmio Nobel de literatura
Muitas vezes o que nos leva a atuar são nossas crenças, e algumas estão tão escondidas que não somos conscientes delas. “Especismo” é o termo que usam as associações protetoras de animais para explicar a violência que exerce uma espécie que se crê superior –a humana- contra a animal, que considera inferior.
Esta violência não é exclusiva do momento da matança. Os criadouros de frangos têm aves que nunca caminham nem vêm o sol. Costumam colocar quatro galinhas em uma jaula que mede apenas 40 centímetros de largura. Neste espaço minúsculo, as aves não podem estirar suas asas ou pernas, e não podem satisfazer pautas de comportamento normais ou necessidades sociais. Ao atritar constantemente contra as jaulas de arame, sofrem de perda severa de pluma, e seus corpos se cobrem com contusões e abrasões.
Em palavras de J.M. Coetzee, Prêmio Nobel de Literatura: “Um escravo: um ser cuja vida e cuja morte estão nas mãos de outrem. Que outra coisa são o gado, as ovelhas e os frangos? Ninguém teria sonhado sequer com os campos de extermínio se antes não houvessem existido as plantas de processamento de carnes”.
Inclusive ainda que sejamos superiores aos animais –e seguramente o somos em poder- este poder, em todo caso, deveria ser utilizado para protegê-los e não para abusar deles.
O HOMEM CARNÍVORO POR NATUREZA?
A comida vegetariana não somente é um prazer para o paladar, mas é boa para a saúde. Para comprová-lo basta ler os artigos de nossa seção de “Alimentação, saúde e espiritualidade”, que fornece informação e receitas para uma dieta balanceada. O certo é que numerosos estudos demonstram que os vegetarianos têm sistemas imunológicos mais fortes que os carnívoros. Estes últimos apresentam uma tendência muito mais alta a morrer de afecções cardíacas, e são 40 por cento mais propensos a terem câncer. Desde um ponto de vista psíquico, a carne aumenta a adrenalina e reduz a serotonina cerebral, aumentando a ansiedade, o estresse, a angústia e a insônia. Outros efeitos do consumo de carne e produtos derivados são o diabetes, artrite, osteoporose, colesterol, pressão arterial alta, infartos, obesidade, asma, impotência… e a lista continua. Será que a carne não é compatível com os humanos? Vejamos o que diz a tabela:
Comparações fisiológicas
Animais carnívoros
Animais herbívoros-Frutívoros
(vegetarianos)
Humanos
Não transpiram. Eliminam o calor principalmente pela boca mediante o ofego.
Transpiram pelos poros da pele.
Transpiram pelos poros da pele.
Têm garras
Não têm garras
Não têm garras
Dentes pontiagudos e afiados para rasgar a carne, não possuem molares planos para mascar.
Não têm dentes dianteiros pontiagudos, têm molares planos posteriores para mascar.
Não têm dentes dianteiros pontiagudos, têm molares planos posteriores para mascar.
Seu intestino é três vezes mais longo que seu corpo, assim a carne em decomposição é eliminada mais rápido.
O intestino é de dez a doze vezes o comprimento do corpo, portanto tem um largo processo digestivo.
O intestino é de dez a doze vezes o comprimento do corpo, portanto têm um longo processo digestivo.
Possuem um poderoso ácido clorídrico no estômago para digerir e processar a carne.
Ácidos estomacais vinte vezes mais suaves que nos carnívoros.
Ácidos estomacais vinte vezes mais suaves que nos carnívoros.
GRANDES REFLEXÕES DE GRANDES HOMENS
Por último, compartilhamos estas inspiradoras frases dos sábios, santos e gênios de todos os tempos.
“Chegará um tempo em que os seres humanos se contentarão com uma alimentação vegetal e a matança de um animal será considerada um crime, como o assassinato de um ser humano. Chegará um dia em o que os homens como eu, verão o assassinato de um animal como agora vêem o de um homem. Verdadeiramente o homem é o rei das bestas, pois sua brutalidade ultrapassa a dos animais. Vivemos pela morte de outros. Todos somos cemitérios”. Leonardo Da Vinci
“Como podem assassinar e devorar cruelmente essas adoráveis criaturas que mansa e amorosamente lhes oferecem sua ajuda, amizade e companhia?”. São Francisco de Assis
“Sinto que o progresso espiritual nos demanda que deixemos de matar e comer a nossos irmãos, criaturas de Deus só para satisfazer nossos pervertidos e sensuais apetites. A supremacia do homem sobre o animal deveria ser demonstrada não só ao nos envergonharmos do bárbaro costume de matá-los e devorá-los mas ao cuidar deles, protegendo-os e amando-os. Não comer carne constitui, sem a menor dúvida, uma grande ajuda para a evolução e paz de nosso espírito”. Gandhi
“Enquanto sejamos as tumbas viventes de bestas assassinadas, como podemos esperar condições ideais sobre esta terra? No domingo oramos pedindo que a luz ilumine nosso caminho. Estamos cansados de guerras, não queremos mais combates, mas entretanto, nos empanturramos de corpos mortos”. George Bernard Shaw
“Uma vaca ou uma ovelha que jazem mortas em um prado são consideradas carniça. O mesmo cadáver em uma carniceira é considerado comida”. Dr. Kellog
“Se um homem aspira sinceramente viver uma vida mais amorosa e espiritual, sua primeira decisão deveria ser a de abster-se de comer carne”. Leon Tolstoi
Agradecemos à revista “Un mundo mejor” por facilitar-nos material.
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