Passara por ashramas e grutas, onde gurus o instruíram sobre o mistérios da vida, do ser e dos mundos. Ele ouvia, mas, dentro de seu coração continuava ardendo a vontade de descobrir algo além do saber. Parou, e, os olhos calmos percorreram o belo espetáculo do rio que banhava a planície, entre banianas e outras arvores, onde somente o canto de alguns pássaros quebrava o silêncio.
Por fim dirigiu-se para o lugar onde o rio fazia um remanso, como um lago separado e, deixando o bastão, começõu a tirar os poucos trapos que lhe cobriam o corpo, carregando as peças, entrou pelo rio
e logo banhava-se com gestos lentos e as esfregava. Quando voltou a margem, o corpo magro luzia ao sol, naquela nudez cuja inocência maravilhosa refletia a inocência primeva das coisas que rodeavam, Deixou as roupas secando na grama e deitou-se de costas, mergulhando os olhos no céu, como buscando, além do visivel, um sinal, um segredo. O sono em breve o tomou e, dentro de alguns instantes, reconfortado pelo repouso, despertou calmamente, vestiu os trapos secos e limpos, agora. Dirigindo-se para a sombra de uma das banianas, á beira dágua, ali se sentou em postura de meditação e, dentro em poucos instantes, estava profundamente recolhido em seu mais intimo ser. Quem por ali passasse haveria, por certo, de julga-lo um idolo inerte. Mas, em seu interior, se assim podemos dizer, a consciência estava entregue a atividades além da compreensão da mente humana. Naquela harmonia de veiculos, ela elevara-se e, em busca do mais alta aspiração, ia além das realizações mais espirituais que um ser pode possuir. Em profundo samadi, contemplou-se em seu coração e murmurou:" EU SOU Aquele". Em sua adoração, todo ele se manifestava em um anseio de sacrificio da personalidade, de seu eu,de tudo que nele representasse uma parcela de separatividade. E, na meditação, assim se expressava: Senhor, faze de mim algo que sirva para meus irmãos na terra Te reconhecerem como Poder, Beleza e Sabedoria! Faze de mim algo que seja puro reflexo de Teu infinito esplendor. Transforme-me em algo que, aos olhos do mundo, seja um simbolo de Tua glória.
Dos páramos celestes, um raio de luz intensa, absolutamente pura, banhou toda a região como a veste de um glorioso Deva e,mais intensamente, rodeou, interpenetrou aquela figura pálida, quase esqueletica,mas vibrante de impessoal amor.
O saniasi foi empalidecendo; pouco a pouco seu corpo descaiu, rolou para a água e a morte do corpo fisico libertou a alma sequiosa de amplidões. E na superficie das aguas do remanso, sob a sombra das banianas, que o vento sacudia brandamente, apareceram umas flôres estranhamente belas, cujas raizes estavam firmemente afundadas no lodo, o caule mergulhado nas águas e as pétalas gloriosamente exibindo sua brancura aos raios do sol. Era o Lotus.
FONTE: ORDEM UNIVERSAL DOS SERES ESTELARES (OUSE)
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