O que é uma arma biológica?
Arsenal biológico cultivado em laboratório.
É um artefato desenvolvido para espalhar agentes vivos - vírus
ou bactérias - capazes de infectar um grande número de pessoas. Há
registros de manipulação de agentes infecciosos para contaminar inimigos
desde o século 14 e, recentemente, em pequenos atos terroristas com
correspondências infectadas. É quase impossível desenvolver armas
biológicas eficazes sem um aparato científico-militar. Por isso, um
ataque desse tipo só aconteceria numa guerra ou feito por terroristas
muito bem treinados por governos que detenham essa tecnologia.
Felizmente, até agora um desastre como esse ainda não aconteceu. Mas, se
algum maluco decidir fazer um ataque em massa, a gente torce para que
ele não escolha o antraz, a arma biológica com maior potencial de
destruição. Na ilustração destas páginas, a gente simula os efeitos
matadores de um ataque com essa bactéria. O aterrorizante cenário foi
baseado numa famosa simulação publicada em 1993 pelo Escritório de
Avaliação Tecnológica, extinto órgão de segurança e tecnologia do
Congresso dos Estados Unidos. "Com o antraz não há chance de contágio de
homem para homem. Mas, dependendo do agente utilizado na arma
biológica, a transmissão pode ocorrer também de indivíduo para
indivíduo, causando uma epidemia e aumentando seu efeito devastador",
afirma o geneticista Roque Monteleone Neto, membro da Comissão de
Vigilância, Verificação e Inspeção da ONU. As armas biológicas são tão
temidas quanto as químicas, que usam substâncias tóxicas como gases
mortais criados em laboratório. De fato, elas têm várias semelhanças:
causam mortes em massa, preservam a infra-estrutura física (edifícios,
documentos, etc.) e podem ser espalhadas sem explosões. Para evitar que
esses artefatos sejam usados com propósitos militares, 144 países
assinaram em 1972 uma convenção internacional. O problema é que o acordo
é só uma espécie de carta de intenções - ou seja, não estipula
penalidades para os infratores.
Vida que mata
Ataques de bactérias como o antraz poderiam matar até 3 milhões de pessoas
O ATAQUE
Perigo aéreo
O jeito mais mortal de fazer um ataque com antraz seria uma
pulverização aérea por spray. Para flutuar na altura ideal para infectar
o ser humano, cada partícula com esporos de antraz precisaria ter de 10
a 15 mícrons, cinco vezes menor que o diâmetro de um fio de cabelo
Efeitos nefastos
Em condições ideais, um ataque biológico com 100 quilos de antraz tem
potencial para matar até 3 milhões de pessoas. No mesmo cenário, uma
tonelada de gás sarin, uma arma química, causaria "apenas" 8 mil mortos
A ARMA
Bactéria mortal
O Bacillus anthracis, nome científico do antraz, é uma bactéria comum
na natureza, que infecta bois e ovelhas pela alimentação. O homem pode
ser contaminado de propósito ou por acidente, pelo contato da bactéria
com a pele, por inalação ou ingestão
Semente do mal
Para causar destruição em massa, o antraz precisaria ser manipulado
em laboratório para assumir a forma de esporo, um estágio em que a
bactéria resiste a altas temperaturas e à falta de água, mas permanece
viva e capaz de causar infecções
Fauna condenada
Na natureza, o antraz pode contaminar não apenas o homem, mas
qualquer mamífero que inale o esporo. A bactéria pode ficar "incubada"
por várias décadas no ambiente, impossibilitando a vida humana no local
A DOENÇA
Primeiros sintomas
O corpo humano oferece condições para o esporo se alojar e voltar à
ativa na forma de bactéria. Se o esporo for inalado, o primeiro sintoma é
uma gripe. Se o esporo entrar em contato com a pele, aparecem pequenas
feridas. Isso acontece em até uma semana
Contaminação na pele
Quando o esporo de antraz só atinge a pele, menos mal: a irritação na
pele leva de um a dois dias para se transformar em feridas abertas com
um caroço escuro exposto. Apesar do aspecto horrível, apenas 20% dos
casos não tratados com remédios são fatais
Contaminação pulmonar
Quando a pessoa inala um esporo de antraz, a coisa fica feia: a
infecção que parecia uma simples gripe contamina rapidamente os pulmões e
se espalha pela corrente sanguínea, liberando componentes tóxicos que
levam à morte em 48 horas
A CURA
Remédios
Para quem apresentou os sintomas de infecção pulmonar por antraz, não
tem jeito: não há remédio que salve. Mas é importante medicar possíveis
vítimas com antibióticos para inibir a bactéria nos estágios iniciais
da contaminação. Existe vacina contra o antraz, mas ela precisaria ser
aplicada antes do ataque, custa caro e tem fortes efeitos colaterais
Limpando a área
Para eliminar os esporos do ambiente, veículos, prédios e até o solo
devem ser esterilizados com produtos químicos, como formol, ou
incinerados. Só para dar uma idéia, o governo britânico levou mais de
quatro anos para limpar a inabitada ilha escocesa de Gruinard, palco de
testes com antraz na Segunda Guerra
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