Justificativas para o vegetarianismo
Há diversas razões
que levam uma pessoa a adotar uma dieta vegetariana, que vão desde não
gostar de comer carne, passando por questões religiosas, até o respeito
aos direitos animais. Os que são vegetarianos pelos animais geralmente
optam também pelo veganismo, por ser uma filosofia mais condizente com
os direitos animais.
É importante enfatizar que
vegetarianismo não tem necessariamente a ver com direitos animais, e que
alguém pode ser vegetariano por qualquer outra razão.
Algumas delas são: de saúde, ecológicas, éticas, econômicas e religiosas.
Muitos vegetarianos defendem que o ser
humano está mais apto a consumir comida vegetariana do que a
alimentar-se com a carne de animais. Diversos naturalistas célebres,
como John Ray, Carolus Linnaeus, Georges Cuvier e Richard Owen
sustentaram este ponto de vista. John Ray, por exemplo disse: o homem
de maneira nenhuma tem a constituição de um ser carnívoro. A caça e a
velocidade não são naturais para ele. O homem não tem nem os dentes
pontiagudos nem as garras para matar a sua preza. Pelo contrário, as
suas mãos são feitas para colher fruta, bagas e vegetais e os seus
dentes apropriados para mastiga-los.
Através do exame da fisiologia e da
anatomia humana concluem que a dieta natural do homem é naturalmente
vegetariana. Um dos argumentos consiste em afirmar que o ser humano
sente repugnância ao ver animais mortos e que o cheiro das carcaças
animais não nos desperta apetite, ao passo que os animais que se
alimentam de carne apreciam o cheiro da carne crua. Há muitos séculos
que os vegetarianos desafiam os não vegetarianos a apanhar os animais
que comem, a mata-los e a come-los crus, tal como fazem os animais na
natureza.
Veja por exemplo os escritos de
Plutarco, Gassendi e de Percy Bysshe Shelley. Em Portugal a defesa
deste ponto de vista era levada a cabo pelo médico Amílcar de Sousa: “Da
velha confusão de teorias médicas, da grande época obscura do
empirismo, como um dogma da ciência de então, uma forma errónea e cheia
de preconceito, como se fora um mandado religioso e por isso mesmo
eivado de má fé, surgiu com esta frase perturbante: O homem é omnívoro.
Como à boca se pode levar tudo que se queira, daí resultou essa
monstruosidade deturpante da humanidade! […] Desde a forma dos dentes à
capacidade do estômago e às dimensões do intestino, como dados
anatómicos em referência à comparação da série animal de que o homem é
primaz – tudo demonstra que o género humano não é omnívoro. A dentadura é
semelhante à dos símios antropóides que se alimentam de frutos; e se os
obrigarmos a serem carnívoros, imediatamente estigmas de
degenerescência se notam, doenças de pele, a queda dos pelos, o
reumático e outras manifestações de artritismo. […] A alimentação humana
tem sido desvirtuada pelo preconceito.” “A carne não é o alimento do
homem. Para o ser, devíamos poder matar os animais com as mãos e garras,
e triturarmos os ossos ou lacerar os músculos ainda quentes com os
dentes, como faz a hiena. Desprovidos de armas cortantes e do artifício
da culinária, o homem não pode utilizar-se da carne nem do peixe.”
Recentemente, dois conceituados
antropologistas, Donna Hart e Robert Wald Sussman, puseram de lado a
teoria de que o ser humano pré-histórico era caçador no polémico livro
Man the Hunted: Primates, Predators, and Human Evolution, acrescentando
novos argumentos à causa vegetariana.
Pacifismo
Muitos vegetarianos dizem que o regime
vegetariano torna as pessoas mais pacíficas. Esta ideia era frequente e
tem muitos séculos de existência. Por exemplo, Ovídio, pôs Pitágoras
a dizer que o costume de comer carne abriu a porta “a crimes de todo o
género; porque foi sem dúvida pela carnificina desses animais que o
ferro começou a ser ensanguentado.[…] É acostumar-nos a derramar o
sangue humano degolar animais inocentes e ouvirmos sem piedade seus
tristes gemidos.” No Século XVIII, um personagem de uma novela de
Voltaire diz assim: “Os homens alimentados de carnes e saciados de
licores fortes, têm todos um sangue azedo e adusto que os torna loucos
de cem maneiras diferentes: a sua principal demência é o furor de
derramarem o sangue de seus irmãos e de devastarem planícies férteis
para reinarem em cemitérios.” Este ponto de vista era igualmente
defendido por Jean-Jacques Rousseau. No inicio do século XIX Joseph
Ritson escreveu num ensaio que o regime com carne torna as pessoas mais
cruéis e ferozes e que o sacrifício de animais conduz ao sacrifício de
humanos Lord Byron também acreditava que a carne torna as pessoas
ferozes.
Este argumento ainda é muito utilizado em defesa do regime vegetariano.
Este argumento ainda é muito utilizado em defesa do regime vegetariano.
Saúde
Por aconselhamento médico ou por auto-iniciativa, esta é uma motivação para muitas pessoas seguirem um regime vegetariano.
Uma dieta vegetariana equilibrada é
geralmente eficaz em equilibrar os níveis de colesterol, reduzir o risco
de doenças cardiovasculares e também evitar alguns tipos de cancro
(Câncer), entre outras razões. Segundo estudos recentes, os vegetarianos
têm menos probabilidade de desenvolver cancros do que as pessoas que
consomem carne. De acordo com os cientistas, as carnes vermelhas e as
carnes processadas, como o fiambre e o bacon estão ligadas à ocorrência
de cancro do intestino, e 3,700 casos desta doença seriam prevenidos
todos os anos no Reino Unido se toda a gente consumisse menos de 70g de
carne processada por semana. Segundo esse mesmo estudo, deixar de beber
álcool, comer muita fruta, vegetais e fibra ajuda a prevenir o cancro
dos intestinos.
Segundo a organização médica Physicians
Committee for Responsible Medicine (PCRM) o consumo de carne contribui
para uma maior ocorrência de impotência sexual, pois esse alimento
entope as artérias, sendo aconselhada pela organização a adopção de uma
dieta vegetariana como ajuda na resolução desse problema.
Outro aspecto relevante prende-se com a
qualidade dos produtos animais que chegam ao mercado. Alguns animais
criados para consumo humano são alimentados com uma quantidade
significativa de hormônios de crescimento e antibióticos para resistirem
às doenças, sendo a carne que chega à mesa, muitas vezes, de má
qualidade. Por outro lado, a poluição dos mares e rios podem tornar a
carne de peixe igualmente insegura. Todas as toxinas e os químicos que
existem na água concentram-se no peixe, e quando ingerimos a sua carne
ingerimos essas substâncias, que incluem mercúrio, chumbo, PCB’s
(bifenilos policlorados), pesticidas, arsénico, e muitas outras.
Cientistas da Harvard School of Public Health descobriram que o
mercurio existente no peixe pode causar danos irreversíveis no cérebro
das crianças, tanto às que se encontram no útero, com às que estão em
desenvolvimento.
Segundo o Dr. Pedro Indíveri Colucci
(1879-1987) o peixe, fresco ou seco, contém “grande quantidade de
toxinas podrosas” e “pela tabela de análises dos corpos purínicos
contidos nos diferentes alimentos, observa-se que a maioria dos peixes
contém purinas em quantidade, em especial os pequenos, incluindo a
truta, pois estes formam um grupo cujas purinas são em grau mais elevado
do que as de vitela e de boi ou de vaca.” Escreveu que o peixe seco,
como por exemplo o bacalhau produz mais venenos que os peixes frescos.
Acrescentou ainda que mariscos, moluscos e crustáceos são
acidificantes, indigestos e contêm “purinas em quantidades que os tornam
altamente tóxicos”
Um terceiro ponto, nas razões de saúde,
são as recorrentes crises da indústria alimentar, como a das vacas ou a
da gripe aviária, que levam muitas pessoas a adotar uma dieta diferente.
Quanto aos vegetais, frutas, verduras e
legumes também há a preocupação com a infinidade de agrotóxicos, que
podem ser tão prejudiciais à saúde quanto os hormônios empregados nos
animais.[carece de fontes] Segundo o Dr. Benjamin Spock, uma boa razão
para consumirmos alimentos de origem vegetal é que os animais tendem a
concentrar pesticidas e químicos na sua carne e leite, ao passo que os
alimentos vegetais, mesmo não sendo orgânicos, contêm muito menos
contaminação. De acordo com um estudo publicado no New England Jounal of
Medicine, o leite de mães vegetarianas contém apenas 1 ou 2% dos
pesticidas que foram encontrados no leite de mães não vegetarianas.
Devido ao processo de Bio-acumulação os químicos têm tendência a
acumular-se nos tecidos dos animais que estão mais alto na cadeia
alimentar. Por isso, quanto mais subimos na cadeia alimentar mais
concentrados se tornam os químicos tóxicos, o que leva a grandes
quantidades na carne e no peixe. Por exemplo, a vaca ao consumir plantas
e grão com pesticidas e outros poluentes absorve essas substâncias, que
se vão juntar com as drogas e hormônios geralmente administradas a
esses animais; o peixe que comemos consumiu outro peixe mais pequeno que
por sua vez consumiu algas contaminadas, e estes factores (entre
outros) levam a que os não vegetarianos tenham um nível de pesticidas
muito mais elevado do que os vegetarianos.. Ao comerem no topo da
cadeia alimentar os seres humanos tornam-se os receptores da maior
concentração de pesticidas venenosos. De facto, a carne contém 13 vezes
mais DDT (químico para matar insectos) do que os alimentos vegetais.
Há que se ter muita higiene antes de
preparar os alimentos, sejam eles quais forem, lembrando que os vegetais
são uma fonte indispensável de vitaminas e de saúde.
O consumo de carne e peixe é igualmente propício à propagação de parasitas, como por exemplo a ténia. Mesmo que a carne seja cozinhada é frequente que as bactérias não sejam destruídas, sendo estas notáveis fontes de infecção.
O consumo de carne e peixe é igualmente propício à propagação de parasitas, como por exemplo a ténia. Mesmo que a carne seja cozinhada é frequente que as bactérias não sejam destruídas, sendo estas notáveis fontes de infecção.
De acordo com o Nutrition Institute of
América “a carne de uma carcaça animal está carregada de sangue tóxico”.
Mal o animal é morto dá-se um processo de putrefacção e de decomposição
extremamente rápido. Além disso, a carne em processo de decomposição,
ao contrário da comida vegetariana, passa muito lentamente pelo sistema
digestivo humano, estando em constante contacto com os órgãos
digestivos. O Dr. José Lyon de Castro escreveu que a carne contem
agentes tóxicos e numerosos venenos provenientes do catabolismo, que são
altamente nocivos ao organismo. Acrescentou que mal o animal é abatido,
se formam venenos devido à decomposição cadavérica, e que até no
frigorífico, que aguenta a carne por algum tempo, esta altera-se a cada
hora passada. Referiu que o fígado e os rins são os órgãos que mais se
afectam pelo consumo frequente de carne, que é um alimento pobre em
minerais, vitaminas, e em hidratos de carbono (exceptuando a gordura). O
Dr. Pedro Indíveri Colucci (1879-1987), que desaconselhava todos os
tipos de carne principalmente devido ao facto de esses alimentos
produzirem ácido úrico, escreveu que “a carne proveniente dos animais
novos, contem ainda mais purinas do que a de animais adultos, assim como
todas as carnes denominadas brancas produzem mais ácido úrico do que as
vermelhas” e que “a carne, seja de que espécie for, irrita o tubo
digestivo e causa hipercloridria, a obstipação, a enterite muco
membranosa, a apendicite e torna-se particularmente perigosa para
aqueles que têm os rins e o fígado alterados”.
Hoje em dia as vacas são estimuladas com
uma hormona de crescimento bovino (rBGR) para produzirem cerca de dez
vezes mais leite do que seria normal. Por isso sofrem frequentemente de
mastite, uma inflamação da glândula mamária que é muito dolorosa. Quase
todo o leite é contaminado com pus, e quando as vacas são tratadas com
antibióticos estes podem ser transferidos para os humanos através do
leite. Os investigadores concluíram que um copo de leite de vaca contém
desde uma a sete gotas de pus, o que é perigoso porque o pus contém
bactérias.
Ecologia
A motivação aqui é racionalizar a
utilização dos recursos naturais para a obtenção de alimentos. Um
vegetariano reduz um elo da cadeia alimentar, tornando-a mais eficiente
e, conseqüentemente, reduzindo o impacto ambiental da sua alimentação.As
frutas, os cereais e os vegetais exigem 95% menos de matérias-primas
para serem produzidas. Além disso, é necessária muito mais energia
fóssil para produzir e transportar carne do que para produzir uma porção
idêntica de proteínas de origem vegetal. Para se produzir 1 caloria de
proteína a partir de feijões de soja são necessárias
2 calorias de combustível fóssil, enquanto que para se produzir uma
caloria de proteína a partir de bife são necessárias 54 calorias de
combustível fóssil.
Para produzir carne, é necessário
cultivar plantas que alimentarão o gado, que por sua vez irá alimentar o
homem. Durante o passo de alimentação do gado, foram gastos recursos
como a água, energia e tempo, que poderiam ter sido poupados se o homem
consumisse diretamente os vegetais. São necessários 18 quilos de cereal
para produzir um quilo de carne, e um acre de terra se for utilizada
para cultivar cereais pode produzir cinco vezes mais proteína do que se
for utilizada para produzir carne. Com 2,5 acres de terra pode-se
produzir repolho para alimentar 23 pessoas, batatas para alimentar 22
pessoas, arroz para alimentar 19 pessoas, milho para alimentar 17
pessoas, trigo para alimentar 15 pessoas, ou então, galinha para
alimentar 2 pessoas, leite para alimentar 2 pessoas, ovos para alimentar
1 pessoa ou bife para alimentar 1 pessoa. Logo, é possível alimentar
muito mais pessoas, com um custo muito mais reduzido para o ambiente se
produzirmos alimentos vegetarianos. Ainda a este propósito disse
Rajendra Pachauri, Premio Nobel da Paz, que se cada vez mais pessoas
comerem mais carne, não haverá cereais suficientes para a produzir,
porque a conversão de calorias dos cereais em calorias da carne é muito
pouco eficiente.
Outro exemplo: segundo a FAO
(Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação), para
produzir 1 kg de carne bovina são gastos aproximadamente 15 mil litros
de água (considerando o consumo do animal durante sua vida dividido pelo
rendimento bruto de sua carne). Para produzir 1 kg de soja, são gastos
menos de 1300 litros de água, cerca de 10%. A economia de água é,
portanto, superior a 90%. Ou seja, se consumíssemos directamente a soja,
em vez de a darmos aos animais, também pouparíamos quantidades imensas
de água, uma vez que cultivar soja requer muito menos água do que a que é
necessária para criar animais para consumo: a substituição mensal de
1,6 quilos de carne pelo equivalente de soja pouparia 75 mil litros de
água anualmente, e se 20% dos agregados familiares nos E.U e no Canadá
substituíssem semanalmente 113 gramas de carne de vaca pela mesma
quantidade de soja, poupava-se anualmente água suficiente para fornecer
10 galões de água potável para cada pessoa do mundo. Ainda de acordo com
a FAO (estudo de 2006), a produção mundial de carne é responsável por
18% dos gases que causam efeito de estufa, ou seja, mais do que todos os
meios de transportes mundiais juntos. No entanto, em 2009 dois
cientistas do Banco Mundial corrigiram e recalcularam os referidos dados
para o Instituto Wold Watch, concluindo que a FAO, que é promotora do
aumento do consumo de carne, não analisou correctamente todos os
aspectos, pois, após a correcção dos erros e o ajustamento dos dados a
conclusão dos cientistas foi que a pecuária e os seus subprodutos são
causadores de, pelo menos 51% dos gases causadores do efeito de estufa. A
quantidade de gases de carbono causadores de efeito de estufa libertada
por conduzir um típico carro americano durante um dia são 3
quilogramas; ao passo que a quantidade de desses mesmos gases libertada
pela queima e desmatamento de uma área de floresta tropical da Costa
Rica suficiente para produzir bife para apenas um hambúrguer são 75
quilogramas
Perto de um terço da superfície
terrestre do planeta é dedicada à criação de gado. Anualmente cerca de
200.000 quilómetros quadrados de florestas tropicais são destruídas para
criação de pastos para gado, conduzindo à desertificação e extinção de
aproximadamente 1000 espécies de plantas e animais. As florestas
tropicais também estão a ser destruídas para produzir soja, sendo que
cerca de 80% da soja mundial é utilizada para alimentar animais para
consumo humano em vez de ser consumida directamente pelos humanos. Se
consumíssemos essa soja em vez de a usarmos para alimentar animais que,
posteriormente serão comidos, eliminaríamos a necessidade de destruir as
restantes florestas tropicais, pois existe um enorme desperdício no
processo de produção de carne. De facto, apenas o gado dos Estados
Unidos consome anualmente tanta soja e grão que seria suficiente para
alimentar toda a população humana cinco vezes. 1,400,000,000 é o número
de pessoas que poderiam ser alimentadas com o grão e os feijões de soja
que são comidos apenas pelo gado dos Estados Unidos (onde vive 4% da
população mundial). A amazónia continua a ser desbravada a uma taxa de
25 000 quilómetros quadrados por ano para criação de gado e cultivo de
soja para alimentar animais(ou seja, 11 acres de floresta são derrubados
a cada minuto). Devido à redução das barreiras comerciais o mundo
passou a ser um mercado único, sendo que o aumento do consumo de carne
faz com que florestas de outros países sejam destruídas para cultivar
soja para alimentar animais e assim, o nosso consumo de carne contribui,
de forma indirecta, para a desflorestação no estrangeiro e para a
consequente perda de biodiversidade. A destruição das árvores, por sua
vez, vem a causar danos ambientais, pois estas deixam de absorver o
dióxido de carbono.
Outro problema grave resultante do
consumo de carne, são os excrementos que o elevado número de animais
produz, o que não acontece na produção de alimentos de origem vegetal.
Os animais criados para comer produzem 130 vezes mais excrementos do que
toda a população dos Estados Unidos.
Quanto ao peixe, segundo um estudo
publicado na revista Science, se a situação se mantiver assim, no ano
2048 não haverá mais peixe no mar.. E o peixe criado em viveiro,
tendencialmente possui níveis mais elevados de metais pesados e gera uma
quantidade de fezes equivalente a uma cidade de 65 mil pessoas a
despejar esgotos sem tratamento directamente no mar.
Ética
Muitos vegetarianos não concebem o homem
como superior ao animal, do ponto de vista do direito à vida. Ou seja,
não é justo tirar a vida a um animal para alimentar uma pessoa,
especialmente quando a vida dessa pessoa não depende da vida do animal.
Portanto, os animais e os seres humanos devem coexistir.
Outro aspecto refere-se à forma como os
animais são tratados. Os animais produzidos pela indústria agropecuária
moderna são confinados em pequenos espaços, alimentados de forma
artificial e tratados por vezes de forma brutal durante o transporte ou
antes do abate.
Hoje em dia as vacas são ordenhadas por
uma máquina quase todos os dias do ano, inclusive enquanto estão
grávidas, e devido às exigências não naturais que são impostas ao seu
metabolismo, andam mal nutridas, sofrem de falta de cálcio e magnésio, e
chegam a um ponto de colapso físico após quatro anos (altura em que são
mortas). As suas crias são lhes retiradas para que fiquemos com o seu
leite. É um momento muito traumático e doloroso para ambas e ficam a
chamar uma pela outra até não poderem mais. As vitelas de leite, depois
de serem separadas das suas mães vivem durante dezasseis semanas em
celas de madeira tão estreitas e desconfortáveis que não se podem mexer,
isto para que não desenvolvam os músculos e para que assim a sua carne
fique tenra. São alimentadas com um substituto de leite pouco nutritivo e
pobre em ferro para que fiquem anémicas e para que assim a sua carne se
mantenha esbranquiçada. Este tipo de carne é adquirido a preços
exorbitantes por restaurantes de luxo.
Apesar de a indústria da carne alegar
que os animais são bem tratados e mortos de forma indolor, a verdade é
outra. Filmagens clandestinas documentam crueldade gratuita em diversos
matadouros. Na Family Farms, na Pensilvânia, classificada como um
fornecedor de carne de qualidade, viu-se trabalhadores a atirarem
leitões pelo ar violentamente, batendo-lhes com marretas cravadas de
pregos, pegando-os pelas orelhas e pelas caudas; viu-se ainda as suas
caudas as serem cortadas com alicates e os seus testículos a serem
arrancados à mão (tudo sem anestesia ou cuidado veterinário), e leitões
doentes a serem sufocados até à morte em câmaras.
Num matadouro da KFC, empresa que se diz
“comprometida no bem-estar e no tratamento humano das galinhas”,
documentou-se trabalhadores a arrancarem a cabeça a aves vivas, a
deitarem-lhes tabaco para os olhos, a atirarem-nas com violência contra a
parede, a pontapearem-nas e a saltarem em cima delas a ponto de
repentarem e se ver intestinos pelos chão.
Muitas outras investigações clandestinas em vários matadouros diferentes documentaram o mesmo tipo de crueldade.
Existem ainda estudos que provam que a existência de matadouros aumenta a violência na sociedade. Outros estudos mostram que muitos criminosos violentos cometeram actos cruéis com animais .
Existem ainda estudos que provam que a existência de matadouros aumenta a violência na sociedade. Outros estudos mostram que muitos criminosos violentos cometeram actos cruéis com animais .
Economia
A base alimentar do vegetarianismo
consiste em alimentos de um nível inferior da cadeia alimentar, os
legumes, frutos e grãos, mais baratos do que a carne ou o peixe, quando
de qualidades comparáveis.
Os alimentos vegetarianos processados, como o tofu ou o seitan, são muitas vezes produzidos pelos próprios consumidores em casa.
As razões econômicas não costumam,
isoladamente, motivar uma pessoa a adaptar a dieta vegetariana, mas
contribui muitas vezes, ao lado de outras motivações, para a mudança de
regime alimentar, ou a sua manutenção.
Religião
As motivações religiosas são, muitas
vezes, revestidas de grande complexidade. Jainistas, o movimento Hare
Krishna, Budistas, Hindus, a Sociedade Teosófica (por influência das
duas últimas religiões), Cristãos Rosacruzes e Adventistas do Sétimo Dia
são tipicamente conotados com o vegetarianismo, mas as motivações não
são necessariamente imposições religiosas (isto é, comer carne não é
necessariamente visto como um pecado, por exemplo). Muitos budistas
preferem a dieta vegetariana porque defendem a não-violência, o que é,
portanto, uma motivação ética, enquanto outros mantém a carne animal em
suas dietas em face do princípio da não-diferenciação, pois entendem que
na agricultura também são mortos diversos pequenos animais. Muitos
adventistas escolhem e aconselham a dieta vegetariana porque a vêem como
mais saudável e, portanto, vantajosa para o corpo terreno – o que é,
consequentemente, uma motivação de saúde. Entretanto, são poucos os
adventistas que seguem esta dieta.
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