A crença na vida após a morte e na existência de um mundo habitado por espíritos acompanha a humanidade desde os tempos mais remotos. Ainda na pré-história, cavernas já eram usadas pelo homem primitivo como portais de comunicação com o sobrenatural. "Pedia-se todo tipo de ajuda, como a cura para uma doença ou uma boa temporada de caça", escreve o historiador francês Jean Clottes no livro The Shamans of Prehistory("Os Xamãs da Pré-História")
Daquele tempo pra agora, a noção de imortalidade da alma tornou-se uma característica comum a vários povos e religiões. No Egito Antigo, mortos eram mumificados e recebiam presentes para enfrentar numa boa a temida jornada rumo ao outro mundo. Rituais semelhantes eram feitos pelos incas no Peru Já para o Zoroastrismo da antiga Pérsia, o destino de cada um após a morte era cruzar uma ponte meio marota: para os justos, ela seria larga, muito mole de atravessar; para os pecadores, no entrando, não passaria de uma pinguela estreita.
Independentemente da religião que se siga, acreditar em vida após a morte parece ser um traço da humanidade. Em 2010, um levantamento feito pelo instituto Ipsos concluiu que 51% da população mundia entendem que a nossa existência não termina quando morremos. Os outros 26% não sabem no que acreditar. E apenas 23% acham que a morte é o fim da tinha porque alma não existe.
Isso explica por que fenômenos supostamente sobrenaturais são cada vez mais estudados pela ciência. Pesquisadores de diferentes áreas querem descobrir, por exemplo, o que há por trás de relatos de vidas passadas, experiências de quase morte e curas improváveis. Mas nem sempre conseguem.
O que acontece depois que morremos segundo seis religiões.
Cristianismo: Depois da morte, cada alma passa por um julgamento particular. Quem praticou bons atos em vida e se arrependeu dos pecados é recompensando com o céu. Já os que rejeitaram a graça divina acabam indo parar no inferno, um lugar ou condição de tormento onde quem governa é o capeta. Há também as almas que, embora tenha sido justas, ainda precisam ralar um pouco no purgatório. Com a segunda vinda de Cristo á Terra, os mortos ressuscitarão para ser julgados no Juízo Final.
Islamismo: Assim como os cristãos, os islâmicos acreditam que cada ama tem de encarar um tribunal. A sentença virá no Dia do Julgamento, quando Alá vai destruir o mundo sem dó, ressuscitar os mortos e avaliá-los segundo seus atos em vida. Fiéis terão entrada livre no Paraíso, com direitos inclusive de prazeres carnais (tipo sombra, água fresca, comida boa e até sexo). Já os infiéis e pecadores sofrerão tormentos físicos e espirituais no inferno. Alguns estudiosos da religião islâmica garantem que a condenação ao inferno é eterna. Outros afirmam que Alá pode resgatar as almas que aprenderam com o castigo.
Judaísmo: A alma passa por um processo de purificação dos pecados, uma etapa de sofrimento necessária para que o espírito se eleve até entrar no Paraíso. Lá, tem-se acesso a segredos do Torá ( o livro sagrado dos judeus) e sente-se a presença divina mais intensamente. Nem todos, porém, experimentam a divindade do mesmo jeito. É como se as almas formassem uma plateia: algumas têm cadeiras mais próximas e de frente para o palco, enquanto outras ficam em lugares distantes e laterais. A posição é determinada pelo comportamento em vida. Com a chegada do Messias, todos os mortos ressuscitarão.
Espiritismo: Para os espíritas, não existe Céu e Inferno, muito menos condenação eternas.A alma está em constante evolução e purifica-se cada vez que reencarna em um mundo diferente. Com as sucessivas reencarnações, o espírito vai se aprimorando até alcançar a perfeição. Ao longo dessa jornada, vale uma regra de ouro: o que vai acontecer numa vida futura depende do que se faz na vida presente. Ser caridoso, por exemplo é uma forma de compensar más ações cometidas em vidas passadas. O sofrimento também é um caminho para a evolução espiritual, que tem em Jesus o modelo a ser seguido.
Hinduísmo: Os hindus acreditam que a morte é um período em que a alma recarrega energias para voltar a encarnar. Os seres vivos estão imersos num cico de vida, morte e renascimento chamado Samsara e governado por uma lei natural de causa e efeito, o carma, que determina o destino das almas. Cada ação na vida presente corresponde a uma reação na existência futura.Ou seja: se um perrengue está sendo enfrentado agora, é porque alguma lambança foi feita na vida anterior. O propósito da existência em curso é minimizar o carma ruim e preparar a alma para um melhor renascimento.
Budismo: Tal como os hindus, os budistas acreditam que a morte é apenas a passagem para uma nova existência e que o ciclo de renascimentos é governado pela lei de causa e efeitos. Mas há uma diferença: no budismo, não existem almas eternas ou imutáveis. É por isso que os budistas usam o termo "transmigração" em vez de "reencarnação". Para eles, os seres vivos podem transmigrar em múltiplos planos: desde o reino dos Narakas (submundo, espécie de inferno) até os mundos celestes. O ciclo só acaba quando se alcança o nirvana- um estágio supremo de existência no qual não há sofrimento.
Fontes: Religion Facts, Religious Tolerence, Catholic Encyclopedia, Beit Chabad, O Que é Espiritismo (Allan Kardec) e Hindu Website.
Por Eduardo Szklarz
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