Cirurgia a laser acaba com a dependência de óculos e lentes de contato
Correção é alta, mas não chega a zerar miopia, astigmatismo ou hipermetropia
Dormir de óculos,
entrar sob o chuveiro com as lentes e ver tudo embaçado ou passar
apuros porque não sabe onde guardou um outro e - pior! - não consegue
enxergar direito para procurá-los. Situações como essas são bem próximas
do cotidiano de quem sofre com os problemas de visão mais comuns:
hipermetropia (dificuldade para enxergar de perto), miopia (dificuldade
para enxergar de longe) e astigmatismo (distorção das imagens).
Cada vez mais comuns, as
cirurgias de correção a laser acabam com os inconvenientes. Mas, antes
de se decidir, é preciso entender as diferenças entre os métodos e ter
certeza de que um deles realmente vai funcionar no seu caso. "A chance
de sucesso é bastante alta, desde que o paciente seja avaliado por
profissionais qualificados", afirma o oftalmologista Rubens Belfort
Neto, professor da Unifesp. Ele e outros especialistas na área tiram
suas dúvidas sobre o assunto.
Mulher no oftalmologista
1. Quais os principais tipos de cirurgia refrativa a laser?
São dois os principais métodos de cirurgia de correção de grau
a laser: Lasik e PRK. Existem outras opções de cirurgias refrativas no
mercado, inclusive utilizando bisturis, mas o laser mostrou-se muito
mais preciso e, portanto, seguro.
2. Qual a diferença entre a cirurgia do método Lasik e PRK?
"O método Lasik abre uma espécie
de tampinha no globo ocular, trabalha direto na córnea e depois coloca
essa tampa de volta", afirma o oftalmologista Raul Damasio Ribeiro de
Castro, cirurgião do Hospital de Olhos de Minas Gerais. "Já o PRK remove
uma camada finíssima de células do olho, chamada epitélio, e faz o
procedimento sem corte".
3. Quantos graus de miopia, astigmatismo e hipermetropia cada método é capaz de corrigir?
Segundo o oftalmologista Renato
Neves, sócio fundador da Sociedade Brasileira de Cirurgia a LASER e
membro da American Academy of Ophthalmology, o método Lasik é capaz de
corrigir até 12 graus de miopia e seis de hipermetropia e quatro de
astigmatismo. Já o método PRK, corrige até quatro graus dos três
problemas.
4. Quais os pré-requisitos para realizar a cirurgia?
"O paciente deve ser maior de 18
anos, ter correção estável, ou seja, sem aumento de mais de meio grau
no último ano ou um grau nos últimos dois anos e não apresentar doenças
corneanas, como olho seco", pontua o oftalmologista Renato.
Mulher desfocada com óculos nas mãos
A
cirurgia também não é recomendada para pacientes com doenças autoimunes
e doenças sistêmicas, como o diabetes, pois o resultado final também
depende da cicatrização. A mulher não pode estar grávida ou amamentando e
a córnea deve ter uma espessura que permita a remoção de material sem
prejudicá-la, o que é descoberto nos exames solicitados pelo
oftalmologista. Por fim, o astigmatismo do paciente deve ser saudável ou
benigno, ou seja, o formato irregular da córnea deve ser simétrico.
5. Qual tipo de anestesia utilizado em cada método?
O pré-operatório dos métodos é
igual. "O paciente recebe uma anestesia atópica, feita com gotinhas de
colírio", afirma o oftalmologista Rubens.
6. Quanto tempo dura a cirurgia pelos dois métodos?
"O tempo de cirurgia depende do
grau do paciente. Mas, em geral, leva cerca de 15 minutos e você pode ir
para casa no mesmo dia", diz Raul de Castro.
Homem colocando lentes de contato
7. Como é o pós-operatório de cada método?
Segundo Raul, a cirurgia feita
pelo método PRK é mais desconfortável no início e apresenta uma
recuperação visual mais demorada - a visão pode ficar embaçada até duas
semanas após a cirurgia, com possibilidade dor nos primeiros três dias.
Até por isso, o primeiro método é aplicado em duas sessões, com um olho
operado de cada vez. No método Lasik, não há dor e o paciente consegue
enxergar normalmente algumas horas depois do procedimento. A claridade
incomoda nos dois ou três primeiros dias da cirurgia pelo método Lasik e
pode irritar os olhos até três semanas depois da cirurgia feita pelo
método PRK. Em ambos os casos, o problema pode ser resolvido com óculos
escuros.
Já as recomendações pós-operatório são as mesmas: utilizar colírio
antibiótico por cerca de três semanas e evitar qualquer atividade que
possa causar algum trauma na região operada e não entrar em piscinas. ?A
cirurgia também causa diminuição da produção de lágrimas entre três e
seis meses após o procedimento. Por isso, pacientes que sentirem secura
ocular nos dias que seguirem ao da cirurgia devem aplicar colírio
lubrificante recomendado pelo médico?, complementa.
8. Quais as possíveis complicações?
"Toda cirurgia, por mais simples
que seja, oferece algum risco de infecção. No caso da refrativa, a
afirmação continua verdadeira, ainda que esse risco seja mínimo", alerta
Rubens.
9. Como é o resultado?
"Se o pré-operatório for feito
por um profissional qualificado, a cirurgia permite que 98% dos
pacientes atinjam uma visão boa o suficiente para obtenção de carteira
de habilitação sem óculos um mês após o procedimento", afirma Renato.
10. É possível fazer a mesma cirurgia mais de uma vez?
De acordo com Raul, a cirurgia
pode ser feita mais de uma vez, mas médico e paciente devem avaliar se
os riscos de uma nova intervenção valem a pena. "Uma nova cirurgia só é
indicada quando o grau residual do paciente não permite a convivência
sem os óculos. Nos demais casos, ela não é recomendada por causa do
desgaste realizado na córnea", explica.
Nenhum comentário:
Postar um comentário