O
pulsar de Caranguejo fica no centro da nebulosa de mesmo nome, que
pode ser vista na imagem. Ambas são resultado de uma explosão de
supernova
A intensidade da energia emitida pelo pulsar na nebulosa do Caranguejo, na constelação de Touro, desafia a compreensão dos astrofísicos, para os quais este fenômeno não se pode explicar pelos modelos teóricos atuais da física, informou um estudo que será publicado na edição de sexta-feira da revista Science.
O pulsar de Caranguejo, uma estrela de nêutrons que gira rapidamente
descoberta em 1968, parece emitir raios-gama com níveis de energia
maiores aos explicados pelos modelos científicos atuais, anunciaram os
surpresos autores do estudo.
Usando
o conjunto de telescópios Veritas no Observatório Whipple no Estado do
Arizona (sudoeste dos Estados Unidos), astrofísicos detectaram que
esta jovem estrela de nêutrons tem energia superior a 100 bilhões de
elétron-volts (100 GeV).
Esta
intensidade de energia é mais de 1 bilhão de vezes superior à da luz
visível do Sol, disseram especialistas. Para Henric Krawczynski,
astrofísico da Universidade de Washington em Saint Louis (Missouri,
centro), coautor deste trabalho, os modelos teóricos padrão não podem
explicar estas observações sem grandes mudanças.
"Estamos na presença de algumas forças extremas e estas observações
mostram que nossas teorias não se encaixam e que sabemos menos sobre os
pulsares do que pensávamos", disse o astrofísico.
Durante
muito tempo, os cientistas pensaram que as emissões de pulsares são
causadas quando o campo magnético dessas estrelas acelera partículas
carregadas a uma velocidade próxima à da luz, gerando radiação
eletromagnética em um amplo espectro.
"Depois de muitos anos de observações e resultados, pensávamos
entender como funcionava (o pulsar) o Caranguejo, enquanto os modelos
preveem uma diminuição exponencial do espectro de emissão acima dos 10
GeV", disse David Williams, professor adjunto de física na Universidade
da Califórnia em Santa Cruz e coautor do estudo.
"Foi uma verdadeira surpresa descobrirmos a emissão de raios-gama em energias superiores a 100 GeV", disse Williams.
O
pulsar de Caranguejo se formou a partir do núcleo de uma grande
estrela que explodiu em uma supernova espetacular no ano 1054, deixando
para trás a brilhante nebulosa do Caranguejo, com o pulsar no centro.
Esta
estrela de nêutrons relativamente jovem, um dos objetos mais estudados
no céu, gira 30 vezes por segundo e tem um poderoso campo magnético de
co-rotação, do qual emite feixes de radiação que, vistos da Terra,
parecem pulsos rápidos de radiação.
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