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sábado, 10 de maio de 2014
TERAPIA DE VIDAS PASSADAS E MENTORES ESPIRITUAIS:
Terapia de Vidas Passadas e Mentores Espirituais
por João Carvalho Neto
Uma questão inerente à Terapia de Vidas Passadas é o fato de lidarmos com uma realidade que transcende à "material", um mundo da espiritualidade por onde transitam e vivem aqueles que estão em seus períodos intervidas. Coloco material entre aspas porque, para aqueles que estão na vida espiritual, a materialidade é tão concreta como aqui para nós.
Por conta dessa realidade, surge outra consequência que são as interferências dessas individualidades que se encontram fora da vida "material" sobre aquelas outras que ainda permanecem atreladas aos corpos densos de carne. Tais interferências podem ocorrer tanto em benefício quanto em prejuízo dos que recebem seus efeitos.
Neste artigo, especificamente, vamos tratar das que vêm nos beneficiar.
Quem trabalha com a TVP já teve contato com os benfeitores espirituais dos pacientes e do próprio terapeuta que surgem comumente, durante as regressões, orientando, trazendo mensagens, favorecendo o processo regressivo, tratando das patologias que se nos apresentam. Isso acontece não por um processo mediúnico do tipo incorporação necessariamente, apesar de às vezes isso até se efetivar, mas pelas percepções do paciente em estado alterado de consciência. Claro que o aparecimento explícito desses mentores não é uma regra, mas acontece com alguma frequência.
A constatação dessa situação traz dois aspectos importantes.
O primeiro diz respeito ao próprio terapeuta que percebe nunca estar só nas atividades com TVP; que esses mentores se fazem presentes e precisam ser respeitados por uma postura mental ética e harmoniosa do terapeuta, e mesmo nas interferências diretas que possam vir a fazer, trazendo contribuições para o tratamento em questão. O terapeuta de vidas passadas precisa estar atento à psicosfera do seu ambiente de trabalho, favorecendo um clima de pensamentos elevados que estimulem a permanência daqueles que podem ajudar e não dos que tentam atrapalhar. Tudo o que pensamos, falamos ou fazemos cria forças atrativas para a sintonia com as individualidades espirituais que se aproximam. Claro que não pretendemos abolir a responsabilidade que temos enquanto profissionais na condução do processo, achando que eles farão tudo por nós. Mas queremos frisar que existe um trabalho conjunto, com atribuições específicas que devem ser observadas, mas sabedores de que, diante do paciente, nós somos os responsáveis pelo que vier a acontecer.
O outro aspecto importante do surgimento de mentores espirituais do paciente está ligado aos benefícios que eles passam a trazer para ele. O contato com amigos espirituais pode ajudar a clarear compreensões mais profundas para a vida desses pacientes, fazendo conexões que poderiam passar desapercebidas. Também o socorro em situações muito sofridas, vivenciadas durante as regressões, é muito comum, dissolvendo energias doentias que afloram e que precisam ser eliminadas.
Contudo, o que percebo como a maior contribuição ocorrida nessas situações é uma certeza que surge na vida mental desses pacientes de que não estão sós, de que existe individualidades que trabalham em seu favor, conduzindo-os nas suas dificuldades de uma forma sutil mas real.
Costumo incentivar essa vivência que passa a ser uma referência de sustentação emocional para os momentos difíceis. Uma paciente, recentemente, vivenciou um encontro espiritual com uma mentora que lhe trazia tranquilidade e segurança. Sugeri que ela se envolvesse mais profundamente na relação, que se entregasse, e que, a partir dali soubesse que aquela mentora lhe seria uma fonte de apoio nas horas difíceis. Depois dessa experiência, ela passou a viver esse encontro, no seu imaginário, todas as vezes que se via prestes a entrar em uma crise de ansiedade, o que interrompia o processo e lhe restaurava a calma.
É certo para mim que esta não é a cura que esperamos para a paciente, mas uma estratégia de alívio para os momentos difíceis até que o resultado final da terapia seja alcançado.
Fazemos algo parecido também com crianças, através da criação de um animal de poder que, no imaginário infantil, traga uma sensação de segurança e força diante das adversidades.
A certeza de que somos protegidos por entidades angelicais é muito remota, sendo motivo de rituais de adoração desde a pré-história da humanidade. Contudo, enquanto essa proteção fica a nível de crença, se sujeita à fé com que as pessoas a investem. Mas quando essa convicção se sustenta em uma experiência real de encontro e troca, como a que pode ocorrer em uma sessão regressiva, adquire uma força capaz de aliviar sintomas e encorajar enfrentamentos, sendo uma estratégia psicoterápica transpessoal de muita eficiência.
João Carvalho Neto
Psicanalista, autor dos livros
"Psicanálise da alma" e "Casos de um divã transpessoal".
www.joaocarvalho.com.br
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