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quinta-feira, 18 de abril de 2013

PHILOKÁLIA - A PSICOLOGIA DOS CRISTÃOS DO ORIENTE:



“Nos antigos tempos, a Psicologia ocultava-se inteligentemente
nas formas graciosas das dançarinas sagradas,
no enigma dos estranhos hieroglifos, nas belas esculturas,
na poesia, na tragédia e até na música deliciosa dos Templos.

(Samael Aun Weor)
A Psicologia Gnóstica, ou Psicologia da Nova Era Aquariana, é radicalmente diferente de tudo quanto antes se conheceu com esse nome. Desde os antigos tempos, nos distintos cenários do teatro da vida, a verdadeira Psicologia representou sempre seu papel, disfarçada inteligentemente com a roupagem da Filosofia.
Às margens do Ganges, na Índia sagrada dos Vedas, desde a noite aterradora dos séculos, existem formas de Yôga que no fundo vêm a ser a pura Psicologia Experimental dos altos vôos. Os Sete Yôgas sempre foram descritos como procedimentos psicológicos.
No mundo árabe, os sagrados ensinamentos dos súfis, em parte metafísicos, em parte religiosos, são de ordem totalmente psicológica. Na velha Europa, até finais do século 19, a Psicologia disfarçou-se com o traje da Filosofia para poder passar despercebida. A Filosofia, apesar de todas as suas divisões e subdivisões, como a lógica, a teoria do conhecimento, a ética, a estética etc., é fora de toda dúvida, em si mesma, cognição mística da Consciência, do Ser, funcionalismo cognoscitivo da consciência desperta.
Enfim, qualquer estudo profundo e sério das religiões comparadas vem demonstrar-nos que na literatura sagrada, ortodoxa, de diversos países e épocas, existem maravilhosos tesouros da ciência psicológica. Investigações de fundo no terreno do gnosticismo permitem-nos achar uma maravilhosa compilação de autores gnósticos que vêm dos primeiros tempos do cristianismo e que se conhece com o título de Philokália.
Sem nenhuma dúvida, podemos afirmar que a Philokália é essencialmente psicologia experimental. Antes que a Ciência, a Arte, a Filosofia e a Religião se separassem para viver independentes, a Psicologia reinou soberana em todas as antiqüíssimas Escolas de Mistérios.
Quando os Colégios Iniciáticos fecharam suas portas ao mundo devido a esta Era de grande materialidade, chamada no Oriente de Kali-Yuga, ou Idade Negra em que ainda estamos vivendo, a Psicologia sobreviveu entre o simbolismo das diversas escolas esotéricas e muito especialmente no esoterismo gnóstico.
Quando todos compreendermos integralmente e em todos os níveis mentais o quão importante é se estudar o homem sob o ponto de vista da Psicologia Gnóstica, entenderemos então que a Psicologia é nada menos que o estudo dos princípios, leis e fatos intimamente relacionados com a transformação radical do indivíduo.

A Base da Philokália

A verdadeira base da Philokália reside em controlar os pensamentos por meio de uma grande paz e tranquilidade, a fim de evitar os obstáculos exteriores. O homem deverá, então, combater, talhar no bloco dos pensamentos negativos que o rodeiam e impulsionar-se até Deus sem ceder ante a vontade de seus pensamentos, senão que, ao contrário, em meio a suas dispersões, reunir os pensamentos malvados com os naturais.
O Ser, sob o peso do Ego, avança como que um rio que passa através de um canavial, como através de uma espessura de arbustos e sarças. Aquele que quiser atravessar esses obstáculos deve estender as mãos e, penosamente, separar à força os obstáculos que o aprisionam. Assim, os pensamentos do “Poder Inimigo” envolvem a Consciência. É necessário, pois, um grande zelo e uma extensa atenção de espírito para reconhecer os pensamentos intrusos do Poder Inimigo.
O Espírito é uma coisa e a Alma outra? O corpo tem diferentes membros e, sem embargo, se diz: Um homem. Igualmente a Psique possui vários membros: o Espírito, a Consciência, a Vontade, os Pensamentos…
Tudo isso está unido em um mesmo pensamento, e os membros da psique constituem o Homem Interior. Como os olhos do corpo percebem de longe os espinhos, assim o espírito prevê os enganos do Inimigo e previne a psique.

Sobre a Oração pela Respiração
(Ou, a Invocação Incessante do nome de Jesus)

Existe, na vida das Igrejas do Oriente, e da Igreja Ortodoxa Russa em particular, uma prática espiritual de oração muito profunda: a Oração de Jesus, ou Oração do Coração.
A mesma foi introduzida na Rússia por volta do século 14 e São Sérgio, o fundador do monaquismo russo, a conhecia e a praticava, assim como seus discípulos. Entre eles, Niil da Sora é um dos mais destacados. Outro monge muito conhecido, Paisij Velitchkovsky, a difundiu e a popularizou no século 18.
Porém, através das Igrejas do Oriente, esta prática remonta-se à tradição dos padres bizantinos Gregório Palamas, Simeón o Novo Teólogo, Máximo o Confessor, e Diadoco de Fotice, assim como os Padres do Deserto dos primeiros séculos Macário e Evágrio. Alguns chegam a vincular esta Oração aos próprios Apóstolos. Leiamos o que a Philokália diz: “Esta Oração nos vem dos Santos Apóstolos. Servia-lhes para orar sem interrupções, seguindo a exortação de São Paulo aos cristãos gnósticos de orar sem cessar”.
Esta tradição espiritual teve seus principais focos nos monastérios do Sinai a partir do século 15, e no Monte Athos, especialmente no século 14. Desde fins do século 18 expandiu-se fora dos monastérios graças a uma obra, chamada Philokália, publicada em 1782 por um monge grego, Nicodemo o Hagiorita, e editada em russo pouco depois, por Velitchkovsky. Outra obra mais recente, Relatos de um Peregrino Russo, a popularizou no fim do século 19. Esse livro está extensamente difundido por toda a Rússia.
A Oração de Jesus é uma corrente da espiritualidade oriental. Porém, alguns veem nela uma tipo especial de mística esotérica psicológica.
Esta Oração apoia-se nas exortações apostólicas: “Orai sem cessar…” (Tes. I, 1: 17); “Fazei a todo tempo, mediante o Espírito, toda classe de orações…” (Ef. 6:18); e “… é necessário orar sempre sem descanso” (Luc. 18:1). As palavras da fórmula desta Oração podem variar, porém recomenda-se aplicar uma fórmula breve e fixa. Isso toma o nome de Oração Monológica.
A Philokália continua: “Que vossa Oração ignore toda multiplicidade. Uma só palavra basta ao publicano e ao filho pródigo para obterem o perdão de Deus. Que não exista afetação nas palavras de vossa oração: Quantas vezes o balbucio simples e monótono dos bebês comove seus pais! Não vos lanceis em longos discursos para não dissipar o vosso espírito na busca de palavras. Uma só palavra do publicano comoveu a misericórdia de Deus, uma só palavra cheia de fé salvou o ladrão. A prolixidade na oração a miúdo enche o espírito de imagens e o dissipa, enquanto uma só palavra tem por efeito recolhê-lo”.

A Respiração do Nome de Jesus

A respiração serve de suporte e de símbolo espiritual à Oração. “O nome de Jesus é um perfume que se expande” (Cant, 1:4) e que adoramos respirar. O sopro de Jesus é espiritual, cura, afasta os demônios, comunica o Espírito Santo (João 20: 2). O Espírito Santo é Sopro Divino (spiritus, spirare), expiração de amor no seio do Mistério Trinitário.
A Respiração de Jesus, como a pulsação do coração, deveria estar ligada sem cessar a esse mistério de amor, como também aos suspiros da criatura (Mat, 7: 34; 8: 12) e às aspirações que todo coração humano leva em si. “O mesmo Espírito intercede dentro de nós por gemidos inefáveis.” (Rom, 8: 26)
A função respiratória, essencial para a vida do organismo, está ligada à circulação do sangue, ao ritmo do coração, às fibras mais profundas de nosso Ser. A respiração profunda do Nome de Jesus é vida para a criatura: “O que dá a todos a vida, a respiração e todas as coisas… Nele temos a vida, o movimento e o Ser” (Atos, 17: 25 a 28). “Em lugar de respirar o Espírito Santo – diz Gregório Sinaíta – estamos transbordados pelo sopro dos elementos psicológicos indesejáveis.”
Adequando a oração ao ritmo respiratório, o espírito se acalma, encontra repouso (repouso = Hesychia; do grego, daí o nome Hesicaismo, dado a esta corrente espiritual da oração). O espírito libera-se da agitação do mundo exterior, abandona a multiplicidade e a dispersão, purifica-se do movimento desordenado dos pensamentos, das imagens, das representações, das idéias. Interioriza-se e se unifica ao mesmo tempo que ora com o corpo e se encarna. Na profundidade do coração, o espírito e o corpo reencontram sua unidade original e o ser humano recobra sua “simplicidade”. Convém buscar o silêncio do espírito, evitar todos os pensamentos, inclusive aqueles que parecem lícitos, fixar-se constantemente nas profundidades do coração e dizer: “Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, tem piedade de mim”.
“Recitando atentamente essa Oração, permanecerás sentado ou de pé, ou, inclusive, acostado, retendo a respiração, na medida do possível, para não respirar demasiadamente. Invoca o Senhor Jesus com um desejo fervoroso e em uma paciente expectativa, e abandona todo pensamento…
Se vês a impureza dos maus espíritos, ou seja, os pensamentos, encerrando o espírito no coração, invoca o Senhor Jesus sem cessar e sem distrações, e eles fugirão, invisivelmente queimados pelo Nome Divino. A hesychia consiste em buscar o Senhor em teu coração, ou seja, guardar seu coração na oração e encontrar-se constantemente no interior deste último…”
A noção de mérito está ausente da teologia oriental. Não vos inquieteis pelo número de orações a recitar. Que vossa única preocupação seja que a oração brote de vosso coração, vivente como uma fonte de água viva. Arrojai inteiramente de vosso espírito a idéia de quantidade. Trata-se de um exercício, certamente sustentado, que é chamado de “atenção”, ou inclusive de “sobriedade” ou “trabalho espiritual”, ou ainda, “guarda do coração”. É uma vigilância da oração que quer ser e advir incessante e penetrantemente na próprias fontes do coração.

A Oração do Coração

A Oração de Jesus é também chamada de Oração do Coração. Esta noção do coração é essencial na espiritualidade oriental e, em particular, na russa. Pode-se distinguir – e opor – o coração à cabeça. A cabeça seria o domínio do cerebral, do mental, do intelectual, do lógico, do racional… Porém, não deve ser reduzido unicamente ao domínio do afetivo, do sentimento. É um homem de coração, se diz às vezes, ou melhor, é uma mulher de cabeça. O coração é uma dimensão espiritual, onde tanto o corpo quanto a alma entremesclam suas raízes. O coração é a fonte vital do Ser.
“O coração é o amo e o rei de todo o organismo corporal, e quando a graça se apodera dos ‘pastos do coração’, reina sobre todos os membros e todos os pensamentos da alma, e é dali que ela espera o bem.” Alguns colocam o espírito no cérebro, como se fosse uma Acrópole, outros lhe atribuem a região central do coração, aquele que está livre de todo alento animal. Já o coração é designado como o centro do ser humano, a raiz das faculdades ativas do intelecto e da vontade.

A Iluminação do Coração

Quando a Oração de Jesus se converte na Oração do Coração, seu primeiro efeito é a iluminação psicológica. Não nos esqueçamos de que ela é o grito suplicante do cego para obter a cura (Lucas, 18: 38), ao que Jesus responde abrindo os olhos do enfermo e dando-lhe Luz. Os olhos do coração abrem-se à Luz Divina. O coração ilumina-se e, logo, todo o Ser (Mateus, 6: 22). “Quando a inteligência e o coração estão unidos na oração, e os pensamentos da alma não estão dispersos, o coração se amorna com um calor espiritual e a Luz de Cristo resplandece nele, enchendo de paz e alegria o homem interior.”
A iluminação, aportada pela Oração do Coração, vem somente da Graça de Deus. “Só a Graça Divina possui em si mesma a faculdade de comunicar a deificação aos seres de uma maneira analógica. Então, a natureza resplandece com uma luz sobrenatural e se encontra transportada por cima de seus próprios limites por uma sobreabundância de glória.”
Porém, a iluminação não se produz sem trabalho. Ela, às vezes, só é dada ao término de uma prolongada espera, de uma longa pena. Isso se deve a que o coração é também o domínio do pecado, do obscuro, das trevas. Lembremo-nos agora o sentido das palavras da Oração: “Senhor Jesus, tem piedade de mim, pecador”. É necessário forçar essa obscuridade pela contrição e o verdadeiro arrependimento se possível com lágrimas.
É a graça pelo enternecimento a que imprime na mirada e no rosto dos místicos do Oriente uma doçura semelhante. Na atmosfera do coração, uma vez purificado dos sopros dos espíritos maus (os eus) é impossível (foi dito) que não brilhe a Luz Divina de Jesus. Sempre, é claro, que não se encha de orgulho, vaidade e presunção.
Essa iluminação do coração procede de uma ação do Terceiro Logos (o Espírito Santo), que é Luz. Porém, é necessário não confundi-la com as aspirações, as visões, as “luzes” espirituais ou sensíveis. De fato, os Iniciados são unânimes em recomendar que não se busquem tais coisas. Não é necessário dedicar-se a elas, nem se deixar distrair por elas, pois se deve guardar uma grande sobriedade. A verdadeira Oração de Jesus é sempre a “oração pura”.

Oração Centrante da Philokália

Seguindo a sugestão de Jesus de que o pecado ou o mal começa com nossos pensamentos, Evágrio categoriza oito tipos de pensamentos: aqueles sobre o Desejo – Gula, Concupiscência, Avareza –, e aqueles de aversão ou irritabilidade – Tristeza, Raiva, Vanglória e Orgulho.
O oitavo é Acedia, ou a Apatia, que é considerado o mais sério tipo de pensamento, pois envolve a tentação de desistir da jornada espiritual.
Evágrio reconhece que os obstáculos à nossa total consciência de Deus, de estar em Paz em Deus, começa com os pensamentos, que nos retiram de nosso centro e de nosso completo descanso em Deus.
Aprendendo a controlar os pensamentos, não dando Atenção ou colocando a Intenção neles, estes perdem seu poder sobre nós. Com o passar do tempo, começamos a atingir graus no estado de Apatheia (não a apatia que conhecemos, como um estado de não-desejo, de não comprometimento com, langor, mas o desapego/desprendimento, a não identificação em relação às coisas criadas), que é o estado de calma, tranqüilidade ou paz, fruto da liberdade das paixões e inquietações.
Aqueles que rezam atingem a liberdade, permitindo que pensamentos nasçam e desapareçam sem que estes atinjam o patamar do desejo (de, por exemplo, realizar o pensamento).
Esta é uma compreensão que é chave para o entendimento do caminho da paz e da liberdade. Para Evágrio, isso é o portal, e apenas o portal para o exercício pleno da Fé, que é dar o nosso radical consentimento à Presença e Ação de Deus em nós. Mas esta é uma grande compreensão psicológica e espiritual em relação à libertação, tanto do pecado como dos nossos estados emocionais.
A auto-observação juntamente com a Oração no Coração de Jesus são a base do Pensamento Cristão Oriental.
Ambos se iniciam com pensamentos. Quanto mais conscientes estamos dos pensamentos, mais podemos fazer nossas escolhas entre nossos pensamentos, selecionar aqueles aos quais damos volição (aqueles nos quais nos deleitamos, desejamos ficar com), bem como arcar com as conseqüências dos mesmos. Discernimos se os pensamentos nos levam à paz e a Deus, ou para longe da paz e maior desarmonia com a Presença de Deus dentro de nós. Também chegamos ao estado de puro Ser, que é abaixo, acima, e além do Conhecimento.
A “prática”, então, conduz à apatheia – Apatia –, que, por sua vez, conduz a um grande desejo para o amor de Deus, que conduz à intencionalidade e ao consentimento radical da entrega, de abandonar a nós mesmos, nossas vidas, nossa vontade a Deus que habita em nós.
O segundo elemento da prática é o de buscar através de imagens e do mundo natural os significados internos da Criação. Este é o modo catafático, o caminho da reflexão, que busca de modo encarnacional e intelectual um estado de maior devoção e compromisso com o caminho espiritual, mantendo a mente fixa em Deus. Então, de certa forma, o apego aos pensamentos é substituído por pensamentos relacionados à busca de Deus.
O terceiro elemento da prática é a contemplação de Deus, ou oração pura. Este é o caminho apofático da oração sem imagens, que as duas primeiras práticas preparam. É então o abandono de todos os pensamentos que preparam a pessoa como um vaso, pronto a receber o presente da contemplação, que é a consciência direta da Presença Divina. “Feliz é o espírito que atinge a perfeita ausência de formas na hora de sua oração… Feliz é o espírito que atinge a completa não-consciência de toda experiência sensível na hora da oração.” (Evágrio Pôntico)
A prática de rezar com uma palavra ou frase das Escrituras foi levada ao monasticismo ocidental na prática da Lectio Divina, que permanece até hoje. Santo Isaías o Solitário, um monge do deserto da Palestina, confirmou que na prática da “lembrança de Deus”, que é um despertar para ou um descobrir a Presença Divina que habita no interior do homem, os pensamentos tornam-se um obstáculo a essa plena realização. Interessante observar que ele usa um termo para oração, “lembrança de Deus”, usada pelos súfis na prática do Zikr (“Recordação”, que são os cantos repetitivos, como por exemplo La Illah illa Allah, Não há outro Deus senão Deus, ou Allah Hai, Deus é a Verdade).
Contudo, ele não formula uma metodologia para manter essa prática. João Cassiano, importantíssimo Padre do Deserto, em cujos relatos (São Bento mais tarde basearia sua Regra dos Monges nos ensinos dele), do monasticismo egípcio, na Conferência Dez, detalha o uso de uma fórmula de oração usada como recurso para focalizar a concentração na oração. Ele relata como os monges do deserto incorporaram uma palavra ou frase da Escritura como sua Palavra de Oração. Usando uma “Palavra de Salvação” na oração, ou no dar uma Palavra de Salvação nos Ensinamentos e Bênçãos, era então prática comum.
Ele recomenda uma frase de um salmo, “Ó Deus, venha em meu auxílio; Ó Senhor, apressai-vos em socorrer-me”. Ele vê essa repetição consciente, não mecânica, como uma fórmula de oração continuada a ser usada e incorporada na consciência, de maneira que se torne o “orar sem cessar” (de que nos fala São Paulo).
Ele não receita ou dá instruções sobre como lidar com os pensamentos, mas, ao contrário, focaliza na “intenção” pela qual o devoto retorna incessantemente à sua fórmula de oração, direcionando todos os pensamentos e desejos para Deus (note aí o início da Oração Centrante). O deleite derivado dessa oração permite ao devoto voltar-se de pensamentos e prazeres que distraem e direcioná-los para Deus somente.
O fim dessa transformação pessoal é habitar no Amor. “Então, será realizado em nós o que nosso Salvador rezou quando falava a Seu Pai: “Que o Amor que Tu me tens esteja neles e eles em nós”.
A Oração de Cassiano permanece como invocação primeira na liturgia das horas até hoje. Em seguida a Cassiano, houve um aprofundamento maior em relação à oração na tradição do deserto. Talvez o mais importante desenvolvimento desse período, que continua na tradição Ortodoxa Oriental até nossos dias, foi o da Oração de Jesus, como uma poderosa e onipresente forma de “lembrança de Deus”.
Pensava-se no poder da palavra “Jesus”, que, em si mesma, continha um efeito “salvífico” e purificador, além do auxílio psicológico no desapego de pensamentos perturbadores.
A tradição oriental da oração do deserto é talvez mais bem expressa por João Clímaco, um monge que viveu perto do Sinai por volta do ano 600. Ele pregava a oração de uma frase, chamada monologistos. Ele acrescentou a dimensão de harmonizar a palavra com a respiração. Em sua obra Escada da Ascensão Divina, ele dá maiores dimensões da prática contemplativa ortodoxa oriental. A prática assim é apresentada, um passo após o outro:
1. Aquietar os pensamentos (apothesis).
2. A lembrança de Jesus unida à respiração, conduzindo a apreciação da Quietude (hesychia). A fase inicial é o deixar de lado as distrações na prática do monologistos, a fase mediana é a concentração no que está sendo dito, e a conclusão que é o arrebatamento em Deus. O resultado dessa prática é a conversão de todo desejo em um único desejo, Deus. “Conheço hesicaístas cujo ímpeto inflamado por Deus é sem-limites. Eles geram fogo por fogo, amor por amor, desejo por desejo.” (João Clímaco)
O uso da Oração de Jesus, ou Oração do Coração, passa por maior desenvolvimento na tradição oriental, até o presente. E, Philotheus do Sinai, em seus Escritos da Philokalia, sobre a Oração do Coração, também estende na psicologia dos pensamentos, pecado e vícios.
Ele descreve a habilidade da mente em resistir ou desapegar-se de pensamentos e, conseqüentemente, encontrar maior liberdade. Ele descreve o processo de enredar-se (prender-se) em pensamentos como se segue.
1. Impacto: o primeiro estágio quando o pensamento ou imagem é produzido na mente.
2. Identificação: quando a mente se engaja com algum ato da vontade ou interesse no pensamento ou imagem, apego, em vez de desapego.
3. Mesclando-se ou fundindo-se com o pensamento: o envolvimento da vontade e da ação com o pensamento ou imagem escolhida.
4. Aprisionamento: a imagem ou pensamento tornam-se ativos em uma escolha consciente na direção da ação ou dependência, ou completo envolvimento no pensamento ou imagem de um modo inarmônico com a busca de Deus. Essa compreensão é consistente com as teorias cognitiva/afetiva e cognitiva/comportamental da Psicologia contemporânea.
Em resumo, nos relatos dos Padres e Madres do Deserto monástico, estes buscaram aprofundar sua busca da experiência de Deus. Na sua busca e descobertas temos o essencial do que conhecemos ser uma bem formulada prática da Oração Centrante.
Estas incluem, em primeiro lugar, a teologia da Presença Divina em nós e a afirmativa que a promessa dos Evangelhos de Jesus serão cumpridas em nosso despertar para e em nosso consentimento à Presença e Ação de Deus dentro de nós.
Outro ensinamento essencial é que há um método simples, um modo de consentir e obter a vitória sobre os obstáculos de nossos próprios pensamentos, nossa parcela da condição humana, a paz mais profunda, alegria e completa transformação em Deus, ao rezarmos no silêncio e na quietude no centro mais profundo de nosso Ser.
Podemos facilitar o processo com um simples fundamento numa Palavra Sagrada, que é nosso Símbolo do consentimento radical à Presença e ação transformativa de Deus em nós.
Com o tempo nossa Intenção é purificada e fortalecida, de modo que perpassa toda a nossa prática de oração, toda a nossa vida, conduzindo a um maior abandono a Deus. E, ao final, os frutos dessa transformação em Deus levam a uma maior capacidade de amar a Deus, a nós mesmos, uns aos outros e o mundo onde vivemos e a servir ao mundo com paz e justiça.

Apotegmas dos Iniciados do Deserto

Evágrio: “Suprime as relações numerosas se não quiseres que teu espírito divague e turve tua soledade (hesychia)”.
Cronios: “Que a alma pratique a sobriedade, afasta-te das distrações e renuncia às suas vontades; então, o Espírito de Deus se aproximará a ela”.
Poimen: “Temos necessidade de uma só e única coisa, que é uma alma sóbria”. “O princípio de todos os males é a distração”.

Recomendações Finais

Se você quer realmente render culto a Deus, mantenha no segredo de seu coração uma pregação ininterrupta, e assim sua alma chegará a Ser, ainda antes da morte, igual aos anjos.
Nosso corpo, privado da alma, está morto e cheira mal. Assim é a alma indolente ao Ensinamento, está morta, é miserável e mal cheirosa.
A cada uma de vossas respirações, agregue a sobriedade do espírito e o Nome de Jesus, a meditação sobre a morte e a humildade.
Fale de Deus com mais freqüência, mais do que você usa para comer algum alimento.
Dedique-se a pensar em Deus mais do que você respira.
É mais necessário recordar a Deus do que respirar.
Posted: 17 Apr 2013 04:00 PM PDT
Magia Cósmica
Existem Leis Cósmicas que ligam o Microcosmo-Homem e o Macrocosmo-Galáxia. Determinadas funções, órgãos, glândulas e sistemas estão em Ressonância com as Vibrações dos Planetas, dos Sóis, das Constelações, das Galáxias, dos Infinitos etc.
Conhecendo as práticas esotéricas entregues pelo Gnosticismo, podemos aproveitar essa inter-relação das vibrações dos Corpos Siderais e o ser humano para nosso crescimento, tanto interna (espiritualmente) quanto externamente (saúde, profissão, segurança, matrimônio etc.).
Qual é o “mediador” entre essas Forças Cósmicas e o homem? São os famosos Chacras (ou Chakras), mencionados pelos grandes esoteristas de todos os tempos. O que são Chacras e como atuam para captar a energia que vem do Alto?

Os Chacras

Lembremo-nos que a Gnose nos ensina que o homem é um trio de Corpo, Alma e Espírito. Entre o Espírito e o Corpo existe um mediador, que é a Alma. Os Gnósticos sabemos que a Alma está vestida com um traje maravilhoso. Esse á o Corpo Astral. Já sabemos por nossos estudos gnósticos que o Astral é um Duplo organismo formado de maravilhosos sentidos internos.
Os grandes clarividentes nos falam dos sete chacras e o senhor Leadbeater os descreve com riqueza de detalhes. Esses chacras são realmente os sentidos do Corpo Astral. Ditos centros magnéticos encontram-se em íntima correlação com as glândulas de secreção interna.
No laboratório do organismo humano existem sete ingredientes submetidos a um tríplice controle nervoso. Os nervos, como agentes da Lei do Triângulo, controlam o setenário glandular.
Os três controles nervosos diferentes que interatuam entre si são os seguintes:
1º. O sistema nervoso cérebro-espinhal, agente das funções Conscientes.
2º. O sistema grande-simpático, agente das funções Subconscientes, Inconscientes e Instintivas.
3º. O sistema parassimpático, ou vago, que controla Freiando as funções instintivas, sob a direção da mente.
O sistema cérebro-espinhal é o tronco do Espírito Divino. O sistema grande-simpático é o veículo do astral. O vago ou parassimpático obedece às ordens da mente.
Três raios e sete centros magnéticos são a base para qualquer cosmo, tanto no infinitamente grande como no infinitamente pequeno. “Tal Como É Acima, É Abaixo”.
As sete glândulas mais importantes do organismo constituem os sete laboratórios controlados pela Lei do Triângulo. Cada uma dessas glândulas tem seu exponente em um chacra do organismo. Cada um dos sete chacras se acha radicado em íntima correlação com as sete “igrejas do Apocalipse” da medula espinhal. As sete igrejas da espinha dorsal controlam os sete chacras do sistema nervoso grande-simpático. Conseqüentemente, as glândulas e os chacras são os mediadores entre o Cosmo Infinito e nossos Mundos Interiores, tanto biológicos quanto psíquicos (veja a Tabela abaixo).

Mantras – As Chaves que nos Conectam com o Infinito

Existem algumas Chaves que nos permitem trabalhar com as Energias Sagradas do Espaço Infinito. Uma dessas chaves são os Mantras (para mais informações sobre os Mantras, Clique Aqui). Cada flor, cada montanha, cada rio, cada planeta, cada sol, cada constelação e galáxia… têm sua vibração peculiar, que se expressa como cor, som, energia, poder etc. Podemos chamar a isso de Nota Síntese. O conjunto de todas as vibraçõesque se produzem num globo planetário, por exemplo, vem a ser a Nota Síntese no Coro imenso do espaço infinito. Cada mundo tem sua Nota-Chave. E o conjunto de notas-chave do Infinito forma a Grande Orquestra Inefável dos espaços estrelados. Eis aqui a Música das Esferas de que nos falava Pitágoras.
Vocalizando constantemente e de forma perseverante as 7 Notas Musicais da Natureza (I – E – O – U – A – M – S), os sete mantras fundamentais da Creação, entramos em Ressonância com o Todo, com a Vida, com Deus e com os Deuses… para assim nos beneficiarmos em nosso Crescimento Interior rumo à Consciência Cósmica!

Relação Entre as Glândulas e os Planetas do Sistema Solar de Ors

GLÂNDULAPLANETA
PinealNetuno
PituitáriaPlutão
TireoideVênus
ParatireoidesMarte
TimoLua
FígadoSaturno
PâncreasSol
SuprarrenaisMercúrio
BaçoJúpiter
Glândulas SexuaisUrano

Relação Entre as 12 Partes de Nosso Organismo e o Cinturão Zodiacal


PARTES DO CORPOCONSTELAÇÃO
CabeçaÁries
Garganta e MãosTouro
Braços e PulmõesGêmeos
Estômago e BrônquiosCâncer
Coração e ColunaLeão
AbdomeVirgem
RinsLibra
Órgãos SexuaisEscorpião
Quadris e CoxasSagitário
Joelhos e JuntasCapricórnio
PanturrilhasAquário
PésPeixes

Relação Entre os 7 Planetas, seus Arcanjos, Cores, Virtudes Fortalecidas e Defeitos


PLANETAARCANJOCORVIRTUDEDEFEITO
LuaGabrielPrataTemperançaGula
MercúrioRafaelVerdeDiligênciaPreguiça
VênusUrielRosaCastidadeLuxúria
SolMichaelOuroHumildadeOrgulho
MarteSamaelVermelhoForçaIra
JúpiterZakarielMarinhoDesapegoCobiça
SaturnoOrifielBrancoEquilíbrioInveja

Relação dos 7 Cosmos, Número de Leis de Cada Cosmo, Localização e Nota-Síntese


COSMOLEISLOCALIZAÇÃONOTA
Protocosmo1Absoluto
Ayocosmo3Sóis CrísticosSI
Macrocosmo6Via-Láctea
Deuterocosmo12Nosso Sistema Solar (ORS)SOL
Mesocosmo24Terra
Microcosmo48Seres HumanosMI
Tritocosmo96Inferno
Posted: 17 Apr 2013 06:00 AM PDT
Tantrismo
A descida à Nona Esfera foi, nas antigas e grandes civilizações que nos precederam no decurso da história, a prova máxima para a suprema dignidade do Hierofante. Hermes, Buda, Jesus, Dante, Zoroastro e muitos outros grandes Mestres tiveram que passar por essa difícil prova.
Lembrai-vos, amadíssimos discípulos, de que a Nona Esfera é o sexo. Muitos são os que entram na Nona Esfera, mas é muito raro encontrar alguma pessoa que saia vitoriosa dessa difícil prova. A maior parte dos estudantes ocultistas vive mariposeando de escola em escola, de loja em loja, como curiosos, sempre em busca de novidades, sempre à caça de todo conferencista novo que chegue à cidade. E, quando algum destes estudantes resolve trabalhar com o Arcano AZF, quando resolve baixar à Nona Esfera para trabalhar com o Fogo e a Água, o faz como sempre, “buscando”, sempre curioso e sempre néscio.
O estudante ocultista tenta sempre transformar tudo em “escolinhas e teorias”. Se resolve entrar na Nona Esfera, o faz como se estivesse entrando em mais uma escola. Como sempre um imbecil, um curioso, um tolo.
Difícil é achar um aspirante sério que se defina de verdade pela Senda do Matrimônio Perfeito. Às vezes aparecem alguns estudantes aparentemente muito maduros e sérios, mas logo se vê o que há por trás das aparências. Triste realidade, porém essa é a verdade dessa vida.
As provas da Nona Esfera, são muito sutis e delicadas. O médico aconselha o devoto a fornicar, porque senão corre o risco de adoecer. As comadres metem medo na esposa. Os irmãozinhos de todas as organizações espiritualistas assustam o estudante. Os magos das trevas, disfarçados de santos, aconselham o devoto a derramar santamente o sêmen. Os pseudossábios ensinam ao aspirante magia sexual negativa com derramamento do sêmen. A forma de ensinar, o requinte sublime e místico que esses tenebrosos, disfarçados de santos, dão à sua doutrina, conseguem desviar o devoto e afastá-lo da Senda do Fio da Navalha, e então o estudante cai na magia negra.
Quando o estudante se desvia, se crê mais sábio que os Mestres da Gnose. Realmente, os fracassados da Nona Esfera, os que não conseguem passar as árduas e longas provas deste Arcano, convertem-se de fato em demônios terrivelmente perversos. E o pior do caso é que nenhum demônio se considera mau e perverso, mas pelo contrário, todo demônio se acha santo e sábio.
No começo, com as práticas de Magia Sexual, o organismo se ressente, às vezes inflamam-se as glândulas sexuais e as parótidas, a cabeça dói, sente-se uma espécie de tontura etc. Isso horroriza os curiosos mariposeadores de “escolinhas”, que fogem aterrorizados, buscando refúgio, como sempre, em alguma nova escolinha. Assim passam a vida estes pobres “tontos”, sempre buscando, sempre mariposeando de “flor em flor”. Até que um belo dia morrem sem terem conseguido nada. Perderam o tempo miseravelmente. Chegada a morte, esses néscios convertem-se em legião de demônios que continuam.
A Nona Esfera é definitiva para o aspirante à realização. Repito que é impossível autorrealizar-se intimamente, sem haver encarnado a Alma. Ninguém pode encarnar a Alma, se não engendrou o Astral Cristo, a Mente Cristo e a Vontade Cristo. Os atuais veículos internos do homem mencionados pela Teosofia são apenas simples formas mentais que todo homem deve dissolver quando intenta autorrealizar-se intimamente.
Necessitamos nascer e isso de nascer é, foi e será sempre um problema absolutamente sexual. É necessário nascer e para tal tem-se que descer à Nona Esfera. Esta é a prova máxima para a suprema dignidade do Hierofante. Esta é a prova mais difícil. É muito raro encontrar alguém que possa passar essa difícil prova. Comumente, todo mundo fracassa na Nona Esfera.
É mister que os esposos se amem profundamente. Costuma-se confundir o desejo com o amor. Todo o mundo canta ao desejo, confundindo-o com isso que se chama Amor. Só aqueles que encarnam sua Alma sabem o que é Amor. O Eu não sabe o que é Amor, pois o Eu é desejo.
Quem encarna sua Alma torna-se então um Buda. Todo Buda deve trabalhar na Nona Esfera para encarnar o Cristo Interno. Na Nona Esfera nasce o Buda. Na Nona Esfera nasce o Cristo. Primeiro devemos nascer como Buddhas e depois como Cristos.
Bendito seja o Amor. Benditos os seres que se amam verdadeiramente. Benditos aqueles que saem vitoriosos da Nona Esfera.

Os Mete-Medo

Muitos pseudoesoteristas cometeram genocídios inqualificáveis. Realmente, os mete-medos contra a Kundalini são um verdadeiro genocídio. É um crime inqualificável contra a humanidade dizer às pessoas, em livros impressos, que despertar a Kundalini é perigoso. Os propagadores de mete-medos contra a Kundalini, são piores que os criminosos de guerra.
Estes últimos cometem crimes contra as pessoas, porém os pseudo-esoteristas propagadores de mete-medos cometem crimes contra a Alma. Quem não desperta a Kundalini não pode encarnar sua Alma. Quem não desperta a Kundalini fica sem Alma, perde sua Alma.
É falso dizer que a Kundalini possa despertar sem que a pessoa progrida moralmente e que portanto tenha que aguardar, até que se realize o dito progresso. O desenvolvimento da Kundalini está controlado pelos méritos do coração. Nós fornecemos instruções concretas sobre a Kundalini e toda verdadeira cultura serpentina conhece profundamente o caminho.
Não é verdade que o Kundalini possa entrar por caminhos diferentes, quando se pratica Magia Sexual Branca. Somente quando se pratica Magia Sexual Negra a Kundalini desce para os infernos atômicos do homem e converte-se na cauda de Satã. Também é falsa aquela absurda afirmação dos mete-medos, de que a Kundalini pode sair do canal medular, romper tecidos, produzir terríveis dores e até ocasionar a morte.
São absolutamente falsas essas afirmações dos assassinos de almas, porque cada uma das sete serpentes tem os seus Mestres especialistas que vigiam o estudante, que nunca é abandonado em seu trabalho. O estudante, quando desperta a primeira serpente, é atendido por um especialista, quando desperta a segunda serpente é atendido por outro especialista e assim sucessivamente. Esses especialistas conduzem a serpente pelo canal medular.
Nenhum estudante está abandonado. Os especialistas têm de responder pelo estudante. Os especialistas vivem no Mundo Astral.
A Kundalini só desperta negativamente, quando se derrama o sêmen. Quem pratica Magia Sexual sem derramamento de sêmen, nada tem a temer.
Ninguém pode ativar os aspectos superiores da Kundalini, sem uma perfeita santidade. É uma inverdade dizer que existem funestas possibilidades para a prematura ativação da Kundalini. Tal afirmação é falsa porque não pode existir a ativação prematura do fogo. A Kundalini só pode ser ativado à custa de santificações. A Kundalini não sobe uma vértebra sequer, se as condições de santidade requeridas para tal vértebra não foram conquistadas. Cada vértebra possui suas condições morais de santidade.
Portanto, é falso e estúpido afirmar que a Kundalini possa despertar ambição, orgulho, ou intensificar todas as baixas qualidades e paixões animalescas do Ego animal. Os que se utilizam desses mete-medos para afastar os estudantes do real caminho são verdadeiros ignorantes, porque a Kundalini despertado com Magia Sexual Branca não pode progredir nem um só grau, se não houver santidade verdadeira.
A Kundalini não é uma força cega, nem tampouco uma força mecânica. A Kundalini está controlada pelos fogos do coração e só se desenvolve à base de Magia Sexual e de Santidade.
Temos de reconhecer que no México a cultura serpentina foi e continua sendo formidável. Cada escultura asteca é um livro maravilhoso de ciência oculta. Ficamos extasiados ao contemplar Quetzalcoatl, com a Serpente enroscada em seu corpo e o Lingam-Yoni em suas mãos. Ficamos assombrados ao contemplar a gigantesca Serpente devorando o mago. Enchemo-nos de singular veneração ao ver o Tigre com um Falo pendurado ao pescoço. Realmente o Verbo está no Falo.
Na cultura asteca não há mete-medos. Cada livro de pedra, cada Lamen indígena, está nos convidando para o despertar da Kundalini. Urge primeiramente despertarmos a Kundalini e depois sermos devorados pela Kundalini. Necessitamos ser tragados pela cobra. É necessário que a Kundalini nos trague.
Necessitamos ser devorados pela Serpente. Quando o homem é devorado pela Serpente, converte-se também em Serpente. Só a Serpente Humana pode encarnar o Cristo. Cristo nada pode fazer sem a Cobra.
As autênticas culturas asteca, maia, egípcia, caldeias etc., são culturas serpentinas, que não podem ser compreendidas sem a Magia Sexual e sem a Kundalini.
Toda a cultura asteca é serpentina. Toda autêntica e verdadeira civilização é serpentina. A civilização sem a Sabedoria da Serpente não é realmente civilização.

Ascensão e Descida da Kundalini

Estão mentindo terrivelmente os pseudoesoteristas ao afirmarem que a Kundalini, depois de subir até o chakra coronário ou Loto das Mil Pétalas, desce novamente até ficar guardado na Igreja de Éfeso ou centro coxígeno. A Kundalini só desce quando o Iniciado se deixa cair. O Iniciado cai quando derrama o sêmen. O trabalho para levantar a Serpente, depois de haver-se caído, é muito árduo e difícil. O Senhor de Perfeição disse: “O discípulo não deve deixar-se cair, porque o discípulo que se deixa cair terá depois que lutar muitíssimo para recuperar o perdido”.
Os hindus dizem que no interior do canal medular há um canal chamado Sushumna, dentro do qual há outro canal chamado Vajrini e dentro deste um terceiro chamado Chitrini, “tão fino como o fio da aranha, no qual estão enfiados os chakras, à semelhança dos nós de uma cana de bambu”. Assim falam os livros sagrados da Índia e nós sabemos que a Kundalini sobe por Chitrini única e exclusivamente com o Maithuna, Magia Sexual, Arcano AZF.
Nós praticamos a meditação interna para alcançar o êxtase, mas sabemos muito bem que a Kundalini não desperta com a meditação, porque a Kundalini é sexual. É falso assegurar que se consegue o despertar do Kundalini com a meditação. A meditação é uma técnica para receber informação. A meditação não é nenhuma técnica para despertar a Kundalini. Os pseudoesoteristas fizeram muito dano com sua ignorância.
Na Índia existem sete escolas fundamentais de Ioga e todas elas falam da Kundalini. De nada servem essas escolas de Ioga, se nelas não se estuda o Tantrismo. O melhor do Oriente é o Tantrismo. Em toda autêntica escola de Ioga Esotérica pratica-se o Maithuna (Magia Sexual). Isso é Tantrismo. Os Tantras conferem à Ioga valor fundamental.
No centro do Loto do Coração existe um triângulo maravilhoso. Triângulo este que existe também no chakra coccígeo e no chakra frontal, sendo que há em cada um destes chakras um nó misterioso. Estes são os três nós. Estes nós guardam um profundo significado. Eis aqui três mudanças fundamentais no trabalho com a Serpente. No primeiro nó (Igreja de Éfeso) abandonamos o sistema de derramar o sêmen. No segundo nó (Igreja de Tiátira) aprendemos a amar verdadeiramente. No terceiro nó (Igreja de Filadélfia) alcançamos a verdadeira sabedoria e vemos clarividentemente.
A Kundalini em sua ascenção tem que desatar os três nós misteriosos. Os pseudoesoteristas maravilham-se pelo fato de que os primitivos iogues hindus não mencionem quase os chakras etéricos ou plexos e por outro lado dediquem toda sua atenção aos chakras do espinhaço e à Kundalini.
Realmente, os primitivos iogues hindus eram tântricos e praticaram o Maithuna. Foram verdadeiros iniciados na sabedoria da Serpente, pois sabiam perfeitamente que na medula e no sêmen se acha a chave de nossa redenção. Eles compreendiam que a Kundalini desperto abre os chakras espinhais e que estes por sua vez põem em atividade os chakras dos plexos. O principal é, pois, os Chakras Espinhais e a Serpente. E isto sabiam muito bem os grandes sábios e os patriarcas das arcaicas civilizações serpentinas.
Nos três triângulos dos chakras básico, cardíaco e frontal, a Deidade está representada por um Lingam sexual, o que diz muito, mas os ignorantes ilustrados sempre buscam evasivas e desculpas para alterar a verdade. Mas não é justo que os pseudo-esoteristas continuem enganando, consciente ou inconscientemente, a pobre humanidade doente. Nós estudamos a fundo as grandes civilizações serpentinas e por isso falamos claramente, para que se salvem verdadeiramente os que quiserem se salvar.
Aqui estamos nós para dizer a verdade, e a dizemos, mesmo que os pseudo-ocultistas e infrassexuais se declarem nossos piores inimigos. Temos de dizer a verdade e a dizemos com muito prazer.
É necessário trabalhar com a Kundalini e desatar os três nós. Os três nós são os três triângulos que transformam nossa vida com Castidade, Amor e Sabedoria.

O Espasmo Sexual

A Loja Branca proibiu totalmente e de modo absoluto o espasmo sexual. É absurdo chegar até o espasmo. Os que estão dispostos a evitar a ejaculação seminal, sem abandonar o prazer do espasmo (gozo que precede à ejaculação), podem sofrer consequências desastrosas para seu organismo. O espasmo é muito violento. Tal violência contra o organismo trará como resultado impotência, danos ao sistema nervoso, etc. Todo aquele que pratica Magia Sexual deve retirar-se do ato amoroso muito antes do espasmo.
Os médicos conhecem sobejamente os motivos pelos quais quem pratica Magia Sexual deve retirar-se antes do espasmo. A Magia Sexual deve ser praticada só uma vez por dia e jamais duas ou mais vezes. Jamais na vida se deve derramar o sêmen. Jamais, jamais, jamais. Esta é a ordem da Loja Branca. Todos temos que entendê-la e obedecê-la.
Se por desgraça vier o espasmo, contra a nossa vontade, os discípulos devem retirar-se do ato imediatamente e tomarem logo a posição de barriga para cima, isto é, ficarem em decúbito dorsal, a fim de refrear o espasmo com os seguintes movimentos:

Indicação

Fazer o supremo esforço que uma mulher faz para parir, enviando a corrente nervosa para os órgãos sexuais, esforçando-se para fechar com a corrente nervosa os esfíncteres ou portas de escape, por onde o licor seminal costuma escapar. Trata-se de um esforço inaudito.
Inspirar, como bombeando ou fazendo subir com a respiração o licor seminal até o cérebro. Ao inalar o ar deve-se vocalizar o mantra HAM imaginando que essa energia sobe até o cérebro e passando depois ao coração.
Exale a seguir o alento, imaginando que a energia sexual está se fixando no coração e vocalize o mantra SAH.
Se o espasmo é muito forte, refreie, e torne a refrear, e continue a inspirar e a expirar com a ajuda do mantra HAM-SAH.
HAM é masculino e SAH é feminino. HAM é solar e SAH é lunar. Tem-se que expulsar rapidamente o ar pela boca produzindo o som SAH, de forma suave e deliciosa. Tem-se de inspirar com a boca entreaberta, cantando mentalmente o mantra HAM.
A ideia primordial deste exercício esotérico é a de inverter o processo respiratório, tornando-o verdadeiramente positivo. No estado atual predomina o aspecto negativo ou lunar SAH, que vem produzir a descarga seminal. Invertendo o processo respiratório mediante esta prática, a força centrífuga converte-se em centrípeta e o sêmen flui então para dentro e para cima.

Ampliação

Essa indicação que acabamos de dar para os casos de espasmo, pode também aplicar-se em geral a toda prática de Magia Sexual. Toda prática de Magia Sexual pode finalizar com este exercício maravilhoso. O trabalho na Nona Esfera significa luta, sacrifício, esforço, vontade. Os fracos fogem espavoridos, horrorizados da Nona Esfera. Aqueles que são devorados pela Serpente, convertem-se em Serpentes, em Deuses.
Samael Aun Weor, O Matrimônio Perfeito. Este livro encontra-se disponível na Biblioteca Gnóstica
http://www.esotera.com.br/

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