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terça-feira, 26 de março de 2013

AS LINHAS DE UMA FLOR:


As linhas de uma flor

As linhas de uma flor
Pede-se a uma criança: “Desenha uma flor!” Dá-se-lhe papel e lápis. A criança vai sentar-se no outro canto da sala onde não há mais ninguém.
Passado algum tempo o papel está cheio de linhas. Umas numa direção, outras noutras. Umas mais carregadas, outras mais leves. Umas mais fáceis, outras mais custosas.
A criança colocou tanta força em certas linhas que o papel quase não resistiu. Outras eram tão delicadas que apenas o peso do lápis já era demais.
Depois a criança vem mostrar essas linhas às pessoas: uma flor! As pessoas não acham parecidas essas linhas com às de uma flor!
Contudo a palavra flor andou por dentro da criança, da cabeça para o coração e do coração para a cabeça, à procura das linhas com que se faz uma flor. E a criança pôs no papel algumas dessas linhas, ou todas.
Talvez as tivesse posto fora dos seus lugares, mas, são aquelas as linhas com que Deus faz uma flor!
*   *   *
O belo texto de Almada Negreiros - poeta e artista plástico português – pode nos levar a várias reflexões.
A primeira nos leva pelos caminhos de Antoine de Saint-Exupéry e seu principezinho encantador, quando nos mostra a dificuldade que a alma adulta tem para compreender o mundo infantil (como se nunca tivesse transitado pela infância).
O aviador de Saint-Exupéry, quando criança, não conseguia ser compreendido em seus desenhos mirabolantes. Eram complexos demais para os adultos...
Outra nuance do poeminha nos leva a pensar sobre as potências de nossa alma e de como temos, dentro de nós, todas as linhas para desenhar o que bem desejarmos.
Os gérmens da perfeição, das virtudes da alma, estão todos conosco desde que fomos criados, buscando o tempo de serem desenvolvidos.
Assim como as linhas desenhadas pela criança, nos primeiros momentos nos parecem ininteligíveis, são os primeiros movimentos do ser humano rumo à felicidade.
Os traços vão se organizando com o tempo, com as encarnações, com os aprendizados, e nossa flor no papel vai ficando cada vez mais bela e mais próxima à figura original criada por Deus.
A perfeição da flor desenhada nunca chegará a ser a da florescência Divina, pois o Espírito alcança apenas uma perfeição relativa.
Porém, será igualmente bela a flor desenhada pelo homem após as sucessivas experiências na carne.
*   *   *
Vivemos para organizar os traços de nossa intimidade, buscando dar-lhes aspectos harmônicos, inspirados e guiados pelas leis Divinas.
A educação nunca foi um ato de colocar algo para dentro de nós, e sim de colocar para fora, desenvolvendo potencialidades.
A etimologia da palavra educação nos mostra os termos: ex, que significa para fora, seguido da expressão ducere, que se entende por guiar, conduzir, liderar.
Assim, educar é conduzir, guiar, retirar de dentro de nós algo que está lá, embrionário.
Olhemos para dentro, cuidemos de nós, invistamos nosso tempo na evolução espiritual e veremos esses traços bailando pelas telas do mundo produzindo grandes belezas.
Temos conosco os gérmens de todas as virtudes, de todas as flores de nossa alma.

Redação do Momento Espírita

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