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quarta-feira, 15 de agosto de 2012

15 DE AGOSTO ASSUNÇÃO DE NOSSA SENHORA E DIA DE NOSSA SENHORA DA BOA MORTE:

15 de agostoNossa Senhora da Boa Morte e Assunção de Nossa Senhora:



A devoção à Nossa Senhora da Boa Morte chegou aos cristãos do Ocidente, através da tradição cristã do Oriente, sob o título de "Dormição da Assunta". Talvez, esse seja o culto mariano mais antigo, iniciado logo nos primeiros séculos do cristianismo.

A última metade do século V foi marcada pela propagação de uma literatura apócrifa, isto é, escrita na época dos fatos, mas não incluída na Bíblia, sobre a morte e assunção da Virgem; e a construção de uma Basílica para venerar o túmulo da Mãe de Deus, por ordem da imperatriz Eudóxia. Isso acabou provocando a mudança do conteúdo temático do culto de 15 de agosto, para a "Dormição da Assunta", já no início do século VI.

Os escritos apócrifos revelavam que, a Virgem Maria teria entrado em "Dormição", isto é, entrado no sono da morte rodeada pelos apóstolos. O seu corpo imaculado foi levado por eles a um sepulcro novo no Getsêmani. Três dias depois, eles voltaram ao local e o encontraram vazio e com odor de flores. A Mãe fôra "Assunta", isto é, subira ao céu em corpo e alma.

No século VII, o imperador Maurício prescreveu que essa festa mariana fosse celebrada em todos os seus domínios, como uma das mais importantes. E finalmente, o Papa Sérgio I a introduziu na liturgia de Roma. Desse modo, o culto "Dormição da Assunta" ou "Dormição da Mãe de Deus" alcançou toda a Igreja, do Oriente e do Ocidente.

A Igreja do Oriente, se dedicou ao culto da devoção da Mãe de Deus, até por ser a mais primitiva. Muitas igrejas cobertas de ícones sagrados foram erguidas em todos as regiões, nesse período bizantino. Os lugares sagrados, marcados pelos acontecimentos da Revelação do Mistério de Deus, foram guardados dentro de magníficos templos cobertos de ícones. Os ícones não foram feitos para adornar o templo, são pinturas que representam os símbolos sagrados da Igreja e descrevem o Evangelho. Assim, uma grande profusão de ícones invadiu a Igreja do Ocidente, especialmente os da Mãe de Deus.

A Virgem Santíssima, além de ser invocada e representada em "Dormição", foi chamada de "Assunta", como seu filho foi elevada ao céu, pelo mérito de Cristo, obtendo a Redenção corpórea. Venerar a Boa Morte de Nossa Senhora sempre foi uma grande festa, para os cristãos. Ela é a primissa da glorificação do corpo e da alma, assegurada por Cristo no final dos tempos.

Antigamente o culto iniciava na véspera, com a deposição da imagem da Virgem "dormente", num esquife e ficava exposta à visita dos fiéis até a manhã da festa, quando era retirada e colocada a imagem triunfal de Nossa Senhora da Assunção. Em algumas localidades essa tradição se manteve, inclusive nas Américas que herdou o culto dos missionários espanhóis e portugueses.

O dogma da Assunção de Maria só foi proclamado pelo Papa Pio XII em 1950, como conseqüência lógica de intensos estudos históricos e teológicos patrocinados pela Igreja ao longo desses séculos. Ele só fez coroar uma fé sempre professada universalmente por todo o Povo de Deus..
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A Assunção Gloriosa de Nossa Senhora
Equipe Lepanto| 15 de agosto de 2012 |
Texto de apologética provando a assunção de Nossa Senhora aos céus, de corpo e alma.
A Assunção Gloriosa de Nossa Senhora aos Céus.
A Assunção de Nossa Senhora foi transmitida pela tradição escrita e oral da Igreja. Ela não se encontra explicitamente na Sagrada Escritura, mas está implícita.
Os protestantes acreditam que a Mãe de Deus, apesar de ter sido o Tabernáculo vivo da divindade, devia conhecer a podridão do túmulo, a voracidade dos vermes, o esquecimento da morte, o aniquilamento de sua pessoa.
Vamos analisar o fato histórico, segundo é contato pelos primeiros cristãos e transmitido pelos séculos de forma inconteste.
Na ocasião de Pentecostes, Maria Santíssima tinha mais ou menos 47 anos de idade. Depois desse fato, permaneceu Ela ainda 25 anos na terra, para educar e formar, por assim dizer, a Igreja nascente, como outrora ela educara, protegera, e dirigira a infância do Filho de Deus.
Ela terminou sua “carreira mortal” na idade de 72 anos, conforme a opinião mais comum.
A morte de Nossa Senhora foi suave, chamada de “dormição”.
Quis Nosso Senhor dar esta suprema consolação à sua Mãe Santíssima e aos seus apóstolos e discípulos que assistiram a “dormição” de Nossa Senhora, entre os quais se sobressai S. Dionísio Aeropagita, discípulo de S. Paulo e primeiro Bispo de Paris, o qual nos conservou a narração desse fato.
Diversos Santos Padres da Igreja contam que os Apóstolos foram milagrosamente levados para Jerusalém na noite que precedera o desenlace da Bem-aventurada Virgem Maria.
S. João Damasceno, um dos mais ilustres doutores da Igreja Oriental, refere que os fiéis de Jerusalém, ao terem notícia do falecimento de sua Mãe querida, como a chamavam, vieram em multidão prestar-lhe as últimas homenagens e que logo se multiplicaram os milagres em redor da relíquia sagrada de seu corpo.
Três dias depois chegou o Apóstolo S. Tomé, que a Providência divina parecia ter afastado, para melhor manifestar a glória de Nossa Senhora, como dele já se servira para manifestar o fato da ressurreição de Nosso Senhor.
S. Tomé pediu para ver o corpo de Nossa Senhora.
Quando retiraram a pedra, o corpo já não mais se encontrava.
Do túmulo se exalava um perfume de suavidade celestial!
Como o seu Filho e pela virtude de seu Filho, a Virgem Santa ressuscitara ao terceiro dia. Os anjos retiraram o seu corpo imaculado e o transportaram ao céu, onde ele goza de uma glória inefável.
Nada é mais autêntico do que estas antigas tradições da Igreja sobre o mistério da Assunção da Mãe de Deus, encontradas nos escritos dos Santos Padres e Doutores da Igreja, dos primeiros séculos, e relatadas no Concílio geral de Calcedônia, em 451.
Como Nossa Senhora era isenta do ‘pecado original’, ela estava imune à sentença de morte (conseqüência da expulsão do paraíso terrestre). Todavia, por não ter acesso à “árvore da vida” (que ficava no paraíso terrestre), Maria Santíssima teria que passar por uma “morte suave” ou uma “dormição”.
Por um privilégio especial de Deus, acredita-se que Nossa Senhora não precisaria morrer se assim o desejasse, ainda que não tivesse acesso à “árvore da vida”.
Tudo isso, é claro, ainda poderá ser melhor explicado com o tempo, quando a Igreja for explicitando certos mistérios relativos à Santíssima Virgem Maria que até hoje permanecem.
Muito pouco ainda descobrimos sobre a grandeza de Nossa Senhora, como bem disse S. Luiz Maria G. de Montfort em seu livro “Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem“.
É certo que Nossa Senhora escolheu passar pela morte, mesmo não tendo necessidade.
Quais foram, então, as razões da escolha da morte por Nossa Senhora?
Pode-se levantar várias hipóteses. O Pe. Júlio Maria (da década de 40) assinala quatro:
1) Para refutar, de antemão, a heresia dos que mais tarde pretenderiam que Maria Santíssima não tivesse sido uma simples criatura como nós, mas pertencesse à natureza angélica.
2) Para em tudo se assemelhar ao seu divino Filho.
3) Para não perder os merecimentos de aceitação resignada da morte.
4) Para nos servir de modelo e ensinar a bem morrer.
Podemos, pois, resumir esta doutrina dizendo que Deus criou o homem mortal. Deus deu a Maria Santíssima não o direito (por não ter acesso à “Árvore da vida”), mas o privilégio, de ser imortal. Ela preferiu ser semelhante ao seu Filho, escolhendo voluntariamente a morte, e não a padecendo como castigo do pecado original que nunca tivera.
Analisemos, agora, a Ressurreição de Maria Santíssima.
Os Apóstolos, ao abrirem o túmulo da Mãe de Deus para satisfazer a piedade de São Tomé e ao desejo deles todos, não encontrando mais ali o corpo de Nossa Senhora, deduziram e perceberam que Ela havia ressuscitado!
Não era preciso ver à ressurreição para crer no fato, era uma dedução lógica decorrente das circunstâncias celestiais de sua morte, de sua santidade, da dignidade de Mãe de Deus, da sua Imaculada Conceição, da sua união com o Redentor, tudo isso constituía uma prova irrefutável da Assunção de Nossa Senhora.
A Assunção difere da ascensão de Nosso Senhor no fato de que, no segundo caso, Nosso Senhor subiu por seu próprio poder, enquanto sua Mãe foi assunta ao Céu pelo poder de Deus.
Ora, há vários argumentos racionais em favor da Assunção de Nossa Senhora. Primeiramente, havendo entrado de modo sobrenatural nesta vida, seria normal que saísse de forma sobrenatural, esse é um princípio de harmonia nos atos de Deus. Se Deus a quis privilegiar com a Imaculada Conceição, tanto mais normal seria completar o ato na morte gloriosa.
Depois, a morte, como diz o ditado latino: “Talis vita, finis ita“, é um eco da vida. Se Deus guardou vários santos da podridão do túmulo, tornando os seus corpos incorruptos, muito mais deveria ter feito pelo corpo que o guardou durante nove meses, pela pele que o revestiu em sua natureza humana, etc.
Nosso Senhor tomou a humanidade do corpo de sua Mãe. Sua carne era a carne de sua Mãe, seu sangue era o sangue de sua Mãe, etc. Como permitir que sua carne, presente na carne de sua santíssima Mãe, fosse corrompida pelos vermes e tragada pela terra? Ele que nasceu das entranhas amorosíssimas de Maria Santíssima permitiria que essas mesmas entranhas sofressem a podridão do túmulo e o esquecimento da morte? Seria tentar contra o amor filial mais perfeito que a terra já conheceu. Seria romper com o quarto mandamento da Lei de Deus, que estabelece “Honrar Pai e Mãe“.
Qual filho, podendo, não preservaria sua Mãe da morte?
A dignidade de Filho de Deus feito homem exigia que não deixasse no túmulo Aquela de quem recebera o seu Corpo sagrado. Nosso Senhor Jesus Cristo, por assim dizer, preservando o corpo de Maria Santíssima, preservava a sua própria carne.
Ainda podemos levantar o argumento da relação imediata da paixão do Filho de Deus e da compaixão da Mãe de Deus, promulgada, de modo enérgico, no Evangelho, pela profecia de S. Simeão falando à própria Mãe: “Eis que este menino está posto para a ressurreição de muitos em Israel, e para ser alvo de contradição. E uma espada transpassará a tua alma” (Luc. 2, 34, 45).
Esta tradução em vernáculo (português, no caso) é larga. O texto latino (em latim) tem uma variante que parece ir além do texto em português. “Et tuam ipsius animam pertransibit glaudius” – o que quer dizer literalmente: o mesmo gládio transpassará a alma dele e a vossa.
Como seria possível que o Filho, tendo sido unido à sua Mãe em toda a sua vida, na sua infância e na sua dor, não se unisse à Ela na sua glória?
Tudo isso se levanta dos Evangelhos.
A Assunção de Maria Santíssima foi sempre ensinada em todas as escolas de teologia e não há voz discordante entre os Doutores. A Assunção é como uma conseqüência da encarnação do Verbo.
Se a Virgem Imaculada recebeu outrora o Salvador Jesus Cristo, é justo que o Salvador, por sua vez, a receba. Não tendo Nosso Senhor desdenhado descer ao seu seio puríssimo, deve elevá-la agora, para partilhar com Ela a sua glória.
Cristo recebeu sua vida terrena das mãos de Maria Santíssima. Natural é que Ela receba a Vida Eterna das mãos de seu divino Filho.
Além de conservar a harmonia em sua própria obra, Deus devia continuar favorecendo a Virgem Imaculada, como Ele o fez, desde a predestinação até a hora de sua morte.
Ora, podendo preservar da corrupção do túmulo a sua santa Mãe, tendo poder para fazê-la ressuscitar e para levá-la ao céu em corpo e alma, Deus devia fazê-lo, pois Ele devia coroar na glória aquela que já coroara na terra… Dessa forma, a Santíssima Mãe de Deus continuava a ser, na glória eterna, o que já fora na terra: “a mãe de Deus e a mãe dos homens“.
Tal se nos mostra Maria na glória celestial, como cantava o Rei de sua Mãe, assim canta Deus de Nossa Senhora: “Sentada à direita de seu Filho querido” (3 Reis, 2, 19), “revestida do sol” (Apoc. 12, 1), cercada de glória “como a glória do Filho único de Deus” (Jo. 1, 14), pois é a mesma glória que envolve o Filho e a Mãe! Ele nos aparece tão belo! E ela como se nos apresenta suave e terna em seu sorriso de Mãe, estendendo-nos os braços, num convite amoroso, para que vamos a Ela e possamos um dia partilhar de sua bem-aventurança!
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     Segue mais um texto. Atentem que celebramos a "assunção"  de Nossa Senhora
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O DOGMA DA ASSUNÇÃO DE MARIA
Prof. Paulo Cristiano



Publicado em : Segunda, 30/04/2007


I. Explicação e História

A Igreja Católica Romana crê e ensina que Maria, a mãe de nosso Senhor, subiu ao céu em corpo e alma. Sob o titulo de Assunção, os católicos romanos celebram três festas em honra a Maria: uma é a do trânsito de sua alma, sem o corpo, ao céu; outra é quando pouco depois se juntou e se reuniu a mesma alma com o corpo, e com inefável glória subiu ao céu; a terceira é de sua coroação como Rainha dos anjos e Senhora do universo. O imperador grego Mauricio (582-602) ordenou que a festa fosse celebrada em 15 de agosto, o que se faz até nossos dias, e por esse mesmo tempo também o Papa Gregório, o Grande, fixou a mesma data para o Oeste, onde anteriormente, por razoes desconhecidas, celebrava-se a festa em 18 de janeiro. A palavra "ASSUNÇÃO", que em um tempo se aplicava geralmente à morte dos santos, especialmente de mártires, e a sua entrada no céu, chegou a aplicar-se agora exclusivamente a Maria, e isso a distingue do termo "ascensão" no sentido de que esta é aplicada unicamente a Jesus Cristo, que ascendeu por seu próprio poder ao céu, enquanto a assunção significa que Maria foi levada por seu Filho ao céu.

Esta crença é uma derivação do dogma da perpétua virgindade e da imaculada conceição de Maria, e marca um passo mais na tendência romanista à exaltação de Maria como objeto de culto religioso. Antes de sua definição oficial, o Papa Pio XII havia consultado todos os bispos católicos do mundo, na Carta Apostólica "Deiparae Virginis", em 1 de maio de 1946, sobre a conveniência e possibilidade de declarar como dogma a crença na Assunção de Maria. A resposta do episcopado foi favorável à idéia da proclamação. E, com efeito, a 1 de novembro de 1950, o Papa Pio XII, na Constituição Apostólica "Munificentissimus Deus", fez o seguinte pronunciamento: "Nós pronunciamos, declaramos e definimos que é um dogma revelado por Deus, no qual a Imaculada Mãe de Deus, a sempre Virgem Maria, foi levada aos céus em corpo e alma quando terminou o curso de sua vida na terra."


II. Defesa do Dogma

Afirma-se que este novo dogma foi revelado por Deus, mas não se dão as razões bíblicas do caso. Os apologistas do dogma, no entanto, citam um ou outro versículo isolado das Escrituras, os quais, segundo eles, aludem indiretamente à conveniência da Assunção e glorificação de Maria. Naturalmente, os mesmos versículos que usam para provar a imaculada Conceição (Gên. 3:15; Luc. 1:28) são empregados também para deduzir deles a necessidade da Assunção. Salmos 16:10; 45:9 e João 12:26, trazidos ao caso, em correta exegese, jamais poderão ser tomados como apoio à Assunção de Maria, já que eles claramente se referem, em sua ordem, à ressurreição de Jesus Cristo, à Igreja como a esposa de Cristo e aos crentes em geral.


1. A Tradição

Mas é na tradição, propriamente, onde se pretende basear esta crença, argumentando-se que por ser dita tradição antiga e unânime na Igreja Primitiva, a mesma deve ter sido originada dos apóstolos. Mas quando se faz uma análise séria de tal posição, se descobre que não foi senão até o século VI que apareceram os primeiros indícios de que se comemorava a morte de Maria e começava a celebrar-se a festa da Assunção.

A lenda da Assunção é mencionada pela primeira vez nos fins do século IV em vários escritos apócrifos, como "La Dormición de Maria y El Trânsito de Maria", os quais foram expressamente condenados como apócrifos e heréticos pelo Papa Gelásio no index expurgatorious em princípios do século VI. Foi Gregório de Tours (594 d. C.) o primeiro escritor ortodoxo que os aceitou como autênticos, e, tempos depois, no século VIII, João Damasceno apresentou a Assunção como uma doutrina de antiga tradição católica. No entanto, Benedito XIV declarou, em 1840, que a tradição era insuficiente como doutrina, pois não tinha classe necessária para ser elevada ao nível de artigo de fé.(l)


2. Relato de como Foi a Assunção


As várias tradições a que se recorre contêm marcadas discrepâncias entre si. "Sabido é que há duas tradições, uma favorável à morte de Maria, a outra favorável à sua imortalidade." (2) "A opinião mais comum ensina que Maria ressuscitou ao terceiro dia, como Jesus Cristo; no entanto, alguns dizem que ressuscitou quinze dias depois de sua morte, e outros, quarenta."(3) Nestes relatos há detalhes fantásticos, episódios inverossímeis e até suposições pueris que não se coadunam com o teor sério e autêntico dos Evangelhos canônicos.

Segundo essas tradições, a mãe de nosso Salvador, sendo já uma anciã e cansada de viver neste mundo, suplicou a seu Filho no céu que a levasse o quanto antes para estar com ele. Jesus então enviou-lhe um anjo para que lhe anunciasse sua morte, nova que Maria recebeu com imenso júbilo, mandando arrumar muitas velas e enfeitar o aposento. Para estar presente no momento da morte de Maria, todos os apóstolos, com excessão de Tomé, marcaram encontro em Belém, onde ela morava. João veio da cidade de Éfeso, cavalgando em uma nuvem, e do mesmo modo viajaram os demais apóstolos desde os diferentes países em que se encontravam pregando.


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(1) Opera, VoI. X, p. 499, ed. 1851.

(2) P. Parente, Dlcclonario de Teologia Dogmática, p. 38.

(3) Consultor dei Clero, p. 441. Fizeram-se também presentes Hieróteo, Timóteo e Dionisio, o Areopagita, levando todos eles muitas velas, ungüentos perfumados e espécies aromáticas.

Ante a ameaça de ser assaltada por adversários judeus a casa onde eles estavam, Maria e os apóstolos são transportados outra vez em uma nuvem a casa dela em Jerusalém. Ali suscitaram-se diálogos, e ela os consola e os abençoa, dizendo: "Ficai com Deus, filhos meus mui amados; não choreis porque os deixo, e, sim, alegrai-vos, porque vou para meu Querido." (1) Logo, apresentando seu testamento, recomendou a João, o Evangelista, que repartisse duas túnicas suas para duas jovens que a haviam servido e acompanhado por muitos anos. Chegando o momento de sua morte, ela se recostou em sua cama, enquanto os apóstolos, de joelhos e em pranto e pesar, a beijavam e se despediam. Anjos do céu começaram a chegar e depois Jesus Cristo mesmo, descendo em outra nuvem e rodeado de seres angelicais, apareceu perante sua mãe e, em meio de uma luz deslumbrante e de doces harmonias celestiais, levou a alma de Maria ao céu (em uma variante, Jesus põe a alma dela nas mãos do anjo Gabriel, para que este a leve). Assim foi a morte de Maria, e seu cadáver não se corrompeu, desprendendo delicadíssimos perfumes.

Depois os apóstolos conduziram o corpo exânime de Maria em maca, e deram-lhe honrosa sepultura no vale de Josafá. Sua morte, acontecida quando tinha setenta e dois anos de idade, viu-se acompanhada de muitos milagres, como cura de enfermos, etc. Ao terceiro dia de sepultada, chega Tomé, montado em uma nuvem, e, por engano, desce no Monte das Oliveiras, mas nesse mesmo instante observa o maravilhoso espetáculo do trânsito de Maria aos céus, em corpo e alma, levada por seu Filho Jesus e circundada das hostes celestiais. Logo Tomé procura os outros apóstolos e lhes dá a nova da Assunção, mas eles se mostram cépticos e argumentaram que eles mesmos haviam enterrado Maria. A instância de Tomé vão ao sepulcro e descobrem que este está vazio, o que os convence da ressurreição e assunção de Maria ao céu.


3. São Afonso Maria de Ligório e a Assunção

A viagem de Maria através das esferas siderais e sua entrada na glória são descritas em altos vôos imaginários e com frases ao extremo pitorescas e lisonjeiras pelos panegiristas da Assunção. Por exemplo, São Afonso Maria de Ligório, consumado assuncionista, expressa-se assim: "Jesus a leva pela mão, e a Mãe, felicíssima, corta os ventos, passa as nuvens, atravessa as altas esferas e chega às portas do céu. Ali os anjos que a acompanham levantam a voz e, à semelhança do que disseram quando o Senhor entrou triunfante de volta do desterro, repetiram agora também aos que lá dentro a aguardavam: Abri, príncipes, essas portas e levantai-vos, portas eternas, para que entre a Rainha da glória. No mesmo instante abriram-se de parem par, e entrou vitoriosa na pátria celestial, e, ao vê-la tão formosa, aqueles espiritos soberanos perguntaram uns aos outros:"Quem é esta que chega do deserto, lugar de espinhos e de abrolhos? Quem é esta que vem tão pura e cheia de virtudes, sustentada em seu Amado e tão honrada dele?' E os anjos que a acompanhavam respondiam: 'É a Mãe de nosso Rei, nossa Rainha, a bendita entre todas as mulheres, a cheia de graça, a Santa dos Santos, a querida de Deus, a Imaculada, a mais formosa de todas as criaturas." (1)


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(1) P. Pedro de Ribadeneira, Vida de ia Virgem Maria, p. 97.

Ao referir-se a mesma obra, mais adiante, ao ato da coroação de Maria, diz que, por seu turno, se aproximaram de Maria todos os santos, o apóstolo Tiago, o Maior, os profetas, Zacarias e Isabel, São Joaquim e Santa Ana, José e os santos anjos, e saudaram-na, felicitaram-na e honraram-na, e que depois as três Pessoas da Santíssima Trindade a coroaram, pondo em suas mãos o poder, a sabedoria e o amor e que ". . .colocando seu trono ao lado da Santíssima Humanidade de Jesus Cristo, a declararam Rainha do céu e da terra, mandando aos anjos e a todas as criaturas que como tal a reconhecessem, obedecessem e servissem". (2)


III. Refutação

1. Os Pais e Doutores da Igreja


A Assunção de Maria ao céu, de ser certa, seria um fato histórico, e como tal deve ser examinado. Mas acontece que não há certeza quanto ao lugar de sua morte, se foi em Éfeso ou em Jerusalém; não houve testemunhas de seu trânsito ao céu, as tradições em que se baseia a doutrina se contradizem, estão escritas em uma linguagem extravagante, contém relatos inverossímeis; quanto à antiguidade, não chegam nem sequer ao terceiro século. Os Pais e Doutores da Igreja não fizeram alusão a elas nem falaram na Assunção durante os primeiros cinco séculos, o Papa Gelásio condenou-as e o Papa Benedito XIV qualificou-as de testemunho insuficiente, e, no entanto, é sobre esta obscura e débil tradição, sem comprovação histórica nem apoio bíblico, que se levanta o "dogma revelado" da Assunção.


2. Razões de Conveniência


As chamadas razões teológicas ou de conveniência tampouco podem com propriedade ser invocadas a favor deste dogma, pelo simples fato de que Maria não foi divina nem sem pecado nem é co-redentora. A circunstância de sua morte física, reconhecida pela mesma Igreja Católica Romana, é uma prova incontrovertível de que Maria pertencia em todo sentido ao gênero humano e que, como tal, ela participou do pecado de Adão e sofreu a conseqüência universal do pecado original, que é a morte.


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(1) Las Giorias do Maria, p. 339.

(2) Ibid., p. 403.3. Silêncio do Novo Testamento

Mais eloqüente, porém, é o silêncio absoluto que os escritores do Novo Testamento guardam no tocante ao tema da Assunção. Silêncio que implicitamente desvirtua o fundo histórico desta crença, pois é de todo ponto de vista estranho e inexplicável que um acontecimento de tanta transcendência, como o seria o da Assunção, houvesse passado inadvertido para eles, e mais, tendo em conta o fato de que a ascensão de nosso Senhor ao céu ficou plenamente testemunhada nos documentos escritos do Novo Testamento.

Se a Assunção realmente aconteceu, que razões importantes haveria para que os escritores dos livros do Novo Testamento nem sequer a houvessem mencionado, ainda que fosse de passagem? Paulo, por exemplo, em todas as suas cartas apostólicas, faz só uma menção a Maria, e isto acidental e indiretamente, quando, falando da vinda de Jesus ao mundo, diz que foi ((nascido de mulher" (Gál. 4:4), mas não acrescenta nenhum detalhe que pudesse dar margem a essa suposta crença. Pelo contrário, há uma passagem na qual, se fosse certa a Assunção, Paulo teria feito alusão a ela. Falando da ressurreição futura dos crentes, diz ele: ((Cada um, porém, na sua ordem: Cristo as primícias, depois os que são de Cristo, na sua vinda" (1 Cor. 15:23). Como a tese assuncionista afirma que Maria ressuscitou primeiro e ascendeu ao céu depois, é lógico que Paulo teria feito menção dela neste versículo, dizendo-nos que Maria, à semelhança de seu Filho Jesus, já havia ressuscitado, O que claramente se depreende desta referência bíblica é que Maria, assim como todos os crentes em Jesus Cristo cujos corpos dormem no sepulcro, serão ressuscitados pelo poder de Deus quando soar a trombeta final e o Senhor descer do céu à terra para arrebatar os seus.


4. Silêncio Impressionante de João

De um modo particularíssimo, o silêncio do apóstolo João quanto a este assunto constitui um desfavorável testemunho ,implícito, visto que, por sua mui estreita associação com Maria, teria razão de sobra, e ainda mais que qualquer outro, para haver-se referido, em seus escritos, ao evento da Assunção; e oportunidade teve para havê-lo feito, pois, no livro de Apocalipse, ele descreve suas visões do céu aberto, e, apesar de ter visto a Jesus Cristo como o Rei da Glória e os anjos e as hostes redimidas ao seu redor, não diz nada sobre ter visto Maria como Rainha do céu e sentada em um trono ao lado de seu Filho Jesus. Também no Evangelho que leva seu nome, cap. 3 e v. 13, João registra as palavras que Jesus disse a Nicodemos: "Ora, ninguém subiu ao céu, senão o que desceu do céu, o Filho do homem." Como o evangelista escreveu seu Evangelho em fins do primeiro século, isto é, suficiente número de anos depois da suposta Assunção de Maria ao céu, é de supor que, ao citar ele a afirmação feita pelo Senhor, houvera incluído também uma referência ao caso excepcional de Maria, tal como o faz no último capitulo (21 :20-23) do Evangelho, no qual, ao relatar a resposta que Jesus lhe dera à pergunta de Pedro "e deste que será?", João acrescenta, muitos anos depois do incidente e para proveito de seus leitores, a seguinte declaração: "Jesus, porém, não disse que não morreria, mas: Se eu quiser que ele fique até que eu venha, que tens tu com isso?"


5. A Carta aos Hebreus e a Assunção

Há, porém, algo mais. A doutrina da glorificação e a mediação de Maria aparece na teologia católica intimamente ligada à doutrina de sua Assunção. Acontece que a Carta aos Hebreus, escrita também anos depois do suposto trânsito de Maria ao céu, expõe com claridade meridiana a doutrina do ministério de intercessão de Jesus Cristo no céu em favor de seus filhos na terra, mas não há nem a mais leve alusão a que Maria esteja desempenhando parecidas funções acima na glória. O escritor sagrado expressa-se assim: "Tendo, portanto, um grande sumo sacerdote, Jesus, Filho de Deus, que penetrou os céus, retenhamos firmemente a nossa confissão. Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém, um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado. Cheguemo-nos, pois, confiadamente ao trono da graça, para que recebamos misericórdia e achemos graça, a fim de sermos socorridos no momento oportuno" (Heb. 4:14-16). Sendo que as Escrituras nos foram dadas para nossa instrução e edificação (II Tim. 3:16,17), é moralmente inconcebível que elas nos privassem não só do conhecimento, senão também do consolo da mediação de Maria. A inferência do Novo Testamento sobre o dogma da Assunção de Maria ao céu é uma prova mui forte da falsidade histórica e doutrinal do mencionado dogma.


IV. O Concilio Vaticano II

No Concílio Vaticano II, não se trouxe a debate o dogma da Assunção. Simplesmente foi dado como aceito e confirmado, segundo as seguintes palavras: "Finalmente, preservada livre de toda culpa de pecado original, a Imaculada Virgem foi levada em corpo e alma à glória celestial, ao terminar sua viagem terrenal. Ela foi exaltada pelo Senhor como Rainha de todos, a fim de que pudesse ser mais completamente configurada a seu Filho, o Senhor dos senhores (cf. Apoc. 19:16) e o conquistador do pecado e da morte."(l)

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(1) Walter M. Abbott, S.J., The Docum.nts of Vatlcan Ii (Guiid Press: New York), p. 90

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Presbitero da Igreja Evangélica Assembléia de Deus, professor de religiões, vice-presidente do CACP e escritor. * Cada autor é responsável pelo conteúdo do artigo assinado por ele.

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