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segunda-feira, 10 de abril de 2017

SOBRE OS RECENTES EVENTOS NA SÍRIA - UM NOVO MOVIMENTO NO XADREZ MUNDIAL:





Nos 3 textos sobre o xadrez mundial abordei os motivos do interesse da Europa, EUA, Rússia e China no conflito da Síria, em especial na questão de fornecimento de gás e petróleo (especificamente no segundo texto). Inclusive aquele texto explica como as 3 grandes potencias bélicas (EUA, Rússia e China) se preparam para todas as fases que antecedem um conflito nuclear e a fase seguinte a um conflito nuclear (quem ainda não leu aconselho fortemente que leia, link ao final deste post para entender o que escreverei a seguir).


Do ponto de vista estratégico (para os EUA) e do ponto de vista político (para Trump) a jogada do presidente americano foi genial (se foi mais dele ou dos seus generais não sabemos, mas creio na segunda hipótese). O fator surpresa sempre é decisivo em um conflito, tanto em ações inesperadas como em traições e nesses casos joga melhor esse jogo quem consegue antever certos movimentos ou ter o "feeling" de perceber quando uma situação aparentemente estável está mudando de forma velada e rapidamente.


Estrategicamente um conflito nuclear, no momento, não interessa a China. Economia que mais cresce no mundo e que ainda está desenvolvendo seu arsenal militar para que seja a maior potência bélica e econômica do mundo. Para a China interessa que o auge do confronto seja em um momento futuro quando estiver com peças posicionadas no tabuleiro para derrotar os americanos.


A Rússia de Putin (e Putin e Rússia são uma coisa só junto com a KGB enquanto o ditador for vivo) está pressionada pelo avanço da China na Ásia, Oriente Médio e ex repúblicas russas. Ainda que sejam aliados (até a pagina dois) a Rússia sabe das intenções hegemônicas da China na região, que é a mesma região de influencia da Rússia (maiores detalhes texto II do xadrez mundial). As duas saídas que Putin encontrou foram: tentar enfraquecer a Europa (estimulando candidatos de extrema direita como Le Pen para fomentar o separatismo na zona do Euro) e ao mesmo tempo buscando um aliado nos EUA (Trump tem negócios bilionários com empresários russos há mais de 10 anos e se mostrou aparentemente uma opção mais palatável do que Hillary que já havia deixado claro que agiria com rigor na questão da Síria). Por isso, para Putin, interessava conseguir atrair os EUA para o seu lado num projeto de expansão no Oriente Médio e nesse ponto Trump seria o candidato ideal: o americano com o discurso de exterminar o estado islâmico e o russo apoiando um ditador sírio alauita que supostamente também combateria o isis no Iraque, plano perfeito (pra eles). Mas sempre há um porém e esse porém chama-se Exército americano que nunca confiou na Rússia e verdadeiramente enxerga Putin como um fomentador do marxismo e do comunismo que regeu a URSS nos anos da Guerra Fria


E Trump? Trump está enrolado com o FBI e as forças armadas e de inteligência dos EUA pelas suspeitas de envolvimento russo nas eleições em favor do magnata americano, além de todo o seu histórico de negócios pra lá de suspeitos com empresários russos no passado. Ao declarar em campanha que viraria suas baterias contra a China e ao mesmo tempo iniciava um chamego com o presidente russo, Trump acendeu todas as luzes vermelhas nos serviços de inteligência e do Exército americano (algo que aconteceu no passado com o presidente JFK). A jogada de Trump nos últimos dias (e acredito que muito motivada por uma séria pressão do Exército e da inteligência americana) não apenas provou a lealdade (ainda que temporariamente e com certas reservas) do presidente americano ao Exército como colocou Putin em uma situação muito difícil. Vamos entender a jogada....


PUTIN EM XEQUE NO TABULEIRO


Não foi coincidência que o ataque com armas químicas na Síria tenha ocorrido exatamente as vésperas da visita do líder chinês aos EUA. E menos coincidência ainda que tenha ocorrido logo em seguida a um ataque no metrô russo.


Qual o cenário que estava sendo montado? O terrorismo do isis está alem dos limites e duras medidas precisam ser tomadas (leia-se invasão no Iraque e fronteira com a Turquia) assim como o presidente alauita da Síria que supostamente luta contra o isis precisa ser fortalecido. Esse era o roteiro perfeito costurado com o atentado no metrô russo. Porém, como um raio, ele foi rapidamente desmontado.


O ataque com armas químicas era a prova decisiva de fidelidade de Trump: Putin acreditava que a aliança costurada entre ambos faria o americano comprar o discurso de ataque do isis contra o regime alauita de Assad e que uma dura resposta bélica, de russos e americanos deveria ser dada sobre o Oriente Médio contra o isis. Esse foi o lance do presidente russo e foi aqui que Trump "quebrou as pernas" do russo


Trump estava na berlinda. Precisava provar sua fidelidade ao Exército americano e mostrar, com algum sinal, de que seu chamego com Putin não estava acima da fidelidade ao Exército americano. E foi assim que Trump decidiu mudar suas ações em um espaço de algumas horas: primeiro se aproximou do líder chinês dando a entender que não vai colocar embargo econômico algum e que deseja uma colaboração, sobretudo um controle chinês sobre a Coréia do Norte... isso foi surpreendente e quando isso aconteceu Putin deve ter dado uma engasgada ao tomar sua vodka. Trump mostrou que não estava disposto a iniciar hostilidades bélicas com a China. E aí veio a segunda jogada: atacar uma base síria de forma fulminante e inesperada, mostrando que o governo americano não comprou a historia de ataque químico por parte do isis e que sim, o verdadeiro responsável pelo ataque químico foi Assad


Essa mudança rápida e inesperada de Trump (leia-se pressão do Exército) colocou a Rússia em uma situação difícil. A Rússia sabe que se tomar uma medida mais dura agora não terá o apoio da China que recebeu um aceno de paz (temporário) dos EUA e que ao mesmo tempo não deseja fortalecer ainda mais o poder de ação de Putin no Oriente Médio... Alias, para os chineses interessados em construir uma nova rota da Seda na região asiática passando pelo território próximo ao conflito interessa pacificar a região da Síria e melhor ainda se isso acontecer enfraquecendo a posição russa naquela região através da queda de Assad. Como já lembrei nos textos do xadrez mundial, a China tem ajudado a Rússia enquanto isso for interessante para os chineses, ainda que ambos saibam que um confronto dos dois gigantes que compartilham a mesma área de interesse seja inevitável.... prova disso é que no recente conflito no mar da China, a Rússia se posicionou contra os chineses. Como eu já disse é uma aliança até a página dois.


O recado nas entrelinhas que é o mais importante é que o governo americano está disposto a não prolongar por muito mais tempo o impasse na Síria. Se no passado com Obama o foco da inteligência americana foi desmantelar o poderio vermelho na América do Sul (assunto previsto em primeira mão no livro "Brasil o Lírio das Américas" em 2014) e estrangular economicamente a Rússia através da queda do preço do petróleo, o foco atual da estratégia americana (e por isso Hillary havia deixado isso claro) é resolver o conflito na Síria. A jogada de acenar para a China e limitar o movimento dos russos foi muito inteligente, até porque pressiona a ONU e demais países (leia-se China) a buscarem uma solução de transição para o governo de Assad. Então o que poderá acontecer nos próximos lances (meses) de Putin?


PUTIN ACUADO E ISSO NÃO É BOM


Putin é conhecido por sempre dobrar a aposta, ainda que não esteja disposto a dar o "all in" (leia-se apertar o botão vermelho) agora. Com bases nas ações que o mago das trevas tomou no passado é certo que ele buscará mostrar força no cenário mundial....e de que forma?


Primeiro colocando forte pressão pela manutenção de Assad com o discurso de única possibilidade viável de controlar o avanço do isis na Síria e ao mesmo tempo mantendo a ação militar na Rússia com a desculpa de combater o isis mas na verdade combater os rebeldes que estão tentando derrubar o governo de Assad. Podemos ter alguma missão aérea na região nesse sentido em breve


Em segundo lugar continuar com o discurso de que o isis é um perigo na região e seu avanço precisa ser controlado. Essa seria a narrativa que os russos fariam logo apos o ataque do metro, mas não tiveram tempo pra isso devido a precipitação dos acontecimentos. Ao retomar esse discurso Putin pode tomar ações mais enérgicas sobre ex repúblicas russas e republicas separatistas com forte presença islâmica. Tal ação ainda teria o efeito indireto de estimular o discurso de xenofobia na Europa contra os muçulmanos. É uma ação que ele deve realizar e uma investida no Iraque, nas zonas controladas pelo isis, também não está descartada.


Por fim acredito numa maior aproximação com a Venezuela e Coréia do Norte, em especial a Venezuela que pode ser o próximo alvo americano dependendo de como as coisas caminharem na OEA.


Veremos nas próximas semanas até que ponto Trump está disposto a ir para conquistar a confiança do Exército e serviços de inteligência americanos ou se o seu ego do tamanho do Everest falará mais alto e ele voltará a tomar atitudes segundo sua visão peculiar de mundo: que os EUA são o mundo, esse mundo é sua empresa, ele é o CEO e militar nenhum tem que meter o bedelho no que ele decidir....por hora ele mostrou algum juízo....por hora... aguardemos os próximos lances esperando que uma pomba laranja não sobrevoe o tabuleiro de forma amalucada.

Xadrez mundial texto II:
http://profeciasoapiceem2036.blogspot.com.br/2016/10/especial-xadrez-mundial-parte-ii-de-iii.html


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