O PROCESSO DA CULPA
Grifos em Negrito;-Mônica F De Jardin
Há uma passagem bonita em Um Curso em Milagres, onde a Consciência Crística/ Jesus nos diz que ele tem salvo todos os nossos pensamentos de amor e os têm purificado de todos os seus erros (T-IV.: -). Tudo o que ele precisa da nossa parte para fazer com que isso seja a nossa realidade é aceitarmos o fato de que assim seja. Mas não podemos fazer isso se estamos ainda agarrados à nossa culpa. O Espírito Santo nos dá um modo perfeito de deixarmos para trás toda essa culpa e é sobre isso que vou falar agora. O Espírito Santo é muito esperto. Sabemos como o ego pensa ser esperto, mesmo assim o Espírito Santo ainda consegue ser melhor. Ele usa a própria dinâmica da projeção que o ego usou para nos manter na prisão da culpa e acaba invertendo o jogo. Se vocês pensarem na projeção como um projetor de cinema, imaginem que eu vou ser o projetor e tenho o meu próprio filme feito de culpa, que estou sempre rodando. O que isso significa e que eu povôo todo o meu mundo com a minha própria culpa. Eu projeto a culpa do meu filme para as telas dessas pessoas e assim vejo o meu próprio pecado e culpa em todos os outros. Mais uma vez, faço isso porque estou seguindo a lógica do ego segundo a qual essa é a maneira de me livrar da culpa. Mas, não posso de jeito nenhum lidar com a minha própria culpa sozinho. Não há nenhum modo de olhar a culpa cara a cara e continuar vivendo; é um pensamento por demais devastador. Todavia, o próprio esquema usado pelo ego para reforçar a minha culpa com a pretensão de me livrar dela—esse mesmo mecanismo que faz com que eu coloque a minha culpa fora de mim—também me dá a chance de me libertar. Vendo em você a culpa que eu não posso confrontar em mim mesmo me dá a oportunidade de deixar que ela se vá. O perdão é isso, pura e simplesmente. Perdoar é desfazer a projeção da culpa. Repetindo, o fato de eu projetar nessa tela que é você essa culpa que não posso encarar e liberar em mim mesmo, me dá a oportunidade de olhar para ela e dizer que agora posso vê- la de um modo diferente. Os pecados e a culpa que eu deixo de ver em você, e perdôo, são realmente os mesmos pecados e a mesma culpa pelos quais eu me acho responsável.
Isso, por sinal, tem a ver com o conteúdo do pecado, não a forma, que pode ser bem diferente. Perdoando isso em você, eu estou de fato perdoando isso em mim mesmo. Essa é a idéia central em todo o Curso. Todas essas palavras tratam realmente disso. Nós projetamos a nossa culpa em outras pessoas e, assim, quando escolhemos olhar para aquela pessoa como o Espírito Santo quer que olhemos — através da visão de Cristo — somos então capazes de reverter o nosso modo de pensar sobre nós mesmos. O que fiz foi projetar a minha própria escuridão sobre você de modo que a luz de Cristo em você seja obscurecida. Tomando a decisão de dizer que você não está na escuridão—mas realmente está na luz, que é a decisão de deixar que essa escuridão que eu coloquei em você desapareça—eu estou realmente declarando exatamente a mesma coisa sobre mim mesmo. Estou dizendo, não apenas que a luz de Cristo brilha em você, mas brilha também em mim. E é, de fato, a mesma luz.
O perdão é isso. Assim sendo, isso significa que devemos ser gratos por cada pessoa nas nossas vidas, especialmente aquelas com as que nós temos mais problemas. Aqueles que mais odiamos, que achamos mais desagradáveis, com os que nós nos sentimos mais desconfortáveis são exatamente aqueles que o Espírito Santo nos ‘enviou’ e pode usar para nos mostrar que podemos fazer uma outra escolha em relação àquele em quem antes estávamos tentados a projetar a nossa culpa. Se eles não estivessem no filme e na tela das nossas vidas, não saberíamos que essa culpa está realmente em nós. Portanto, não teríamos a oportunidade de nos libertarmos dela. A única chance que jamais teremos de perdoar a nossa culpa e ficarmos livres é vê-la em uma outra pessoa e lá a perdoarmos. Perdoando-a no outro, estamos perdoando-a em nós mesmos. Mais uma vez, nessas poucas linhas está a soma e a importância de Um Curso em Milagres. O perdão, portanto, pode ser brevemente resumido em três passos básicos. O primeiro passo e reconhecer que o problema não está lá fora, na minha tela. O problema está dentro de mim, no meu filme. O primeiro passo diz que a minha raiva não se justifica, mesmo que a raiva sempre me diga que o problema está fora de mim, em você, de modo que você tem de mudar para que eu não precise mudar. Assim, o primeiro passo diz que o problema não está do lado de fora, ao contrário, está dentro de mim. Esse passo é muito importante pois Deus colocou a Resposta para o problema da separação dentro de nós. O Espírito Santo não está fora de nós, está dentro, em nossas mentes. Ao determinarmos que o problema está fora de nós, o que a projeção sempre faz, estamos mantendo o problema separado da resposta. E exatamente isso que o ego quer, porque se o problema do ego é respondido pelo Espírito Santo, nesse caso, o ego não mais existe. Portanto, o ego é muito dúbio e sutil em nos fazer acreditar que o problema está fora de nós, seja ele em professores, amigos, marido ou mulher, filhos, o presidente—ou na bolsa de valores, no tempo, até no próprio Deus. Somos todos muito bons nessa habilidade de ver o problema onde ele não está, de modo aquela a solução possa ser mantida separada do problema.
As lições do livro de exercícios que tornam isso muito claro : “Que eu reconheça o problema para que ele possa ser resolvido” e “Que eu reconheça que os meus problemas foram resolvidos”. Há apenas um problema e esse é acreditarmos na própria separação, ou o problema da culpa, e esse é sempre interno, não externo. Contudo, o primeiro passo para o perdão, é, mais uma vez, dizermos que o problema não está em você; o problema está em mim. A culpa não está no próximo, mas em nós mesmos. O problema não está na tela na qual eu o projetei; ao contrário, está no filme dentro de mim, que é um filme feito de culpa. Agora, o segundo passo, que é o mais difícil, o passo que todos nós fazemos qualquer coisa para evitar, é lidar com o conteúdo desse filme, que é a nossa própria culpa. E por isso, mais uma vez, que todos nós temos um investimento tão grande em justificar e manter essa raiva e esse ataque assim como em ver o mundo dividido entre o que é bom e o que é mau. Enquanto fizermos isso, não temos que lidar com esse segundo passo, que é olhar para a nossa culpa e para todos os nossos sentimentos de ódio em relação a nós mesmos. No primeiro passo, eu digo que a minha raiva é uma decisão que eu tomei para projetar a minha culpa. Agora, no segundo passo, digo que essa mesma culpa também representa uma decisão. Representa a decisão de ver a mim mesmo como culpado ao invés de sem culpa. Tenho que reconhecer, ao contrário, que sou um Filho de Deus ao invés de um filho do ego, que a minha verdadeira casa não é nesse mundo mas em Deus. Não podemos fazer isso até olharmos primeiro para a nossa culpa e dizermos que não é isso o que realmente somos. Não podemos dizer isso até olharmos primeiro para uma outra pessoa e dizermos: “Você não é o que eu fiz de você; você é realmente o que Deus criou”. Há algumas passagens muito poderosas no Curso que lidam com esse passo e o quanto ele é aterrorizador. Uma concepção equivocada que as pessoas freqüentemente tem, sobretudo nas primeiras vezes que lêem Um Curso em Milagres, é pensar que tudo é bonito e fácil. O Curso pode enganar se vocês não tomarem cuidado. Em um nível, ele nos diz que tudo é simples; como nós estamos todos realmente “em casa em Deus, sonhando com o exílio” (T-.I.:); como tudo isso vai ser feito em um instante se apenas mudarmos a nossa mente, etc. O que acontece é que vemos essas passagens e esquecemos todas as outras que falam do terror que esse processo acarretará: o desconforto, a resistência e o conflito que virão ao começarmos a dar esses passos para lidar com a nossa culpa. Ninguém pode se libertar do ego sem lidar com a própria culpa e o medo porque isso é o ego. Jesus disse nos evangelhos: “E qualquer um que não tomar a sua cruz, e vier apos mim, não pode ser meu discípulo”. E sobre isso que ele está falando. Carregar a própria cruz é lidar com a própria culpa e com o próprio medo, transcendendo o ego. Não há forma alguma de alguém conseguir passar por esse processo sem dificuldade e dor. Agora, essa não é a Vontade de Deus para nós; essa é a nossa vontade.
Fomos nós que fizemos a culpa, assim, antes de podermos nos libertar dela, primeiro precisamos olhar para ela e isso pode ser muito doloroso. Há dois lugares em particular que descrevem esse processo e a quantidade de terror que está envolvida nisso: Lições e (L-pI.; L-pI. -). “Os dois mundos” no texto (TIX.) também nos falam do aparente terror através do qual temos que passar, e do terror de lidar com esse medo de Deus, o obstáculo final para a paz, que é onde a nossa culpa está mais profundamente enterrada. Assim, o segundo passo é realmente a disponibilidade de olharmos para a nossa culpa e dizermos que a inventamos, e que a culpa não representa a dádiva de Deus para nós, mas a decisão que tomamos de ver a nós mesmos como Deus não nos criou. Isso é, ver a nós mesmos como uma criança da culpa ao invés de uma criança do amor. Um Curso em Milagres é muito claro quando enfatiza que nós não podemos desfazer a culpa, pois fomos nós que a fizemos. Precisamos da ajuda que vem de fora do ego para fazermos isso. Essa ajuda é o Espírito Santo. E a única escolha que temos e convidar o Espírito Santo para corrigir o sistema de pensamento do ego e levar a culpa para longe de nós. Esse é o terceiro passo. O segundo passo, de fato, diz para o Espírito Santo: “Eu não quero mais me ver culpado; por favor, leve essa culpa para longe de mim.” O terceiro passo pertence ao Espírito Santo e Ele nos libera da culpa porque, com efeito, já o fez. A nossa aceitação disso é o único problema. Recapitulando os três passos: O primeiro passo desfaz a raiva projetada dizendo que o problema não está fora de mim; o problema está dentro de mim. O segundo passo diz que o problema que está dentro de mim é um problema que eu inventei e é algo que eu agora não quero mais. O terceiro passo, portanto, ocorre quando o entrego ao Espírito Santo e Ele se encarrega disso. Esses passos soam como algo fácil e simples, mas se vocês tiverem sorte, conseguirão completar isso em uma vida inteira. Não devem acreditar que isso possa ser feito de um dia para o outro. Algumas pessoas tem essa esperança mágica de que conseguindo terminar o livro de exercícios em um ano, estarão no Reino.
Bem isso ainda passa, mas só até você chegar ao fim do livro de exercícios e ler: “Esse curso é um começo, não um fim” (Lpfl.ep.:). O propósito do livro de exercícios é nos colocar na estrada certa, nos pôr em contacto com o Espírito Santo. A partir daí trabalhamos com Ele. O desfazer da culpa é trabalho para uma vida inteira porque a nossa culpa é tão enorme; que se fôssemos confrontá-la de uma vez só ficaríamos estarrecidos, acreditando que seriamos aniquilados pela morte, ou que enlouqueceríamos. Portanto, temos que lidar com ela aos poucos, um pedaço de cada vez. As várias experiências e situações que constituem a nossa vida podem ser usadas como parte do plano do Espírito Santo para nos guiar para longe da culpa em direção a inculpabilidade. Um Curso em Milagres fala muito sobre economizar tempo. De fato, muitas vezes, fala sobre ganhar milhares de anos (ex. T-II.:). Mesmo dentro da ilusão temporal deste mundo, ainda estamos falando de um tempo considerável. Estou enfatizando isso porque não quero que vocês se sintam culpados por continuar tendo problemas ao longo do seu trabalho com o Curso. A meta real no nível prático do Curso não é ficarmos livres de problemas, mas reconhecermos o que eles são, para depois reconhecermos os meios para desfazê-los dentro de nós. Mais uma vez, de forma muito clara, o propósito de Um Curso em Milagres é trazer a tona o sistema de pensamento do ego e o sistema de pensamento do Espírito Santo—a nossa mentalidade certa e a nossa mentalidade errada—para assim nos habilitar a optar contra a mentalidade errada e a favor do perdão e do Espírito Santo. Esse é um processo lento e temos que ser pacientes. Ninguém escapa da culpa da noite para o dia.
As pessoas que dizem a vocês que transcenderam seus egos provavelmente não o fizeram. Se o tivessem feito, nem sequer lhes diriam, pois estariam além disso. Deixem-me falar agora, de forma bastante específica, sobre como isso funciona. E aqui vemos como Jesus e o Espírito Santo nos pediriam para lidar com as situações que aparecem nas nossas vidas. Vamos dizer que estou sentado aqui, tentando fazer o trabalho do meu Pai e alguém entra e me insulta ou joga alguma coisa em cima de mim. Vamos assumir que, nesse momento em que estou aqui sentado, eu não esteja na minha mente certa. Em outras palavras, eu acredito que sou um ego. Sinto-me amedrontado e culpado, e não acredito que Deus esteja comigo; não estou me sentindo muito bem sobre mim mesmo. Agora você entra e começa a xingar e gritar comigo, me acusando de todos os tipos de coisas. Em algum nível, porque sou culpado, acreditarei que o seu ataque a mim é justificado. Isso não tem nada a ver com o que você diz ou não diz, ou se o que você diz é ou não verdadeiro. O fato de eu já ser culpado vai exigir que eu acredite que deva ser punido e atacado. Você entra e faz exatamente o que eu acredito que esteja vindo para mim. Isso vai dar lugar a duas coisas. Em primeiro lugar, o seu ataque a mim vai reforçar toda a culpa que eu já sinto. Em segundo lugar, vai reforçar a culpa que você já sente porque você não me estaria atacando se você mesmo já não fosse culpado. O seu ataque a mim vai reforçar a sua própria culpa. Nessa situação, eu não vou apenas sentar aqui e receber o seu ataque sem me mexer. Eu farei uma dessas duas coisas (ambas são a mesma): uma é ir para um canto chorar e pedir a você para ver como você me tratou mal, como me trouxe todo esse sofrimento, para que você veja como me sinto miserável e se sinta responsável por isso. A mensagem que eu estou lhe dando é: por causa da coisa terrível que você me fez, eu estou agora sofrendo. Essa é a minha maneira de lhe dizer que você deve se sentir arrasado e culpado por causa do que você me fez. A outra forma de fazer a mesma coisa é atacar você de volta. Vou apenas xingar você com todos os nomes feios que conheço e dizer: “O que você pensa que é me chamando de tudo isso? Você é que é realmente uma pessoa, etc.” Essas duas formas de defesa da minha parte são realmente maneiras de fazer você se sentir culpado pelo que fez comigo. O próprio fato de eu estar fazendo isso com você constitui um ataque pelo qual eu vou me sentir culpado; o próprio fato de eu estar impondo culpa a você, que já se sente culpado, vai reforçar a sua culpa. Assim, o que acontece quando a sua culpa se encontra com a minha é que a reforçamos em cada um de nós e desse modo ficamos ambos ainda mais condenados a essa prisão de culpa na qual vivemos. Dessa vez, vamos assumir que você vem aqui e me insulta, mas agora eu estou na minha mente certa e me sinto bem em relação a mim mesmo. Sei que Deus está comigo, que Deus me ama e, por causa disso, nada pode me ferir. Não importa o que você faça comigo, porque eu sei que Deus está comigo, sei que estou perfeitamente a salvo e em segurança. Sei que seja o que for que você diga, mesmo que possa ser verdade em certo nível, em um nível mais profundo não pode ser verdadeiro porque sei que sou um Filho de Deus e, portanto, sou perfeitamente amado pelo meu Pai. Não há nada que você diga ou faça que possa tirar isso de mim. Se assumirmos que é essa a posição na qual eu estou no momento em que estou aqui sentado e você entra e me insulta, eu sou livre para olhar para o que você fez de outra maneira. Há uma frase maravilhosa na primeira carta de João no Novo Testamento que diz: “O amor perfeito exclui o medo”. Jesus a cita muitas vezes no Curso de modos diferentes. O que isso significa não é apenas que o amor perfeito exclui o medo, também exclui o pecado, a culpa, e todas as formas de sofrimento e raiva. Não há nenhuma maneira de alguém estar repleto do amor de Deus (e identificado com isso) e ter medo, raiva, culpa, ou buscar ferir outra pessoa. E absolutamente impossível que alguém sinta o Amor de Deus e procure ferir um outro. Você simplesmente não pode fazer isso. Isso significa que se você está tentando me ferir. Naquele momento específico você não acredita que esteja repleto do Amor de Deus. Naquele momento específico, você não está se identificando como um Filho de Deus. Você não acredita que Deus seja seu Pai e, porque está no seu estado egótico, você se sentirá ameaçado e culpado. Você sentirá que Deus está tentando pegá-lo. E a única forma de você lidar com toda essa culpa é atacando um irmão. E isso o que a culpa sempre faz. Portanto, quando você me insulta ou me ataca, está dizendo: “Por favor, me ensine que eu estou errado; por favor me ensine que há um Deus que me ama, que eu sou Sua criança. Por favor, me mostre que o amor que eu acredito ser impossível para mim realmente existe”. Assim, todo ataque é um pedido de auxilio ou um pedido de amor. – O primeiro subtítulo do capítulo do texto, “O julgamento do Espírito Santo” (T-I) declara isso de forma muito nítida. Aos olhos do Espírito Santo cada ataque é um pedido de ajuda ou um pedido de amor porque se a pessoa se sentisse amada, ele ou ela não poderiam nunca atacar. O ataque é uma expressão do fato de que a pessoa não se sente amada e, portanto, é um pedido de amor. Está dizendo: “Por favor, me mostre que eu estou errado, que realmente existe um Deus que me ama, que eu sou a Sua criança e não um filho do ego”.
Se eu estou sentado aqui na minha mente certa é isso o que vou ouvir. Vou ouvir no ataque um pedido de amor. E por estar identificado com o Amor de Deus naquele momento, como poderia responder de qualquer outra maneira que não fosse uma tentativa de estender esse Amor? A forma especifica na qual eu respondo ao ataque cabe ao Espírito Santo. Se eu estou na minha mente certa, perguntarei a Ele e Ele me mostrará como devo responder. A forma das minhas ações não é importante. Esse não é um curso sobre atos ou comportamento, mas sobre uma mudança no nosso modo de pensar. Como nos diz Um Curso em Milagres, “não busques mudar o mundo, mas escolhe mudar a tua mente sobre o mundo” (T-in.:). Se pensamos de acordo com o Espírito Santo, tudo o que fizermos será certo. Santo Agostinho disse uma vez: “Ama e faze o que quiseres”. Se o amor está no nosso coração, tudo o que fizermos será certo; se não está, tudo estará errado, pouco importa o que seja.
Portanto, a minha preocupação, ou o que deve me interessar não é o que eu devo fazer quando você me ataca; o que me interessa é como posso ficar na minha mente certa para poder então perguntar ao Espírito Santo o que devo fazer. Repetindo, se eu estou na minha mente certa, verei o seu ataque como um pedido de ajuda e não verei o ataque de forma alguma. Essa idéia de julgamento e extremamente importante. Mais uma vez, de acordo com o Espírito Santo, há apenas dois julgamentos que podemos fazer sobre qualquer pessoa ou qualquer coisa nesse mundo. Ou é uma expressão de amor ou um pedido de amor. Não há nenhuma outra alternativa possível. O que faz com que viver nesse mundo seja muito simples, uma vez que você pense assim. Se alguém expressa amor a mim, como posso responder a não ser expressando amor de volta? Se meu irmão ou irmã está pedindo amor, como posso reagir a não ser dando esse amor? Ainda outra vez, isso faz a vida nesse mundo ser muito simples. Isso significa que pouco importa o que a gente faça, pouco importa o que o mundo pareça fazer a nós, a nossa resposta sempre será uma resposta de amor, o que realmente faz com que tudo seja muito simples. Como diz o Curso, “a complexidade é do ego” (T-IV.:), mas a simplicidade é de Deus.
Enquanto seguirmos os princípios de Deus, tudo o que fizermos será sempre a mesma coisa. O subtítulo no final do Capítulo foi escrito no dia de Ano Novo e Jesus sugere como a resolução de Ano Novo: “Faze com que esse ano seja diferente fazendo com que tudo seja o mesmo” (T-XI.:). Se você pode ver que tudo é uma expressão de amor ou um pedido de amor, nesse caso você sempre reagirá da mesma forma: com amor. Perdoar é ser capaz de olhar para o que está além da escuridão do seu ataque, vendo-o, em vez disso, como um pedido de luz. Essa é a visão de Cristo, e a meta de Um Curso em Milagres é ajudar-nos a fazer face a qualquer situação e qualquer pessoa em nossas vidas, sem exceções, com essa visão. Fazer uma única exceção e dizer realmente que há uma parte de mim mesmo que eu quero manter amortalhada na escuridão da culpa, sem nunca deixar que seja libertada pela luz. A forma na qual eu faço isso é projetar essa parte em você e ver essa mancha escura em você. A última visão do Curso vem na última página do texto, onde ele diz que “nada que venha das trevas ainda permanece para esconder a face de Cristo de quem quer que seja”. Nesse ponto toda a escuridão da culpa em nós mesmos será desfeita. Então veremos a face de Cristo que, incidentalmente, não é a face de Jesus. A face de Cristo é a face da inocência que veremos em todas as pessoas no mundo. Nesse momento atingimos a visão de Cristo e é a isso que o Curso se refere quando nos fala do mundo real, que é a meta final antes do Céu. O que isso significa em termos da nossa vida prática e sermos capazes de ver cada coisa que ocorre — a partir do momento em que nascemos ao momento da nossa morte, do momento em que acordarmos todos os dias ao momento em que vamos dormir toda a noite — como uma oportunidade que o Espírito Santo pode usar para nos ajudar a ver que somos sem culpa. Assim como olhamos as outras pessoas nas nossas vidas estamos olhando para nós mesmos. Assim sendo, as pessoas que são as mais difíceis e as mais problemáticas são as maiores dádivas para nós porque se pudermos curar os nossos relacionamentos com elas, o que estamos realmente fazendo é curando o nosso relacionamento com Deus. Cada problema que vemos em uma outra pessoa, que queremos excluir das nossas vidas, é realmente o desejo secreto de excluirmos uma parte da nossa culpa de nós mesmos de modo a não termos que soltá-la. Essa é a atração que o ego tem pela culpa. A melhor forma de conservarmos culpa é agredindo um outro. Sempre que formos tentados a fazer isso, o Curso nos diz que há Alguém conosco que nos baterá levemente no ombro, lembrando-nos: “Meu irmão, escolhe outra vez”. E a escolha é sempre entre perdoarmos ou não perdoarmos. A escolha que fazemos ao perdoar uma outra pessoa é a mesma escolha que fazermos para perdoar a nós mesmos. Não há nenhuma diferença entre o que está fora ou o que está dentro; tudo é uma projeção do que sentimos dentro de nós. Se sentirmos culpa dentro de nós, nesse caso é isso que vamos projetar lá fora. Se sentirmos o Amor de Deus dentro de nós, então é isso que estenderemos ao que está fora. Todas as pessoas e todas as circunstâncias nas nossas vidas nos oferecem a oportunidade de ver o que está dentro do projetor das nossas mentes; elas nos oferecem a oportunidade de fazer uma outra escolha.
CONTINUA…
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Lição 004 – “Estes pensamentos não significam nada. São como as coisas que eu vejo neste quarto [nesta rua, desta janela, neste lugar].”
1. Distintos dos anteriores, estes exercícios não começam com a idéia para o dia. Nestes períodos de prática, começa notando os pensamentos que estão cruzando a tua mente durante mais ou menos um minuto. Em seguida, aplica a idéia a eles. Se já estiveres ciente de pensamentos infelizes, usa-os como sujeitos para a idéia. Todavia, não seleciones apenas os pensamentos que pensas que são “maus”. Acharás, treinando-te a olhar para os teus pensamentos, que representam uma tal mistura que, de certa forma, nenhum deles pode ser chamado de “bom” ou “mau”. É por isso que não significam nada.
2. Ao selecionares os sujeitos para a aplicação da ideia de hoje, a especificidade usual é requerida. Não tenhas medo de usar tanto os pensamentos “bons” quanto os “maus”. Nenhum deles representa os teus pensamentos reais, que estão sendo cobertos por eles. Os “bons” são apenas sombras daquilo que está além, e sombras fazem com que seja difícil ver. Os “maus” são bloqueios para a vista e fazem com que seja impossível ver. Não queres nenhum dos dois.
3. Este é um dos exercícios principais e será repetido de vez em quando de forma um pouco diferente. O objetivo aqui é o de treinar-te nos primeiros passos em direção à meta de separar o que é sem significado daquilo que é significativo. É uma primeira tentativa no propósito de longo alcance de aprenderes a ver o sem significado como estando fora de ti e o significativo dentro de ti. Também é o começo do treinamento da tua mente para reconhecer o que é o mesmo e o que é diferente.
4. Ao usares os teus pensamentos para a aplicação da ideia para o dia de hoje, identifica cada pensamento pela figura central ou evento que ele contém, por exemplo:
Este pensamento sobre ______ não significa nada. É como as coisas que vejo neste quarto [nesta rua, e assim por diante].
5. Também podes usar a idéia para algum pensamento em particular que reconheças como danoso. Essa prática é útil, mas não é um substituto para os procedimentos mais casuais que devem ser seguidos para os exercícios. Contudo, não examines a tua mente por mais de um minuto aproximado. Ainda és por demais inexperiente para evitar uma tendência a preocupar-te de forma inútil.
6. Além disso, como estes exercícios são os primeiros desse tipo, podes achar a suspensão de julgamento em conexão com os pensamentos particularmente difícil. Não repitas estes exercícios mais de três ou quatro vezes durante o dia. Nós voltaremos a eles mais tarde.
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