A agência espacial americana pretende estabelecer colônias no planeta que sejam totalmente independentes da Terra. A proposta é que isso ocorra "nas próximas décadas"
12/10/2015 às 16:12 - Atualizado em 12/10/2015 às 16:1
111Imagem natural de Marte vista pelas lentes do telescópio Hubble. É possível perceber uma das calotas polares na parte inferior da fotografia - uma mistura de água e dióxido de carbono congelados. (Foto: NASA/Hubble Telescope/VEJA)
Da mesma forma que levou os homens à Lua, a Nasa pretende nos levar à Marte. No entanto, ao contrário da missão Apollo, "nós iremos para ficar", afirmou a agência espacial americana em um documento de 36 páginas que detalha os próximos passos da Jornada para Marte, missão de colonização do planeta.
Divulgado na última semana, o relatório da Nasa revela os muitos desafios que ainda precisam ser superados antes que os humanos possam fincar a bandeira em território marciano, como radiações, efeitos da microgravidade e contaminações fatais aos homens. Enquanto as primeiras datas divulgadas pela agência previam 2030 como o ano provável para a chegada do homem a Marte, o novo documento revisa o calendário para as "próximas décadas".
A publicação do texto foi feita tendo em vista uma audiência no Congresso americano sobre o orçamento para a exploração extraterrestre e um encontro internacional da indústria espacial em Jerusalém, nesta semana.
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Mais perto do que nunca - Em uma nota que acompanha o texto, Charles Bolden, administrador da Nasa, disse que a agência espacial norte-americana está "mais perto do que nunca de enviar astronautas para Marte."
"Estamos empolgados em continuar discutindo os detalhes de nosso plano com os membros do Congresso, assim como com nossos parceiros comerciais e internacionais, muitos dos quais participarão do Congresso Internacional de Astronáutica", afirmou Bolden.
O plano divide-se em três etapas, a primeira das quais já está em andamento com experimentos sobre a saúde e o comportamento humanos e sistemas para cultivar comida e reciclar água a bordo da Estação Espacial Internacional (ISS).
A segunda fase, chamada "Campo de teste", está prevista para começar em 2018 com o primeiro lançamento da nova cápsula espacial Órion sobre o poderoso foguete Space Launch System (SLS). Em seguida, a agência planeja praticar outras missões na área entre a Lua e a Terra, ou em torno da órbita da Lua. "A Nasa aprenderá a conduzir operações em um ambiente de espaço profundo que permitirá às tripulações voltar à Terra em questão de dias", garantiu o relatório.
A terceira etapa envolve viver e trabalhar na superfície de Marte e em trânsito em naves espaciais "que sustentarão a vida humana durante anos, fazendo apenas manutenções de rotina".
Em relação aos investimentos, o documento afirma que são "acessíveis dentro do atual orçamento da Nasa."
Obstáculos - Os astronautas que viajarem para Marte podem passar até três anos no espaço, onde a radiação é alta e, portanto, são maiores os riscos de desenvolver câncer, perder densidade óssea e sofrer problemas imunológicos, segundo o documento.
"Viver e trabalhar no espaço requer aceitar riscos e a viagem vale esse risco", afirmou o texto, chamando Marte de "um objetivo alcançável" e a "próxima fronteira tangível para a expansão da presença humana".
Alguns especialistas, contudo, consideraram que o informe, que não inclui orçamento nem cronograma, é fraco em detalhes importantes.
John Rummel, do instituto SETI, disse que o documento contém "curiosas deficiências" e apontou que só menciona os termos "comida" e "ar" uma vez, sem dar mais detalhes sobre como os astronautas farão para cultivar alimentos no espaço para sobreviver.
Também ignora "o importante assunto do risco de contaminação" caso Marte abrigue pequenas formas de visa ou se os humanos as levarem para lá por acidente, disse Rummel à Agência France Presse.
"Se não tivermos bastante cuidado, a contaminação proveniente da Terra pode ser interpretada erroneamente como vida marciana", comentou.
18Capturada em 11 de janeiro de 2015 pela Missão Mars Reconnaissance Orbiter (MRO), esta imagem mostra o que os cientistas chamam de RSL – linhas recorrentes de encostas relacionadas à presença de água– na cratera de Aram Chaos. (Foto: VEJA.com/Nasa)
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