Pergunta que recebi nos comentários do post anterior sobre as manifestações de 15 de março: Parte I AQUI
"Particularmente não gosto de misturar discussão política com preferência religiosa, essa mistura é uma praga. Eu não gosto da presidente, como não voto levando em conta qualquer partido. O que vemos no Brasil é a corrupção entranhada na sociedade, de ponta a ponta. O bom agora é que finalmente os corruptores, que sempre foram poupados, apareceram. Essa operação Lava Jato e a lista do HSBC mostram como a fina-flor da sociedade (dita culta e bem informada) é tão corrupta como qualquer outra classe. Lamento pelo Brasil porque não vejo decência em qualquer partido político. Pedir impeachment nas ruas é um direito de todo mundo, mas acho que é um caminho equivocado. Quanto mais a pressão por impeachment, quem ganha é o congresso com seus achaques ao governo. E este, sim, é a maior desgraça do Brasil. Com esse congresso e esse sistema político, qualquer presidente será refém e obrigado a tolerar a corrupção. A agenda das manifestações deveria ser: renúncia da presidente e do vice, reforma política e novas eleições. Entregar o Brasil ao Temer, Eduardo Cunha e ao Renan Calheiros é suicídio. Não basta tirar o PT do poder, sem um projeto posterior.
Sobre o primeiro parágrafo desse comentário, o link abaixo ilustra bem: AQUI
Só acredito em mudança com uma reforma política ampla que permita a atuação de um presidente que não seja político-profissional, acostumado aos vícios do congresso. Assim como Dilma, nunca acreditei que Aécio ou o finado Eduardo fossem qualquer solução: são produto do mesmo ambiente político, cada um aliado dos seus pilantras de preferência. As raposas que sustentam o PT no poder são as mesmas que sustentaram e achacaram sr. FHC. Vamos ver se um "Joaquim Barbosa" tem coragem de entrar na briga, sem se submeter à política tradicional." (Julião)
Resposta: Olá Julião. Tenho que discordar de alguns dos argumentos que você expôs nesses dois comentários. O primeiro deles é que supostamente não deveríamos misturar discussão política com preferência religiosa, pois dá a idéia de que qualquer pessoa com uma religião não deve discutir política. Tal idéia é errônea, pois a política diz respeito ao católico, ao evangélico e ao espírita, errado é o religioso querer utilizar a política para beneficiar a sua religião acima das demais ou para perseguir outras religiões ou ainda colocar as crenças religiosas acima do estado laico de direito. Agora, um espírita ou um médium informar o que tem visto no mundo espiritual e fazer uma análise do panorama e dos acontecimentos da nação, isso não tem nada de errado, pois sou um cidadão como qualquer outro e se tem alguns leitores que gostam do que escrevo, enxergam coerência nas minhas opiniões, então nada mais democrático do que expor aquilo que tenho observado, tanto no físico como no astral.
Outro ponto que acho equivocado é generalizar. Existe corrupção e gente corrupta em todos os segmentos da sociedade, do mais pobre ao mais rico, existe corrupção sim nos partidos políticos, no Congresso. Mas nem por isso podemos dizer que todo o Congresso, que todos os políticos são corruptos, pois nem toda a sociedade é corrupta. Da mesma forma que as investigações da Lava Jato devem apontar os culpados no âmbito empresarial, também apontarão no âmbito político, sobretudo no Executivo e também no Legislativo, pois por mais que saibamos que existem sim muitos políticos do Legislativo envolvidos e de vários partidos, as investigações apontam para um núcleo de comando e controle partindo do Executivo.
Quanto aos "achaques" do Legislativo ao Executivo, em minha opinião foi uma frase infeliz do ex ministro da Educação. Em uma República, os três poderes devem ser independentes e atuar de forma harmônica, com base no diálogo. Tal divisão existe justamente pra evitar a concentração de poder, tão comum nos regimes populistas e ditatoriais, no qual o presidente ou líder executivo controla, na base do dinheiro, ampla maioria do Legislativo para que cada vez mais, maiores poderes sejam dados ao Executivo, até o ponto que uma nova Constituição possa ser criada, dando ainda mais poderes ao Executivo, que ao mesmo tempo aparelha o poder Judiciário para evitar que os casos de corrupção ou de leis anticonstitucionais sejam julgados. Foi exatamente isso que aconteceu com a Venezuela.
Existem diversas formas do Executivo compor uma maioria no Congresso, é no diálogo entre Executivo e Legislativo que é feita boa parte da política, o que não pode é existir compra ou pagamento de mesada a deputados. O problema é que tal idéia não partiu do Legislativo como um conjunto, não foi um “achaque” coletivo, pois se assim fosse bastaria ao Executivo acionar o Judiciário, mas muito pelo contrário: como ficou comprovado no julgamento do mensalão esse pagamento foi institucionalizado, mesma suspeita que recai nas investigações do petrolão. Em um governo que combate a corrupção quando um ou mais deputados exigem dinheiro ou mesada por apoio político cabe ao Executivo acionar o Poder Judiciário e não criar sistemas para financiar corrupção com a desculpa de que está sendo achacado e que precisa pagar corrupção senão não consegue governar.
No Brasil, após o impeachment do Collor, o seu sucessor Itamar Franco propôs um governo de coalizão, que pudesse votar as reformas necessárias (tributária, fiscal e política), sendo que apenas um partido se recusou a participar de tal coalizão, que dividiria o poder dos ministérios entre todos os partidos, exatamente o partido que está no poder executivo há 12 anos. Diálogo entre Executivo e Legislativo, divisão do poder entre partidos, tudo isso faz parte da República, o que cabe ao povo é pressionar os políticos, fiscalizar, buscar esclarecimento para propor novas regras que dificultem a corrupção no Congresso e no Executivo como, por exemplo, o voto distrital.
Por isso eu acho que o argumento, que algumas pessoas usam, de que todos os políticos são corruptos, mas boa parte da sociedade também é e, portanto não pode julgar quem cometa corrupção é uma falácia, pois independente de todas as pessoas necessitarem evoluir moralmente e assim acabar com o "jeitinho brasileiro", os políticos devem representar a nata moral da sociedade e estarem prontos para ser constantemente julgados pela população, mesmo que boa parte da população seja aquela que alguma vez já usou o "jeitinho" pra resolver alguma coisa. Ir as ruas contra a corrupção, debater política de forma sadia sem retóricas ou "torcidas de futebol" por determinado partido é uma dever de cada brasileiro, pois diz respeito a toda estrutura que governa o país, é esse debate no seio da população e o interesse por tais assuntos que fará o país crescer civicamente e poder eleger melhores políticos e ao mesmo tempo fortalecer instituições democráticas que possam também fiscalizar e julgar os maus feitos tanto na política como na sociedade.
A reforma política, que levanta itens como, por exemplo, o próprio voto distrital é algo que pode muito bem ser mais debatido pelas pessoas. Quais soluções, por exemplo, podem ser trazidas para a saúde: carreira para os médicos, parcerias público privadas, incentivos fiscais, maior número de postos de saúde para desafogar os hospitais, um posto para cada célula geográfica com 50 mil pessoas e um hospital para cada célula de 200 mil pessoas, por exemplo....Temos nas mãos, com a grande tecnologia, a capacidade de debater tais medidas, unir setores da sociedade entorno desse diálogo, pois a luta é pelo bem do país e não luta de classes, a luta dos pobres contra "azelite" é uma conversa fiada criada por um cidadão com patrimônio de bilhões e que ainda se faz de "proletariado".
Tal debate dentro da sociedade é o que pode ocasionar uma verdadeira reforma política e não a proposta requentada que a presidente trouxe, sem qualquer diálogo com a população e o Congresso. Temos problemas claros e bem definidos nos principais partidos da República, tanto no PMDB, PT e PSDB, o que não significa que todos os políticos desses partidos sejam corruptos ou que a sociedade não possa apoiar alguma proposta feita por um deles (ou outro partido) que seja benéfica a nação. Por exemplo: o PMDB vai propor a diminuição de 39 para 20 ministérios e diminuição no número de cargos de confiança... é uma ótima proposta e uma "deixa" pra população ir as ruas dia 12 de abril e também levantar a bandeira pela diminuição no número de vereadores e com a folha do funcionalismo municipal que consome enormes recursos orçamentários que poderiam ser gastos com áreas como saúde e educação.
Quanto a questão do impeachment, não existem provas cabais que comprovem envolvimento ou prevaricação da presidente, isso é um fato. Outro fato é que há muitas informações em conjunto, nas delações, de que há um envolvimento da presidente e do núcleo político do partido da presidente, o que enseja fortes indícios para as pessoas acreditarem que a presidente prevaricou, visto que raramente em uma delação o delator mente ou não tem provas do que diz, pois isso aumentaria sua pena e anularia o acordo.
O que precisa ser dito, independente de quem acha que é correto ou não já pedir o impeachment da presidente, seja por falta de provas ou por já existirem fortes indícios, é que se o processo de afastamento da presidente ocorra, caso ocorra, será pela linha da cassação de mandato e não pelo impeachment, por isso o presidente do Legislativo diz que não aceitará pedido algum de impeachment mesmo sendo contrário a presidente e seu partido. Mas porque ele recusaria tal pedido (pelo menos por agora)? A resposta é simples: os indícios levantados na Lava Jato e ainda não comprovados (pois não chegou a fase dos delatores trazerem as provas) apontam para delitos na arrecadação de campanha da presidente, o que ensejaria a cassação da candidatura, dela e do vice (Temer), o que ser for feito até final de 2016 ensejaria novas eleições presidenciais, sendo que após esse período, caso aprovada, a cassação levaria o próprio Cunha a presidência pelos meses restantes até final de 2018.Por isso a pressa de muitas pessoas que são contrárias a manutenção da atual presidente, por acreditarem que já existem indícios o suficiente para pedir o impeachment ou a cassação, pois se isso for feito antes do final de 2016 novas eleições seriam marcadas sem que algum dos políticos do PMDB subisse ao poder.
Sobre esse ponto, cabe a população debater formas de enfraquecer o acúmulo de poderes políticos em determinado partido, pois já vimos que isso não deu certo, ou seja, evitar que as leis permitam que qualquer partido (e creio que a maioria, senão todos os partidos o querem) pense em criar formas de se perpetuar no poder.
Não apenas proibir a reeleição ou que um político possa assumir mais de um mandato, mesmo que em eleições intercaladas, seja pra presidente, governador ou prefeito, isso ajudaria a renovar constantemente os nomes da política e enfraquecer os caciques, pois teoricamente o político se esforçaria sempre pra ser um ótimo político: após ser deputado estadual, teria que escolher ser candidato a deputado federal ou prefeito e a partir daí somente governador, senador ou presidente e uma única vez. Outro ponto interessante seria impedir que um mesmo partido fosse reeleito, tanto para presidência, governador ou prefeito, ou seja, se um partido cumpre 4 ou 5 anos de mandato executivo, ele precisa esperar passar uma eleição para colocar um candidato novamente. Isso não apenas evitaria que partidos tentassem acumular poder e se perpetuar como estimularias alianças entre partidos por candidaturas e governabilidade, visto que os partidos existem pra representar o povo e trazer propostas e não para buscar o poder pessoal ou partidário acima dos interesses da nação.
Creio que seja esse o caminho, o do debate, utilizando tecnologias para estimular as pessoas a conhecerem tais questões e não apenas serem "massa de manobra" de partidos políticos que buscam "torcida e torcedores" para defenderem seus partidos como clubes de futebol, como se estes estivessem acima dos interesses da Pátria, que necessariamente precisa do diálogo e busca positiva por formas de melhoria e não de "luta de classes" ou um partido querendo ser hegemônico acima dos demais.
Debate, diálogo, manifestações pacíficas que não ferem as leis constitucionais, são formas positivas de crescimento cívico da sociedade, bem contrárias ao discurso de ódio e de enfrentamento violento que alguns setores contrários as manifestações do dia 15 de março estimularam. Os espíritos amigos buscam inspirar e estimular as pessoas para que em sociedade aconteça um crescimento mais fraterno, mais cooperativo, com maior diálogo e troca de idéias visando o bem coletivo e não apenas a alguns setores, sociais ou partidários. Se tivermos que dividir a sociedade em geral, em termos políticos, só existem dois grupos: aqueles que votam e produzem riqueza através do trabalho e impostos e aqueles (os políticos) que organizam onde tais recursos serão aplicados e tem a responsabilidade por zelar esses recursos.
Muitas das informações apresentadas nesse vídeo foram trazidas no livro “Brasil o Lírio das Américas” pelos guardiões Anik e Jeremias e curiosamente tal conferência e esse discurso e o lançamento do livro aconteceram exatamente na mesma época
A luta não é entre classes sociais ou entre regiões do país, a luta não é entre esquerda ou socialismo contra direita ou capitalismo, a luta não é entre liberais contra conservadores, pois numa sociedade republicana e democrática todas as classes sociais, regiões e ideologias econômicas precisam coexistir e buscarem um diálogo pelo bem do país, o diálogo pelo bem do país é a essência da política e da democracia.
A verdadeira luta é contra a corrupção, contra o aparelhamento partidário do Estado (que privilegia interesses políticos acima da meritocracia de funcionários de carreira) e contra o enfraquecimento da autonomia e independência das instituições democráticas, a luta é contra a concentração de poder em um partido, a luta é por valorizar e estimular o debate e o interesse das pessoas sobre os assuntos que envolvem a política do país, não com um foco em um partido político mas sim com o foco nas medidas e idéias que ajudarão o país a ser mais produtivo, estimulando uma maior ação e diálogo da população com os entes políticos, debatendo, trazendo propostas, indo pras ruas, mostrando que o povo está atento, fiscalizando e cada vez mais interagindo na busca por soluções e resoluções de problemas.
Em sua grandíssima maioria as manifestações de 15 de março foram pacíficas, sem discursos de ódio ou de luta de classes, mas sim caminhadas pacíficas, com pessoas vestidas de verde a amarelo defendendo o combate a corrupção mas acima de tudo, mobilizando as pessoas para se informar e debater mais sobre novas soluções e caminhos para a política do país, algo extremamente positivo para o amadurecimento da nossa sociedade, sobretudo porque não foi uma manifestação pró partido tal ou pró político tal, mas sim por pessoas que não estão satisfeitas com os rumos tomados pelo atual governo, pelos fortes indícios de corrupção sobre o atual Executivo e parte do Legislativo e que tem democraticamente e segundo a lei todo o direito de se manifestarem, de forma pacífica e ordeira como o fizeram na sua grande maioria no dia 15 de março, exercendo sua cidadania.
O direito de manifestação e de voto não está restrito apenas aos “perfeitos moralmente”, não está restrito aqueles que nunca deram um "jeitinho" e muito menos está restrito a partidários ou favoráveis ao atual governo. Que as pessoas possam refletir sobre essas questões e formular o próprio entendimento sobre o que é melhor para o país, livres de paixões partidárias mas sobretudo não enxergando apenas os próprios interesses, pois mesmo aqueles que possuem filiação partidária ou simpatia por algum partido político precisam ter também a maturidade para reconhecer e exigir reformas nos quadros dos seus partidos em busca de um veículo do desejo popular (função do partido) menos corrupto e mais sintonizado com os interesses do país.
Uma revolução, uma grande mudança está em curso e é irrefreável, como mostrei em setembro de 2014 no lançamento do livro Brasil o Lírio das Américas. Irrefreável pois não tem partido, mas nasce do desejo popular coletivo, como mencionei no livro e com amplo apoio e colaboração dos guardiões e espíritos amigos.
Triste daquele que colocar o seu partido acima do interesse da nação, pois muitos partidos, não apenas um, daqui alguns anos sequer existirão mais ou passarão por tal reformulação ou refundação que boa parte dos seus quadros políticos será definitivamente afastada.
Que cada um de nós possa ter maturidade suficiente para o diálogo entorno de propostas positivas para o país e suas reformas necessárias, com serenidade para aceitar os equívocos e condenações que porventura recaiam sobre um político ou partido que antes julgávamos incorruptível ou um legítimo representante da classe popular. Que cada um de nós possa colocar o país, o debate e o convívio entre as diferenças num caminho único de combate a corrupção e crescimento da cidadania na sociedade, acima de interesses partidários. É essa a postura que os amigos espirituais esperam de nós, independente da religião ou ideologia filosófica que cada um siga.
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