Posted: 20 Apr 2012 06:08 AM PDT
Quer
ajudar a salvar a humanidade da extinção? Reduza o consumo de carne.
Esta medida é necessária e urgente, a fim de estabilizar os níveis
atmosféricos de um gás do efeito estufa chamado óxido nitroso.
Este
gás é a maior contribuição do ser humano para o aumento do “buraco de
ozônio” e o terceiro gás que mais agrava o efeito estufa, depois do
dióxido de carbono e do metano. Cerca de 80% das emissões humanas de óxido nitroso são provenientes da criação de gado. Bactérias
convertem o nitrogênio encontrado no esterco bovino ou o excesso
deixado no solo em gás óxido nitroso. Cada quilo de carne que comemos
requer múltiplos quilos de grãos, e cada grão, por sua vez, requer a
utilização de fertilizantes contendo azoto, de modo que a quantidade de
óxido nitroso liberado por caloria da carne e lacticínios é muito maior
do que se apenas comêssemos cereais, verduras, legumes e frutas.
Detendo a mudança climática
Uma
equipe de cientistas analisou diversas opções para as futuras emissões
de óxido nitroso, inclusive estabilizar os níveis atmosféricos do gás
deste século. Eles consideraram que alterações das emissões são
urgentemente necessárias para atingir esta meta. Uma hipótese é a
utilização do azoto de maneira mais eficiente para cada quilo de grão ou
carne produzido. Mas reduzir a demanda por carne também é eficaz. “Se
quisermos chegar à redução mais agressiva – o que realmente estabiliza o
óxido nitroso – temos que usar todos os itens acima, inclusive mudanças
na nossa alimentação”, disse o pesquisador Eric Davidson. Ele
mostrou que é necessário reduzir o consumo de carne no mundo
desenvolvido em 50% para gerir o azoto duas vezes mais eficientemente.
Essa análise está de acordo com outras, como um relatório de 2006 da ONU, que afirmou que a pecuária contribui mais para a mudança climática do que o transporte. Se
incluirmos o metano – liberado em grandes quantidades por ruminantes
como o gado – e as emissões de dióxido de carbono da produção de
fertilizantes, as emissões de gases de efeito estufa provenientes da
agricultura e pecuária são ainda maiores. O óxido nitroso é liberado em
quantidades muito menores do que o dióxido de carbono e o metano, mas é
cerca de 300 vezes melhor em capturar calor e permanece na atmosfera por
cerca de 100 anos, de modo que cada uma de suas moléculas contribui
muito para o aquecimento global.
A
solução, portanto, é a redução do consumo de carne. Mas será que isso
tem alguma chance de acontecer? Davidson lembra que, há 30 anos, ninguém
acreditaria que o tabagismo fosse proibido em bares, ou que o consumo
do cigarro diminuísse – e isso aconteceu. Tudo é possível, portanto, se
houver uma conscientização da população mundial. De acordo com o estudo
do cientista, o consumo anual médio per capita de carne, no
mundo desenvolvido, foi de 78 quilos, em 2002, e está projetado para
crescer para 89 quilos em 2030. Enquanto isso, no mundo em
desenvolvimento, foi de 28 quilos em 2002, projetado para crescer para
37 em 2030. “Temos vivido de uma forma muito irresponsável. Passar de 82 kg de carne por ano para 40 não é pedir muito”, disse a cientista Christine Costello.
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