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sábado, 28 de janeiro de 2012

IMAGENS DA NEBULOSA DE ÁGUIA:

Nebulosa da Águia: a conjugação de imagens de vários observatórios fornece uma nova visão de um ícone cósmico:

A Nebulosa da Águia (M16) foi retratada agora de forma inédita em um esforço conjunto de vários observatórios espaciais e terrestres
A impressionante imagem inédita captada pelo XMM-Newton e pelo Herschel. Créditos: infravermelho extremo: ESA/Herschel/PACS/SPIRE/Hill, Motte, HOBYS Key Programme Consortium; raios-X: ESA/XMM-Newton/EPIC/XMM-Newton-SOC/Boulanger
Em 1995, a imagem da Nebulosa da Águia, capturada pelo Telescópio Espacial Hubble, tornou-se uma das mais icónicas imagens do século vinte, tendo sido “batizada” de: «Os Pilares da Criação». Agora, dois observatórios da ESA (Agência Espacial Européia) trouxeram novas informações sobre este enigmático berçário de estelar.
A Nebulosa da Águia reside a 6.500 anos-luz de distância, na direção da constelação da Serpente. A nebulosa contém o jovem aglomerado estelar NGC 6611, também visível através de modestos telescópios de menor porte. Este aglomerado ilumina a poeira e o gás em volta, resultando em uma enorme cavidade, alicerçada em pilares, cada um com vários anos luz de comprimento.
A famosa imagem do Hubble (abaixo) de 1995 apontava para novas estrelas a nascer, nos pilares, no interior de umas estruturas conhecidas como Glóbulos Gasosos em Evaporação (ou EGGs). Na imagem de luz visível captada pelo Hubble, não era possível ver o interior dos glóbulos e provar se efetivamente novas estrelas estão se formando.
A mais famosa imagem astronômica do século XX, os "Pilares da Criação". Crédito: NASA/Hubble
A nova imagem do Observatório Espacial de Infravermelho Herschel, da ESA, mostra os pilares e o vasto campo de gás e pó à sua volta. Capturada no comprimento de onda do espectro infravermelho, a imagem permite aos astrônomos observar o que está ocorrendo dentro dos pilares e estruturas da região.
Além disto, uma nova imagem de raios-X de multi-energia gerada pelo telescópio da ESA, XMM-Newton, nos mostra as jovens estrelas a esculpir os pilares.
XMM-Newton mostra estrelas quentes da M16 através da visão de raios-X. A imagem foi colorizada em vermelho (0,3 a 1 KeV), verde (1 a 2 KeV) e azul (2 a 8 KeV). O XMM Newton está ajudando na investigação da teoria que a Nebulosa da Águia está sendo energizada por uma remanescente de supernova escondida. Os cientistas estão procurando por sinais de emissão difusa e o quanto esta se espalhou pela região. Esta pesquisa está em andamento. Créditos: ESA/XMM-Newton/EPIC/XMM-Newton-SOC/Boulanger
A combinação entre estes novos dados espaciais do Herschel e do XMM Newton com as imagens no infravermelho próximo do Very Large Telescope, do Observatório Europeu Meridional (ESO), em Monte Paranal, no Chile, e os dados de luz visível do telescópio de 2,2 metros de diâmetro do Max Planck Gesellschaft, em La Silla, Chile, permite-nos ver esta icônica região do céu de uma forma inédita e esclarecedora.
Composição com imagens individuais de vários observatórios fornecem a impressionante nova visão da Nebulosa da Águia: infravermelho distante (far infrared), visível (visible), raios-X (Xrays), visível (visible), infravermelho próximo (near infrared) e infravermelho/média frequência (mid-infrared). Créditos: far-infrared -ESA/Herschel/PACS/SPIRE/Hill, Motte, HOBYS Key Programme Consortium; X-rays - ESA/XMM-Newton/EPIC/XMM-Newton-SOC/Boulanger; optical - MPG/ESO; near-infrared- VLT/ISAAC/McCaughrean & Andersen/AIP/ESO
Nos comprimentos de onda da luz visível, a nebulosa brilha principalmente devido à reflexão da luz das estrelas e ao gás quente que preenche a cavidade gigante, cobrindo as superfícies dos pilares e de outras estruturas de pó.
No infravermelho próximo, o pó torna-se quase transparente e os pilares praticamente desaparecem.
Vídeo mostra multicomprimentos de onda da Nebulosa da Águia:

No infravermelho distante, o Herschel deteta este pó frio e os pilares reaparecem, desta vez, brilhando com a sua própria luz.
Nota-se uma complexa trama de gás e poeira, dando pistas aos astrônomos acerca da forma como interagem com luz ultravioleta forte, vinda das estrelas quentes, tal como se pode ver através do XMM-Newton.
Visão dos ‘Pilares da Criação’ no infravermelho próximo fornecida pelo VLT do ESO: O telescópio de 8,2 metros ANTU do complexo VLT do ESO fotografou os “Pilares da Criação” e suas redondezas nos espectro próximo do infravermelho usando o dispositivo ISAAC. Esta técnica permitiu aos astrônomos penetrar dentro da poeira na busca por estrelas recém-nascidas. A pesquisa dentro dos EGGs (glóbulos gasosos em evaporação), anteriormente detectadas na imagens do Hubble, necessitou da capacidade de infravermelho e resolução do VLT para “ver através” das camadas de poeira e detectar estrelas jovens encapsuladas (dentro de casulos) que residem nas conchas de EGG. Os resultados apontaram que 11 dos 73 EGGs possivelmente contêm estrelas recém-formadas. Créditos: VLT/ISAAC/McCaughrean & Andersen/AIP/ESO
Em 2001, as imagens no infravermelho próximo do Very Large Telescope mostravam que apenas uma minoria dos EGGs poderiam conter estrelas bebés.
No entanto, a imagem do Herschel torna possível pesquisar estrelas jovens numa região muito mais vasta, contribuindo para uma compreensão mais vasta das forças criativas e destrutivas no interior da Nebulosa da Águia.
Infravermelho distante do Herschel: Esta imagem gerada pelo Herschel da M16 foi colorizada em azul (70 mícron) e verde (160 mícron) usando o PACS (Photodetector Array Camera) e em vermelho (250 mícron) usando o SPIRE (Spectral and Photometric Imaging Receiver). Aqui vemos a emissão de calor da fria nebulosa de gás e poeira, inédita até agora. Cada cor mostra uma diferente temperatura da poeira cósmica, desde 10K (10 graus acima do zero absoluto) em vermelho, até 40K em azul. Em infravermelho extremo a nebulosa mostra sua natureza intrincada com vastas cavidades em volta dos famosos pilares, tomando uma forma etérea fantasmal. O gás e a poeira constituem a matéria prima par a formação estelar em andamento nas entranhas desta enigmática nebulosa. Créditos: ESA/Herschel/PACS/SPIRE/Hill, Motte, HOBYS Key Programme Consortium
As primeiras imagens de infravermelho médio, do Observatório Espacial de Infravermelhos da ESA, e do Spitzer, da NASA, e os novos dados do XMM-Newton levaram os astrônomos a suspeitar que uma das quentes e compactas estrelas na NGC 6611 pode já ter explodido, tornando-se numa supernova há seis mil anos, emitindo uma onda de choque que destruiu os pilares. No entanto, devido à distância a que estamos da Nebulosa da Águia (6.500 anos-luz), só poderemos ver esta explosão dentro de algumas centenas de anos.
Imagem dos ‘Pilares da Criação’, captada pelo ISO, no infravermelho médio, na faixa dos 7 mícrons. . Até 1998 o ISO (Infrared Space Observatory) da ESA era o telescópio de infravermelho mais sensível. Créditos: ESA/ISO/Pilbratt et al.
Poderosos telescópios baseados em terra continuam a fornecer imagens impressionantes do nosso Universo, mas as imagens no infravermelho distante, infravermelho médio e no comprimento de onda dos raios-X são extremamente difíceis de obter via dispositivos terrestres, devido ao efeito de absorção da atmosfera da Terra.
Os observatórios instalados no espaço, tais como o Herschel e o XMM-Newton da ESA, têm ajudado a levantar o véu da poeira cósmica, permitindo apreciar a beleza do Universo, ao longo de todo o espectro eletromagnético, invisível aos nossos olhos.
Em regiões ativas como a Nebulosa da Águia, a combinação de todas estas observações permite aos astrônomos um melhor entendimento do complexo e ainda surpreendente ciclo de vida das estrelas.

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